Geral

Edital para bicicletas compartilhadas em Goiânia sai em 30 dias

Wildes Barbosa
Terminal Isidória: plano de mobilidade prevê a integração do transporte coletivo com as bicicletas

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação (Seplanh), promete publicar o edital de chamamento de empresas interessadas em implantar serviço de bicicletas compartilhadas na capital até meados de maio. Oferta semelhante existiu na capital entre 2016 e 2020, que chegou a ter 15 estações na cidade e 20 mil usuários cadastrados. A intenção do Paço Municipal é que a nova oferta tenha ligação com o sistema de mobilidade urbana, especialmente a integração com terminais de ônibus. No entanto, especialistas alertam que é necessário ter uma infraestrutura segura e diversa para os ciclistas.

O chamamento faz parte da política pública para mobilidade urbana, conforme o Plano de Mobilidade de Goiânia (PlanmobGyn), instituído via decreto no último dia 12. Nele também constam a meta de reduzir o uso do veículo particular automotivo e o aumento dos deslocamentos a pé e de bicicleta. Também prevê o aumento da malha cicloviária e a instituição de rotas entre bairros e dentro dos bairros para o uso das bicicletas. No entanto, é provável que o serviço de compartilhamento seja efetivado antes do cumprimento das metas de ampliação das estruturas cicloviárias.

A arquiteta e urbanista e suplente como conselheira federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) Regina Faria de Brito afirma que a entidade vê a política como essencial para Goiânia, já que se trata de uma cidade apta ao uso da bicicleta pela arborização e relevo plano. “Mas precisa de um projeto cicloviário, com as ciclovias e estações acompanhando essa estrutura. Um projeto de mobilidade vai analisar onde cabe fazer essas estruturas”, diz. Ela explica que mesmo em ligações com os terminais de ônibus ou eixos estruturantes, como o BRT Norte-Sul, é preciso haver a estrutura para os ciclistas.

Integrante do Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade, Jean Damas, que já atuou na Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), acredita que a insegurança é o que afasta o usuário da bicicleta. “Goiânia, mesmo com uma rede cicloviária restrita, não tem risco nesses espaços, mas fora das ciclovias é mais arriscado. A pessoa não vai deixar o filho usar a bicicleta para ir à escola se for para ter risco de ser atropelado, mas se tem uma infraestrutura segura, vai ter mais uso”, garante.

Ele conta que a capital tem a quarta maior frota de bicicletas do País, mas é apenas a 24ª em infraestrutura cicloviária, o que mostra a discrepância. “Eu acredito demais no uso da bicicleta, enquanto estava na SMM fizemos contagem em avenidas e era impressionante o número de ciclistas que passavam em uma hora. Então, para funcionar, depende da oferta de infraestrutura, precisa da segurança para o usuário”, diz.

A urbanista Regina Brito acredita que não é difícil para a Prefeitura elaborar um plano cicloviário. “Goiânia já tem seus eixos determinantes, já tem as pistas à disposição, tem agora o Plano de Mobilidade. Não são projetos difíceis de serem feitos, mas é um ano eleitoral, então tem que ser parte de um plano de governo”, considera.

Damas complementa que as cidades que avançaram na questão do uso da bicicleta são as que possuem estrutura, depois vem a educação, a fiscalização e o incentivo. “Em Paris (França), as ruas têm metade do espaço para carros e metade para bicicletas. Em Londres (Inglaterra), tem espaços nas ruas para as bicicletas, igual temos os motoboxes aqui, lá é de bicicleta.”

A divulgação de que o novo chamamento ocorreria até meados de maio foi dada no início desta semana, quando foi explicado que ele será feito em diversas modalidades. Em uma delas, é a Prefeitura vai apresentar 20 locais em que as estações serão implantadas. Segundo a Seplanh, “o edital de chamamento para instalação de pontos de bicicletas compartilhadas na capital está em fase de elaboração, devendo ser concluído e divulgado nas próximas semanas, razão pela qual não é possível informar de forma precisa, neste momento, os locais que irão receber as estações de compartilhamento”.

Na outra modalidade, as empresas deverão indicar os locais em que desejam implantar uma estação de compartilhamento. Ainda não está claro quais serão os critérios de escolha e nem mesmo como vai funcionar o serviço com mais de uma empresa operando na cidade. Para Jean Damas, ter mais de uma empresa é algo positivo, pois haverá mais opções e até maior chance de que alguma consiga investir na cidade até o projeto ficar mais maduro para o uso público.

Por outro lado, ele considera que será importante que ocorra uma integração entre os sistemas de mobilidade para o funcionamento do serviço, visto que seria inviável para o cidadão possuir, por exemplo, mais de um aplicativo para o uso das bicicletas compartilhadas, sem saber qual a empresa detentora de cada estação.

“Normalmente, nas outras cidades, há um monopólio. Aqui não deverá ser assim, o que é bom. Mas é preciso que a Prefeitura faça essa integração, precisamos ver a divulgação do edital para isso”, diz.

Redação
Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI