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Litro do leite já ultrapassa os R$ 8 no varejo

Fábio Lima / O Popular
Denise Morais de Souza, manicure e massagista: busca de promoções para comprar leite para o filho

O consumidor anda assustado com o preço do leite, que já chegou a ultrapassar os 8 reais em alguns pontos de venda do varejo e pode subir ainda mais. Isso porque algumas indústrias chegaram a anunciar que este já seria o valor praticado no atacado esta semana. 
O motivo para esta disparada nos preços seria a queda no volume de leite captado nas propriedades rurais do estado e do país nos últimos meses, depois que um crescente número de produtores reduziu a produção ou até deixou a pecuária leiteira.
Dados da Milk Point Mercado mostram que houve uma queda de 23,1% na captação formal em Goiás no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, a segunda maior redução entre os estados produtores. No segundo trimestre, essa queda já teria chegado aos 35%. Com isso, o preço médio ao produtor reagiu e, no último dia 1º de julho, já estava em cerca de R$ 2,73, contra R$ 2,12 no início do último mês de março e R$ 2,26 no mesmo período do ano passado. Por isso, o preço nesta entressafra está 21% acima do registrado na entressafra de 2021.
Mas os valores praticados no varejo subiram bem mais e já ultrapassam os R$ 8 em alguns pontos de venda, de acordo com a Associação Goiana de Supermercados (Agos). De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, enquanto a inflação geral acumulada nos últimos 12 meses é de 12,39% em Goiânia, o litro do leite longa vida já acumula uma alta de 24,5%. 
Um dos motivos, segundo o Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado (Sindileite), seria o aumento no custo de captação do produto, por causa da redução da oferta nas propriedades rurais. “As rotas de coleta ficam mais longas para captação do leite e o custo do óleo entra no transporte”, justifica o presidente do Sindileite, Jair José Antônio Borges.

Ele também ressalta o fato de Goiás ter sido um dos estados com maior queda na produção este ano. “Hoje, o leite no Brasil está entre os mais caros do mundo e nem assim o produtor se sente estimulado a produzir”, destaca. Segundo o presidente do Sindileite, enquanto o produto é vendido por US$ 0,35 na Argentina, já custa US$ 0,70 no Brasil, o dobro do valor praticado no vizinho do Mercosul. 

O presidente da Agos, Gilberto Soares, informou que, no início desta semana, chegou a receber informações de que o litro do leite já seria vendido por R$ 8,02 por um grande laticínio do Estado, enquanto o produto ainda custava até R$ 6,90 em alguns estabelecimentos. Porém, algumas marcas já podiam ser encontradas por até R$ 8,49 no mercado. “Estamos tentando negociar ao máximo com a indústria. Nos últimos dias, os preços subiram muito por conta desta escassez de oferta em todo País. Isso é preocupante por se tratar de um produto que precisa estar na mesa do brasileiro.”

Migração

Um dos motivos para a queda na produção e disparada nos preços foi a migração de muitos produtores para a produção de grãos ou pecuária de corte, depois de um longo período de custos de produção em alta, por fatores como a alta cotação do dólar e escassez de oferta de insumos, e preços do leite em baixa. Mas, apesar da produção ter literalmente despencado, o presidente da Comissão de Pecuária de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faeg), Vinícius Correia, reconhece que a diferença entre o preço pago ao produtor e o cobrado do consumidor no varejo está muito grande hoje.

Ele acredita que, a partir de agora, com os preços em alta, este movimento de migração da pecuária de leite para outras atividades deve diminuir. “O valor pago atualmente é mais remunerador, mas ainda leva um tempo para recompor o longo tempo que ficamos no prejuízo, pois trabalhamos sempre no vermelho nos últimos trimestres e o custo de produção ainda está muito alto”, explica. Mas, como muitas matrizes foram abatidas, não haveria mais vacas para venda no mercado hoje. “Por isso, nos próximos dois anos ainda teremos uma baixa na captação”, acredita Vinícius.

Para o consumidor, só resta pesquisar mais ante de comprar. É que tem feito a manicure e massagista Denise Morais de Souza, que tem procurado valores mais em conta nas redes sociais e trocado informações com as amigas. “Uma vai falando para outra onde tem promoção”, destaca. Com o preço tão alto, ela conta que já pensou até em voltar a comprar leite do leiteiro que ainda passa vendendo em sua rua. “Mas tenho medo, por não saber a procedência.”

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