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Prefeito defende ampliação dos serviços da Maternidade Célia Câmara

Sandro Mabel (UB) discute ampliar o perfil de atendimento do Hospital da Mulher e Maternidade Célia Câmara, que está com uma parte considerável da infraestrutura inutilizada, mas descarta conversão para hospital geral

Modificado em 11/02/2025, 16:07

Hospital da Mulher e Maternidade Célia Câmara poderá ter perfil de atendimento ampliado

Hospital da Mulher e Maternidade Célia Câmara poderá ter perfil de atendimento ampliado (Wesley Costa / O Popular)

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), discute ampliar o perfil de atendimento do Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC). Segundo ele, ainda está em avaliação quais outros tipos de atendimentos podem ser feitos no local, que está com mais da metade da infraestrutura sem utilização. Mabel descarta a transformação da unidade em um hospital geral. "Não estamos precisando de hospital geral aqui em Goiânia", disse a reportagem com exclusividade.

Reportagem publicada na edição desta segunda-feira (10) mostrou que a Prefeitura de Goiânia estuda fechar ou mudar o perfil de uma das três maternidades da capital. O intuito é otimizar a rede de atendimento. A avaliação de técnicos da pasta ouvidos pela reportagem é de que duas unidades seriam suficientes para atender a demanda da capital. Mabel vai além: "Hoje, se fossemos ver, no duro, no duro, uma maternidade faz todo o serviço. Com a Dona Iris você faz todo o serviço que Goiânia precisa (...) Para se ter ideia, o centro cirúrgico da Dona Iris tem 83% de ociosidade (...) Precisamos utilizar mais essas estruturas", pondera o prefeito.

Mesmo assim, Mabel aponta que o caminho a ser seguido deve ser o de promover mudanças. "Temos conversado com a Fundahc. O Célia Câmara é um hospital muito grande, que está hoje só como hospital da mulher e está superdimensionado para o que ele faz. Não precisa ser exclusivo para isso. Estamos conversando sobre a possibilidade de conversar a fazer a internação de pessoas do sexo masculino também", afirma.

Isso não significa que a unidade irá se transformar em um hospital geral. "Já viu o tanto de hospital que tem em Goiânia? Goiânia tem hospital de sobra. O que precisamos fazer é isso que estamos fazendo. Utilizar melhor as unidades que nós temos", esclarece. Segundo ele, os outros tipos de atendimento que podem ser oferecidos na Célia Câmara ainda estão em avaliação.

Na última semana, ficou acordado que o contrato entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) irá diminuir de R$ 20,5 milhões para R$ 12,3 milhões por mês, uma redução de 40%. A Célia Câmara é a maior das três unidades e também a que mais custa para os cofres públicos. Atualmente, o repasse é de R$ 10 milhões para o funcionamento do local, mas o valor cairá para R$ 4,1 milhões por mês com o novo contrato.

Mabel destacou que, após a readequação do valor do contrato, a relação da Prefeitura com a Fundahc "melhorou muito". Para conseguir reduzir o valor em 40%, a principal supressão ocorreu nas atividades das maternidades Dona Iris e Célia Câmara. Nas duas unidades, a urgência seguirá em funcionamento, mas os atendimentos eletivos, inclusive as cirurgias, serão suspensos. O cenário não é muito diferente do que já é encontrado atualmente nos dois locais, já que desde o final de agosto de 2024 as maternidades passaram a oferecer apenas atendimentos de urgência e emergência por conta da dívida acumulada por parte da SMS. Atualmente, o débito gira em torno de R$ 200 milhões.

Outras unidades

Questionado sobre as outras unidades, Mabel descarta mudanças drásticas no Hospital e Maternidade Dona Iris (HDMI), que junto com a Célia Câmara é responsável por cuidar de partos de alto risco e acompanhar casos mais complexos. "É a principal (maternidade). Nós estamos é reforçando (a unidade). Inclusive, está vindo um monte de equipamento novo para a Dona Iris", conta. Segundo ele, também não é possível fechar a Célia Câmara e ficar só com a Dona Iris por conta dos leitos intensivos neonatais que estão localizados no hospital da mulher e são estratégicos para a administração municipal.

Mabel também afasta a possibilidade de fechar a Maternidade Nascer Cidadão (MNC), unidade que fica responsável por realizar partos de complexidade mais baixa. "A localização dela é importante para nós", afirma. A reportagem já havia mostrado que a mudança de perfil da unidade tem o potencial de gerar desgaste para a administração municipal, já que a maternidade possui um valor simbólico para os moradores da região Noroeste.

O prefeito explica que a ideia geral é otimizar a infraestrutura dos aparelhos de saúde que já existem em Goiânia, promovendo a ampliação do atendimento ambulatorial, por exemplo. "Estamos avaliando isso na cidade toda. Temos 13 unidades de saúde (de urgência) e bastariam sete. A quantidade de atendimento que temos em cada unidade: 4 mil, 5 mil. É completamente antieconômica (...) Precisamos fortalecer algumas unidades para que elas possam fazer esse serviço complementar (exames e consultas). Muitas vezes, o cara vai ao médico e demora 10 dias para fazer o exame (...) É para dar uma celeridade, uma resolutividade melhor no problema da Saúde", discorre.

Paralisação impactou na Nascer Cidadão

Duas das três maternidades municipais apresentaram dificuldades em promover atendimentos nos últimos dias. Durante a tarde deste domingo (9), os pediatras que atendem na Célia Câmara paralisaram as atividades. Apesar de ter sido temporária, a paralisação impactou na maternidade mais próxima, a Nascer Cidadão, que amanheceu lotada nesta segunda-feira (10). Fotos enviadas a reportagem por pacientes da unidade mostram gestantes em macas no corredor da maternidade. O motivo da paralisação foram os pagamentos atrasados por parte da Fundahc para com a empresa Instituto dos Médicos Intensivistas do Estado de Goiás (Intensipeg), responsável por fornecer médicos especializados em pediatria. Os atendimentos na Célia Câmara foram retomados às 19 horas do domingo, enquanto a situação na Nascer Cidadão se normalizou no período da tarde de segunda.

A Fundahc informou que a Nascer Cidadão está com 100% de ocupação e se esforça para atender a demanda de urgência e emergência. De acordo com a fundação, devido à alta demanda registrada na tarde do último domingo, foi necessário otimizar os espaços de atendimento, "incluindo a utilização provisória de macas e biombos nos corredores". Entretanto, de acordo com a Fundahc, "todas as pacientes que estavam nesses locais já foram realocadas para os apartamentos e centros de parto normal (CPNs)."

Mesmo com a previsão de altas hospitalares para esta segunda, a Fundahc ponderou que "a demanda por novos atendimentos continua elevada, o que mantém a maternidade em sua capacidade máxima" e reforçou que "todos os esforços estão sendo feitos para assegurar um atendimento humanizado e ágil às gestantes e puérperas."

Nos últimos dias, os leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) da Célia Câmara foram esvaziados. De acordo com o painel de monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), nesta segunda, apenas um dos dez leitos de UTI neonatal estava ocupado. Em relação aos 20 leitos adultos, apenas 2 estavam com pacientes.

Em nota, a Fundahc comunicou que a redução da ocupação dos leitos neonatais ocorreu devido a um plano de contingência adotado desde a última sexta-feira (7), que incluiu a transferência de pacientes para outras unidades pela restrição de neonatologistas na unidade, o que foi restabelecido após negociações neste domingo. "Durante esse período, todas as ações foram conduzidas com foco na segurança dos recém-nascidos, garantindo que não houvesse prejuízo na assistência neonatal", reforçou a fundação em um trecho da nota.

Já a redução nos leitos de UTI adulto se justifica por falta de materiais e insumos "que estão sendo contingenciados para atendimento de casos de urgências internas da unidade, não recebendo pacientes externos".

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Prefeitura de Goiânia anuncia contratação emergencial de uma série de serviços para o Samu

Saúde vai contratar emergencialmente novas ambulâncias, motoristas, software, além de equipe para regulação. Pasta promete manter médicos e enfermeiros efetivos

Modificado em 17/09/2024, 16:14

Ambulâncias do Samu deixadas em estado de abandono no Setor Chácara São Joaquim, saída oeste da capital

Ambulâncias do Samu deixadas em estado de abandono no Setor Chácara São Joaquim, saída oeste da capital
 (Wildes Barbosa )

A contratação emergencial de uma série de serviços para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Goiânia deve acontecer ainda em junho. A Prefeitura irá contratar 17 novas ambulâncias, motoristas, software, além de equipe para regulação. Segundo a pasta, os médicos e enfermeiros efetivos serão mantidos. O Samu é um dos grandes gargalos da rede municipal e atualmente funciona de forma precarizada, principalmente por conta da falta de veículos.

No dia 29 de maio, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) publicou no Diário Oficial do Município (DOM) um aviso de cotação para a contratação direta em caráter emergencial de empresa especializada na prestação de serviços em tecnologia para implementação, capacitação, manutenção e informatização das centrais de regulação do Samu. O contrato tem duração de 180 dias.

O documento também prevê a locação de ambulâncias com condutor, além da disponibilização de recursos humanos, como médicos e enfermeiros, o que causou a reação negativa dos profissionais que integram o serviço. Eles organizaram uma assembleia geral com indicativo de greve para discutir o que consideram como uma terceirização do serviço. O encontro ocorrerá nesta quarta-feira (12), na sede do Samu, no Jardim Novo Mundo.

O secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, defende que não existe uma terceirização do Samu pois nem todos os serviços sofrerão alteração. "Não vamos mexer no Samu inteiro", afirma. Segundo ele, além do aluguel de ambulâncias com condutores, a pasta irá contratar um serviço de software que será utilizado na parte de coordenação e regulação do serviço. Também serão contratados médicos reguladores, Técnicos Auxiliares de Regulação Médica (Tarms) e rádio-operadores. Esses profissionais atuam na regulação do serviço.

De acordo com a SMS, a existência de uma cotação dos serviços de médicos e enfermeiros não significa que, necessariamente, eles serão contratados. Pollara promete que os profissionais dessas categorias que atuam no Samu serão mantidos. Atualmente, o contrato emergencial está na Procuradoria, sob avaliação. Internamente, a expectativa é de que todos os procedimentos sejam concluídos e ele seja publicado ainda em junho.

Tensão

Na SMS, o clima é de insatisfação com os servidores do Samu. Ao jornal, Pollara já chegou a falar que o serviço "criou uma personalidade própria", o que faz com que a Prefeitura "não tenha autoridade lá". Nos bastidores, circula a informação de que profissionais do serviço estão faltando plantões, principalmente médicos. No início de março, a SMS chegou a mudar a coordenação do Samu. Entretanto, servidores da pasta apontam que nem isso fez com que a ingerência sobre o serviço diminuísse.

O presidente da Associação dos Servidores do Samu de Goiás, Jeferson Ferreira, defende a categoria. "O pessoal vai para o plantão e faz o que pode", diz. Entre os trabalhadores do Samu, o sentimento é de insatisfação e desmotivação por conta do sucateamento de viaturas, além de problemas com o abastecimento de insumos e equipamentos. "Faltam até pás para desfibriladores", relata Ferreira.

Desde que assumiu a pasta, em outubro passado, Pollara afirma que tem feito movimentações para tentar solucionar o problema do Samu. As ações incluíram desde mudanças na coordenação do serviço até um convite para que o médico Marcelo Takano, que atuou no Samu de São Paulo, fizesse um diagnóstico da rede. "Disse que o que está faltando aqui é tecnologia e modernidade", explica o secretário.

Pollara acredita que com as mudanças o serviço ficará mais rápido e conta que ele será chamado de Samu Três Toques. "Não vai poder tocar mais de três vezes sem você ser atendido", enfatiza. Ele também aposta que o serviço ficará mais tecnológico, com atividades de telemedicina e, por exemplo, o uso de comunicação por satélite nas ambulâncias. Segundo servidores do Samu, o serviço de Goiânia já conta com um aparato tecnológico que integra a parte da regulação com os profissionais que estão na ponta, sendo que eles podem consultar informações de ocorrências no próprio celular.

Recursos

No final de janeiro deste ano, a TV Anhanguera revelou que uma auditoria realizada pelo Ministério da Saúde entre janeiro de 2022 e junho de 2023 mostrou a possibilidade de uma fraude relacionada à operação das ambulâncias do Samu. A auditoria constatou que, durante esse período, sete ambulâncias ficaram paradas, mas tiveram a produção de outras viaturas lançadas como se fossem delas. O valor recebido indevidamente por essa produção fantasma seria de R$ 2,1 milhões. Na ocasião, a auditoria recomendou que o dinheiro fosse devolvido e que o custeio das sete ambulâncias com irregularidades fosse suspenso.

Segundo a pasta, atualmente 17 ambulâncias estão credenciadas junto ao Ministério da Saúde. Porém, Pollara afirma que a maior parte dos recursos para o funcionamento do serviço vem da Prefeitura. O secretário defende que, com o novo modelo, os custos com o Samu irão diminuir. Segundo ele, é gasto aproximadamente R$ 1 milhão por mês com a manutenção de ambulâncias e esse valor será reduzido para R$ 780 mil.

Questionado sobre a escolha de um contrato emergencial em detrimento de uma licitação, já que a situação do Samu está grave há meses, Pollara esclareceu que a medida foi necessária porque o quadro piorou recentemente. "Passamos dois domingos sem médicos no plantão", frisa. De acordo com ele, a intenção é promover um processo licitatório posteriormente.

Motoristas

Segundo a SMS, os motoristas que estão no Samu serão realocados no Serviço de Atendimento ao Transporte Sanitário (Sats) sem sofrer perda salarial. Atualmente, o Sats conta com 106 motoristas e 20 ambulâncias, mas a SMS não detalhou se todos os veículos estão funcionando. A ideia de Pollara também é reestruturar o Sats, para que o Samu deixe de fazer os transportes sanitários, função que desempenha atualmente.

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Onze linhas de ônibus têm trajeto alterado durante obras na Avenida 85; veja quais

Mudanças vão até o dia 8 de maio

Modificado em 17/09/2024, 16:13

Mudança em linhas se devem às obras de requalificação asfáltica na Avenida 85

Mudança em linhas se devem às obras de requalificação asfáltica na Avenida 85 (Wildes Barbosa)

A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) alterou 11 linhas de ônibus da capital durante as obras de recapeamento na Avenida 85. As mudanças vão até o dia 8 de maio. Os pontos das linhas de transporte público afetadas serão transferidos para a Avenida Cora Coralina.

Conforme informações da Prefeitura de Goiânia, a partir desta quinta-feira (2), as avenidas 85 e Perimetral Norte passarão por obras de reconstrução asfáltica, resultando no bloqueio do trânsito nos trechos em obras.

A obra será dividida em três trechos: da Praça Cívica até a Praça do Ratinho; da praça até a T-11; e da T-11 até a T-62. A prefeitura informa que o trânsito será reduzido para uma faixa nos locais onde ocorrerá a intervenção.

Equipes da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) estarão presentes para orientar o trânsito, e sinalizações indicativas serão instaladas no local. Segundo a prefeitura, o trabalho deve ser concluído até o dia 30 de agosto.

Confira as linhas afetadas

004- T. Garavelo / Eixo T-9 / Centro;
008 - T. Veiga Jd. / Eixo 85 / T. Paulo Garcia;
017 - T. Cruzeiro / Centro / T. Paulo Garcia;
019 - T. Cruzeiro / T. Bíblia;
035 - T. Garavelo / Eixo T-63 / T. Paulo Garcia;
175 - T. Bandeiras / T. Bíblia - Via T-63;
277 - T. Cruzeiro / Pq. Amazonia / T. Paulo Garcia;
601 - Jd. Tiradentes / Centro; * Modo Operacional 04
602 - Colina Azul II / Centro; * Modo Operacional 04
603- Ind. Mansões / Centro / Via T-10; * Modo Operacional 04
919 - T. Bíblia / Av. T-10 / T. Isidória -- IDA

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Três maternidades de Goiânia suspendem cirurgias e consultas por falta de pagamento da prefeitura

Pacientes voltam pra casa sem atendimento. Fundação alega que falta de repasse financeiro prejudica o funcionamento das unidades e somente os atendimentos de urgência e emergência estão sendo realizados

Modificado em 19/09/2024, 01:07

Fachada da Maternidade Nascer Cidadão em Goiânia

Fachada da Maternidade Nascer Cidadão em Goiânia
 (Reprodução/Prefeitura de Goiânia)

A Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Fundahc), que administra três maternidades de Goiânia, suspendeu cirurgias e atendimentos eletivos a partir desta segunda-feira (18). Somente os atendimentos de urgência e emergência estão sendo realizados.

Pacientes que foram até as maternidades hoje voltaram para casa sem atendimento. A Fundação alega que a falta de repasse da Prefeitura de Goiânia prejudica o funcionamento das unidades.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que "tem feito o possível para realizar os pagamentos para a Fundach" (leia nota da SMS na íntegra ao final da matéria).

A Fundahc informou que os atendimentos estão suspensos até que os repasses sejam feitos pelo município.

O motivo da suspensão de cirurgias eletivas e alguns procedimentos não emergenciais se deve aos atrasos nos repasses financeiros por parte da SMS, que somam mais de R$ 43 milhões nos últimos três meses, segundo a Fundahc.

Ao todo, três unidades são administradas pela fundação, sendo elas o Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara, no Conjunto Vera Cruz, o Hospital e Maternidade Dona Iris, na Vila Redenção, e a Maternidade Nascer Cidadão, no Jardim Curitiba.

Essas unidades são responsáveis por mais de mil partos por mês, mais de 17 mil exames e cerca de 3,4 mil consultas, além de quase 6 mil atendimentos de urgência e emergência.

De acordo com a diretora executiva da Fundahc, Luciene de Sousa, o único repasse feito pela pasta ocorreu na última quarta-feira (13), no valor de R$ 5 milhões.

Chegamos à situação caótica que somente hoje foi feito o pagamento dos salários dos colaboradores das três maternidades. Continuamos uma série de ações ainda sem pagamento, especialmente os fornecedores, situação que impacta no funcionamento. É essa a situação que se arrasta e torna totalmente inviável a sobrevida dessas três maternidades, disse a diretora.

Nota da SMS na íntegra:

A respeito dos questionamento feitos em relação aos pagamentos à Fundach, a Secretaria Municipal de Saúde esclarece que tem feito o possível para realizar os pagamentos para a Fundach.

O total em aberto é de R$ 43.347.902,315. O restante dos valores, alegados em atraso pela fundação, se refere ao passivo trabalhista, caixa para custeio de despesas como demissões e férias, não tem relação com a manutenção das maternidades.

Este ano, já foram repassados à fundação um total de R$ 138.062.205,00. Em 2022, foram R$ 147.131.735,00.

Desde o final da pandemia, os governos federal e estadual não enviam recursos para o custeio das maternidades, portanto, todas as três maternidades vêm sendo mantidas com dinheiro do Tesouro Municipal.

As três maternidades funcionam em sistema de porta aberta, não há necessidade de regulação, com isso, atendem pacientes de vários outros municípios goianos. No HMDI, por exemplo, 30% das pacientes são da grande Goiânia e todos os custos são bancados pela capital.

Por meio da comissão, formada para que se fosse feito um ajustamento se valores, os planos de trabalho das maternidades HMMCC e NC ( Fundach alegou que já há um plano vigente no HMDI) foram redesenhados para que os serviços e valores possam ser adequados conforme realidade pós pandemia.

A proposta foi enviada à Fundach que, após avaliação, já fez a devolutiva que passa por uma análise final da SMS. O diálogo com a Fundach não foi interrompido, inclusive na última terça-feira ocorreu uma reunião entre membros da Fundação e da gestão municipal.

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)

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Famosos

Mônica faz 60 anos com comportamento e aparência modificados pelo tempo

Líder da turma mais famosa do Brasil foi apresentada aos leitores em sua primeira tirinha no dia 3 de março de 1963

Modificado em 19/09/2024, 00:10

Em 3 de março de 1963, um Cebolinha meio mal-educado tentava se equilibrar na sarjeta quando encontrou pela frente uma menina com seu bichinho de pelúcia favorito. Mandou-a sair dali e, como resposta à falta de jeito, ganhou uma coelhada na cabeça.

Foi assim que Mônica, líder da turma mais famosa do Brasil, foi apresentada aos leitores, em sua primeira tirinha que nesta sexta (3) completa 60 anos de existência. Muita coisa mudou de lá para cá. Por exemplo: sua aparência ficou mais redonda, para ser animada com mais facilidade pelos computadores, e ela hoje em dia já não bate em mais ninguém.

Sinal dos tempos, conta Mauricio de Sousa, o pai da Mônica dos quadrinhos e da Mônica da vida real. Inspirado nos trejeitos e no rostinho de sua filha, que na época tinha quase três anos de idade, ele desenhou a menina que lhe daria fama e que faria tantas gerações de leitores felizes.

Em uma entrevista exclusiva para a reportagem, ele fala sobre como o processo de entender melhor o que é ofensivo, com a ajuda do "politicamente correto", ajustou o comportamento da Mônica, diz por que acha que ela teve uma vida tão longa, e adianta o que a personagem pode sonhar e correr atrás de ser quando crescer.

Aliás, está aí uma possibilidade, diz Mauricio. Depois da Mônica Jovem, criada em 2008, a Mônica Adulta faz parte dos planos do desenhista e de sua equipe. É aguardar para ver.

*

PERGUNTA - Como foi para você o nascimento da sua filha Mônica? E como você escolheu o nome dela?

MAURICIO DE SOUSA - Mônica foi minha segunda filha. Eu já tinha a Mariângela. Era um momento em minha vida de muita luta para conseguir viver como desenhista. O nascimento de um filho é mágico, e sabia que ela me daria forças para continuar a lutar pelos meus sonhos. Mais tarde vi que ela sempre participou de meus sonhos.

O nome Mônica foi em homenagem à atriz italiana da época, Monica Vitti. Eu adoro o cinema italiano dos anos 1960.

P - Ela tinha dois anos e meio quando você se inspirou nela para criar sua primeira personagem menina. Por que desenhar sua filha e não outra menina aleatória?

MS - Meus amigos da redação do jornal me perguntaram por que não havia meninas nas historinhas do Cebolinha. E eu também me perguntei isso. Como desenhava em casa, minhas filhinhas brincavam ao lado. Olhei para elas e logo me inspirei no jeitinho delas.

A Magali comendo uma melancia enorme, a Mariângela boazinha brincando em outro canto, e a Mônica, com um coelhão que eu dei para ela correndo de um canto para outro. Então não criei nada. Estava tudo lá ao meu lado. Surgiram então a Magali, a Maria Cebolinha e a Mônica.

P - Por que os dentes da Mônica são grandões?

MS - Quase toda criança tem os dentes da frente maiores. Minha filha tinha também, digamos, mais do que o normal. Destaquei no desenho. Depois as crianças crescem e isso fica em segundo plano.

P - Por que você achou legal dar um coelho de pelúcia para a Mônica dos quadrinhos?

MS - Como disse, eu tinha dado de presente para a Mônica um coelhão de palha amarelo, já naquele momento dos três aninhos. Então só incorporei à personagem com ele um pouco menor. A cor azul foi para contrastar melhor com o vestido vermelho.

P - A Mônica de verdade também só usava roupas vermelhas? Por que você escolheu dar só vestidinhos iguais para a Mônica dos quadrinhos?

MS - Minha filha sempre gostou de roupas vermelhas. Aí apliquei na personagem. Personagem de quadrinhos sempre fica com a mesma roupa para ser identificado.

P - E de onde vem a força da Mônica?

MS - Aí juntou o jeitinho dela de personalidade forte, liderança natural e força mental para que passasse isso nas historinhas. Funcionou muito bem.

P - Grandes meninas dos quadrinhos também fizeram muito sucesso, como a Mafalda [personagem argentina de 1964] e a Luluzinha [personagem americana de 1935], mas nenhuma delas chegou aos 60 anos com tirinhas novas. A que você atribui essa vida longa da Mônica?

MS - Em primeiro lugar porque eu me inspirei em alguém real. Depois porque comecei a montar uma equipe para poder produzir mais e nunca perder a visão de que leitores querem bastante criatividade, sempre, e a cada momento exigem mais. Acho que conseguimos isso nestes muitos anos de vida do estúdio.

P - Ainda falando sobre Luluzinha e Mônica: as duas sempre tiveram que lidar com meninos enxeridos. Como e por que você decidiu colocar isso nas histórias da Mônica?

MS - Na infância são naturais as briguinhas e as amizades mais próximas. Basta observar qualquer criança, mas em nossas historinhas essas briguinhas são sempre resolvidas com a ideia de saber conviver com as diferenças de cada um. Por isso sempre terminam como amigos apesar das diferenças.

P - Você acha que hoje em dia a relação da Mônica com os amigos meninos é diferente?

MS - A sociedade vai evoluindo e a discussão de como vivemos também vai. Hoje temos o politicamente correto que nos diz o que é uma ofensa e que antes passava batido. Estamos atentos a isso, e por esta razão nas historinhas da turminha clássica a Mônica apenas roda o coelhinho, mas não mais aparece batendo nos meninos.

P - Eles pararam ou vão parar de falar da aparência dela?

MS - Sim, pela mesma razão.

P - Você modificou algo da Mônica ao longo desses 60 anos porque os leitores e a sociedade foram de certa forma pedindo?

MS - As modificações foram mais no visual porque fomos adaptando a personagem às novas plataformas de comunicação nas animações, por exemplo. Uma personagem mais arredondada facilita a animação em 3D. Na personalidade não houve grandes mudanças. Amenizamos apenas para acompanhar as mudanças comportamentais da sociedade.

P - As mães das meninas da Turma não tiveram uma carreira além de dona de casa. Você acha que dá para a Mônica sonhar em ter uma profissão e uma carreira?

MS - A Mônica e seu estilo de liderança inspira as meninas para que se valorizem mais e tenham sonhos que possam realizar. Claro que a Mônica adulta será assim. Na turma da Mônica Jovem já percebemos esta evolução.

P - O que você acha que a Mônica quer ser quando crescer?

MS - Qualquer profissão que exija força e liderança. A minha filha real é nossa diretora comercial e está no lugar certo. Acho que a Mônica personagem pode ir para o mesmo caminho. Vamos ver o que poderá acontecer quando produzirmos a Mônica adulta. Está em nossos planos.

P - Como você acha que a Mônica inspirou e segue inspirando outros desenhistas?

MS - Assim como me inspirei em desenhistas como Will Eisner, do personagem Spirit, que depois virou meu amigo, todos desenhistas precisam de inspiração em seus pares para crescerem.

Com nossa série de Graphics, onde passamos para desenhistas brasileiros desenvolverem como seriam nossos personagens em seus próprios estilos, podemos perceber, pelo sucesso da série, que a Turma da Mônica inspira muitos deles até hoje.

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