Esporte

Festa do tri na Argentina começa em ônibus, acaba em helicóptero e frustra fãs

Marcelo Endelli/Getty Images
Multidão em torno do Obelisco, em Buenos Aires

Houve festa, e muita, em Buenos Aires e na região metropolitana da capital da Argentina para celebrar a chegada ao país dos tricampeões mundiais de futebol.

Muita festa e muita, mas muita gente.

A presença de torcedores foi tanta que o carro aberto que levava os jogadores não conseguiu chegar ao Obelisco, no centro da cidade, local de maior concentração dos fãs e onde alguns deles performavam à la Homem-Aranha, escalando o monumento.

De acordo com a agência de notícias AFP, havia de 5 milhões a 6 milhões nas ruas para celebrar o feito argentino na Copa no Qatar.

A segurança, disseram as autoridades que acompanhavam a chamada "caravana da glória", ficou comprometida, e a sequência do percurso do ônibus teve de ser abortada.

Por volta das 16h30, depois de percorrerem lentamente 12 km (o total seria de 70 km) sob forte calor, Lionel Messi e companhia utilizaram helicópteros da prefeitura para retornar ao ponto de origem, as instalações da AFA (Associação de Futebol Argentino) onde estiveram no começo do dia.

O desembarque no aeroporto de Ezeiza, na Grande Buenos Aires, ocorreu pouco antes das 3h desta terça-feira (20).

Messi, astro e capitão da equipe, desceu do avião ao lado do treinador Lionel Scaloni com a Taça Fifa, sua companheira inseparável desde que a recebeu no estádio de Lusail -até dormiu ao lado dela.

Já nas primeiras horas da delegação em solo argentino, durante a madrugada, havia milhares de pessoas querendo festejar os campeões, tanto que o caminho do aeroporto até o centro de treinamento da AFA, também em Ezeiza, foi tomado por torcedores.

Enquanto os atletas tiravam algumas horas de descanso, os fãs começaram a encher os pontos de possível passagem dos campeões, como a praça de Maio e os arredores da Casa Rosada (sede da Presidência), além do Obelisco. Depois, os jogadores partiram para a confraternização com eles.

Para conter o calor de mais de 30°C, jatos de água eram jogados nos torcedores, que não se cansavam de cantar que eram campeões do mundo.

Na praça de Maio, a expectativa pela chegada do ídolo maior, Messi, e dos demais jogadores era grande, e o plano era não arredar o pé até que eles aparecessem e acenassem.

"Vamos ficar aqui o dia todo, ou até que eles [jogadores] cheguem. Maradona veio aqui, e o Messi vai vir também. Eu tenho certeza" disse a auxiliar administrativa Luciana Tadeo, 44, que estava acompanhada do marido e do filho de 5 anos.

Ela fez menção a Diego Armando Maradona (1960-2020), um dos maiores craques da história do futebol, que capitaneou a Argentina no título mundial de 1986, no México.

Só que, para frustração dela e de milhares que trajados de alvicelste que cantavam músicas, gritavam e pulavam sem parar, Messi não apareceu por ali, nem em nenhum ponto da região central de Buenos Aires.

Não por falta de vontade, mas por impossibilidade na mobilidade urbana. A multidão era tamanha no caminho que o ônibus dos jogadores parava, andava, parava, andava, movimentando-se em velocidade mínima.

Houve, então, a mudança nos planos e o acionamento dos helicópteros.

"Os campeões do mundo estão sobrevoando o percurso em helicópteros porque ficou impossível continuar por terra diante da explosão de alegria popular", escreveu em rede social Gabriela Cerruti, porta-voz da Presidência da Argentina.

Chegou a se cogitar a presença dos campeões na Casa Rosada, para que acenassem da sacada aos torcedores, porém, à luz da situação caótica, isso foi descartado.

O presidente da AFA, Claudio Fabián Tapia, ao confirmar o encerramento da caravana, eximiu-se, em post em rede social, de responsabilidade: "Não nos deixam chegar a cumprimentar as pessoas que estavam no Obelisco. Os mesmos órgãos de segurança que nos escoltaram não nos deixam seguir em frente".

O trajeto foi desviado para o parque Roca, a cerca de 15 km do Obelisco, onde os helicópteros aguardavam os atletas.

Em um comunicado, a Polícia Federal argentina disse que um helicóptero "leva a bordo o capitão Lionel Messi, Lionel Scaloni e Rodrigo De Paul, que carregam a Copa do Mundo".

Segundo o texto, eles sobrevoariam o Obelisco e outras áreas de concentração de fãs "para saudar as pessoas" antes do regresso "à propriedade da AFA".

Até o começo da noite, o dia marcado por aglomerações, alegria e uma dose de desapontamento pela falha logística tinha registrado uma morte, de um homem de 24 anos que despencou de um telhado. Outras 31 pessoas precisaram de cuidados médicos.

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