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Setor de serviços cresce 3,7% em fevereiro e supera nível pré-pandemia, segundo IBGE

Tomaz Silva / Agência Brasil
Brasileiros se sentem desanimados com situação do país

O setor de serviços cresceu 3,7% em fevereiro em relação a janeiro, resultado acima do previsto e que representa uma volta ao período pré-crise. Apesar do bom resultado, a recuperação do setor ainda é desigual e há dúvida sobre sua continuidade diante do recrudescimento da pandemia.

Os dados são da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), divulgada nesta quinta-feira (15) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As pesquisas dos outros dois grandes setores mostraram que a indústria registrou contração de 0,7% e o comércio crescimento de 0,6% em fevereiro, em relação ao mês anterior.

Segundo o IBGE, são nove meses consecutivos de taxas positivas nos serviços. Nesse período, houve crescimento acumulado de 24%, o que supera a queda de 18,6% registrada de março a maio de 2020. Com isso, o setor está 0,9% acima do patamar de fevereiro de 2020.

Na comparação com igual mês do ano anterior, o volume do setor de serviços recuou 2%, completando 12 meses de taxas negativas. A expectativa dos analistas era um crescimento de 1,3% no mês, com queda de 3,5% na comparação anual.

As surpresas positivas no mês vieram dos serviços prestados às famílias, como bares e restaurantes, e do segmento de transportes, principalmente de cargas.

O aumento na circulação de pessoas foi um dos fatores que impulsionou o crescimento do setor de serviços nos primeiros dois meses do ano.

Em fevereiro, apesar do recrudescimento da pandemia, as restrições às atividades eram menores do que as adotadas a partir de março, quando serviços não essenciais deixaram de funcionar em várias regiões do país diante do colapso no sistema de saúde.

Entre as atividades, transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio cresceram 4,4%. O segmento já supera em 2,8% o patamar de fevereiro do ano passado e atingiu seu ponto mais alto da série iniciada em janeiro de 2011.

“Nesse segmento vêm se destacando as empresas que prestam serviço de logística, que já vinham tendo alta expressiva por conta do aumento das exportações de petróleo e do agronegócio e, durante a pandemia, teve uma grande escalada de demanda, devido ao crescimento das vendas no comércio online”, afirma o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

Lobo afirma que o segmento de transporte terrestre, que cresceu 5,5% em relação a janeiro, vem segue trajetória ascendente importante, principalmente devido ao aumento da demanda pelo transporte rodoviário de cargas.

O segmento de tecnologia da informação, com alta de 1,7% no mês, também atingiu o patamar mais alto na série histórica do IBGE.

O segmento que mais sofreu com a pandemia até o momento são os serviços prestados às famílias (como alimentação, entretenimento e hospedagem). Eles cresceram 8,8% de janeiro para fevereiro, o que se deve à base de comparação baixa, segundo o instituto. Ainda estão 23,7% abaixo do nível de fevereiro de 2020.

“Sendo uma das atividades mais afetadas pelas restrições impostas por estados e municípios para enfrentamento da pandemia, serviços prestados às famílias tiveram perdas significativas entre março e maio e ainda oscilam muito, conforme as medidas de isolamento social são relaxadas ou enrijecidas”, afirma Lobo.

São Paulo liderou a recuperação em fevereiro, com crescimento de 4,3%, seguida por Minas Gerais (3,5%), Mato Grosso (14,8%) e Santa Catarina (3,9%). O Distrito Federal teve a retração mais relevante (-5,1%).

Ainda segundo o IBGE, o índice de atividades turísticas cresceu 2,4% em fevereiro, apesar do adiamento no Carnaval, segunda taxa positiva seguida. Mesmo tendo avançado 127,5% de maio de 2020 a fevereiro de 2021, está 39,2% abaixo de fevereiro de 2020.

Sete dos 12 locais pesquisados tiveram expansão do turismo no mês, com destaque positivo para Goiás (9,1%), Minas Gerais (6,8%) e Pernambuco (4,9%) e São Paulo (3,4%). E negativo para Distrito Federal (-8,2%) e Bahia (-2,8%).

Rodolfo Margato, economista da XP, afirma que, enquanto os serviços prestados às empresas estão se recuperando em ritmo moderado, os serviços prestados às famílias continuam a sofrer com medidas de isolamento social, inflação e menor renda disponível. Para ele, esses segmentos devem se recuperar de forma consistente apenas após avanços adicionais na campanha de imunização.

Diante do agravamento da pandemia ao longo das últimas semanas e das medidas de distanciamento social mais rígidas, a XP projeta queda dos serviços de 4,2% em março, acumulando crescimento de 2% no primeiro trimestre, sendo que metade desse resultado se deve ao carrego estatístico favorável do trimestre anterior.

A estimativa da XP para o PIB (Produto Interno Bruto) é de elevação de 0,2% no trimestre encerrado em março e de 3,2% para 2021.

A equipe da Genial Investimentos, do economista José Márcio Camargo, destacou que o IBGE revisou o resultado de janeiro de uma variação de 0,6% para 0,1%.

Segundo a instituição, o segmento de transportes e armazenagem vem sendo puxado pelas empresas de logística por conta do crescimento das exportações e do agronegócio.

Para março, segundo a gestora, praticamente todos os indicares antecedentes apontam redução na atividade do setor de serviços, devido ao agravamento da pandemia, como já apontam dados sobre voos domésticos e as sondagens do setor.

De acordo com o Banco Original, o relaxamento das medidas de isolamento social entre o final de 2020 e o começo de 2021 foi um dos fatores mais importantes para o processo de recuperação do setor, o mais fragilizado pela pandemia.

Em fevereiro, serviços prestados às famílias (bares e restaurantes) e transportes terrestres foram os principais destaques positivos, enquanto telecomunicações e transporte aéreo perderam um pouco de ímpeto, destaca a instituição.

O banco afirma que as perspectivas de recuperação do setor de serviços ainda são positivas, especialmente em meio à expectativa de melhora da pandemia. No curto prazo, no entanto, o aumento do número de casos de Covid-19 pelo país e a retomada do endurecimento das medidas restritivas em março e abril devem pesar negativamente, segundo a instituição.

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