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Especialista explica a importância do Teste da linguinha em recém-nascidos

A língua presa é uma alteração comum presente em alguns bebês desde o nascimento que pode perdurar toda a vida. A má-formação na boca ocorre quando uma pequena porção de tecido, que deveria ter desaparecido durante o desenvolvimento do bebê na gravidez, permanece na parte inferior da língua, limitando seus movimentos. Uma das consequências mais conhecidas é a dificuldade em reproduzir alguns fonemas como T, D, Z, S, N e L. Contudo, o que nem todos sabem é que a consequência da alteração no frênulo não se resume à complicação na fala.
 
Os bebês que nascem com essa alteração sofrem dificuldades ainda na mamada. A criança mama pouco e não consegue sugar e sustentar de maneira adequada no seio o que, muitas vezes, acaba levando ao desmame precoce. Casos assim não são incomuns. Por essa razão, desde 2014, o Hospital Materno Infantil (HMI) e a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, bem como outros hospitais e maternidades das redes públicas e privadas, são obrigados a fazerem o chamado teste da linguinha em recém-nascidos, determinação da Lei 13.002/2014 (que obriga a realização do Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês). O objetivo da observação é detectar se existe alguma alteração no frênulo, membrana que liga a língua à parte inferior da boca.
 
A fonoaudióloga do HMI de Goiânia, Giuliana Caetano Borges, explica que o exame deve ser feito o mais cedo possível para evitar dificuldades na amamentação, possível perda de peso do recém-nascido e, principalmente, o desmame precoce. O teste deve ser realizado por um profissional capacitado, de preferência um fonoaudiólogo, nas primeiras 48 horas de vida neném. “Com base no protocolo de avaliação padronizado idealizado pela fonoaudióloga brasileira Roberta Martinellii, o profissional avalia se há alteração por meio da observação direta do frênulo; da postura da língua durante o repouso, no choro; também pela sucção não nutritiva, que consiste no dedo mínimo enluvado na cavidade oral do bebê; além da sucção nutritiva, ou seja, o bebê sugando diretamente no seio materno. Caso haja dúvida, a análise é repetida 30 dias após o nascimento da criança”, esclarece Giuliana.
 
No HMI, o exame é realizado diariamente desde 2014, quando o teste passou a ser obrigatório e a conscientização a respeito de seus benefícios ganhou destaque. Até agosto de 2016 foram realizadas pela equipe de fonoaudiólogas da unidade aproximadamente 2100 avaliações, média de 270 por mês. Desse número, cerca de 3% de bebês apresentaram alterações no frênulo lingual. “Quando o neném possui essa característica em um grau mais significativo, o tratamento adequado é a frenotomia, procedimento realizado por pediatras e odontólogos, que consiste na separação, por meio de um corte que não causa dor, da membrana que está impedindo o movimento normal da língua”, explica a fonoaudióloga Giuliana. Em alguns casos mais simples de alteração do frênulo, todavia, com a orientação da fonoaudióloga, é possível corrigir o padrão de amamentação com exercícios e adequação da pega da mama.

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