Esporte

Antes forte em casa, Atlético-GO faz campanha fraca como mandante no Brasileirão

Wesley Costa
Maguinho (D), do Atlético-GO, e Matheuzinho, do Corinthians, no jogo em que o Dragão obteve seu único ponto em casa

O Atlético-GO sofreu para empatar com o Corinthians (2 a 2) e somar o primeiro ponto como mandante na Série A. Dos cinco pontos conquistados, quatro foram garantidos como visitante. Após oito partidas, quatro delas disputadas em Goiânia, o Dragão tem uma das piores campanhas da competição quando o assunto é mando de campo.

No Brasileirão, Atlético-GO, Cuiabá e Vitória estão na lista dos que não venceram em casa - Palmeiras, que em contrapartida é o melhor visitante, e Criciúma também não. Isso preocupa, pois, pelas projeções internas, o clube teria de estar numa posição melhor (está na zona de rebaixamento) e com melhor rendimento em casa. De 12 pontos disputados como mandante, o Dragão ganhou só 1 (8,3% de aproveitamento).

O “sarrafo da Série A subiu”, como é dito internamente, mas é preciso elevar o patamar de competitividade, ter força menta e capacidade de reação para se manter na elite nacional.

Na Série A, nos jogos em casa, o Atlético-GO perdeu para Flamengo (2 a 1, no Serra Dourada), São Paulo (3 a 0) e Cruzeiro (1 a 0) e teve empate com o Corinthians (1 a 1), no Estádio Antônio Accioly. É verdade que foram jogos contra adversários de tradição, camisa, maior poder de investimento e que ganharam títulos nacionais, mas perturba o fato de que os resultados poderiam ser melhores como anfitrião.

Criado nas categorias de base do Atlético-GO, Júlio César Garcia foi campeão goiano de 1988 e da Série C de 1990 pelo clube antes de se transferir para o Flamengo e ganhar o Brasileirão de 1992. Para ele, o problema é o “nervosismo” quando as jogadas não fluem, o gol não sai e a vitória não vem.

“Isso acaba pesando. O time tem pecado em alguns jogos. Aí, começam as cobranças”, cita Júlio César, que viveu situação semelhante quando chegou ao Flamengo, em 1992. “O time não vencia havia cinco rodadas. Houve uma reunião interna, todos falaram, houve uma cobrança forte e quase teve briga”, lembrou o ex-jogador. Depois das falas de cada atletas, a equipe conseguiu encontrar o rumo e já venceu o Corinthians, fora.

Júnior Pezão também conhece a atmosfera das cobranças e desconfianças geradas quando o resultado não é positivo. Ex-zagueiro campeão do Goianão 1985 e, como técnico, campeão da Divisão de Acesso pelo Atlético-GO em 2005, o treinador cita uma situação com que o Dragão precisa lidar: a força da concorrência. “O Atlético-GO enfrenta adversários com poder de investimento maior, os chamados ‘tubarões’, com elencos superiores, compostos por atletas experimentados na Série A”, lembrou.

Para o ex-jogador, o Atlético-GO faz “uma competição de permanência” na elite e terá de buscar forças para fazer frente aos grandes times. Assim como Júlio César, Pezão entende que “o lado emocional é importantíssimo”, é preciso que os mais experientes assumam a liderança e os mais novos entendam a dimensão da competição que disputam. “Quando a bola não entra, há cobranças e o jogador sente”, explica o ex-zagueiro.

Segundo Pezão, é momento de superação e de também ter a consciência de que o Dragão terá de ser pontual e decisivo contra Cuiabá, Criciúma, Vitória, Juventude e algum clube que estiver numa fase ruim quando medir forças com o time atleticano.

“É preciso recuperar a personalidade como um todo, não se entregar”, recomenda Júlio César. Na visão dele, os atletas têm que assimilar rápido a dinâmica de cada jogo e resultado. Um exemplo, citado por ele e por Junior Pezão, é o meia Shaylon, que se abateu após errar pênalti na estreia, contra o Flamengo. Bola na trave com 1 a 1 no placar. No empate com o Corinthians, Shaylon converteu a cobrança de uma penalidade nos acréscimos. “Tirou um peso”, acreditam os dois ex-jogadores.

Júlio César lembrou que o time sentiu a primeira semana de Série A. Perdeu para o Flamengo em Goiânia, foi batido pelo Botafogo no Rio e, em casa, foi goleado pelo São Paulo (3 a 0). Foi um momento de fraqueza. Depois, conseguiu reagir fora, ao empatar com o Inter (1 a 1).

“Não vejo o Atlético-GO como um time fraco. Teve um bom conjunto no Campeonato Goiano. Precisa readquiri a confiança”, afirmou Júlio César. “Contra o Corinthians, jogou melhor, mais saiu atrás (2 a 0). Pensei que perderia. Teve o gol contra (de Cacá, do Corinthians), ganhou confiança, empatou e poderia ter vencido”, lembrou Júnior Pezão.

No campo dos números, o Dragão se caracterizou, até o início da Série A, como um time praticamente imbatível como mandante. Ficou invicto, em casa de 23 de junho do ano passado (na Série B de 2023, quando venceu a Ponte Preta por 1 a 0) até 7 de abril de 2024, na conquista do tri do Goianão (vitória de 3 a 1 sobre o Vila Nova, na final), sem perder nenhuma vez no Accioly.

Foram mais de 20 jogos de bons resultados, o acesso à Série A, o título do Estadual e a sequência de 15 vitórias seguidas (recorde do clube) levando em conta todas as partidas.

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