A espera pelo retorno de Renato Kayzer foi compensada pelo bom aproveitamento dele na partida em que o Dragão empatou de 1 a 1 com o Fluminense, no Maracanã, na quarta (2). Ele marcou gol que trouxe alívio ao clube, fez uma cobrança de falta perigosa e criou boa jogada na qual passou pelo volante Hudson, mas foi barrado pelo adversário com falta - o lance resultou na expulsão do atleta do Tricolor, fato que deu ao Dragão ânimo para pressionar e dominar o adversário no segundo tempo.
Desde o início da Série A do Brasileiro, o Atlético-GO sentiu a ausência de um atacante de área letal, oportunista, capaz de incomodar as defesas adversárias e aproveitar as poucas chances criadas durante um jogo. Hyuri fez um gol na estreia (3 a 0 sobre o Flamengo), mas não é especialista na função. Júnior Brandão teve chances, mas perdeu chance valiosa no empate com Sport (1 a 1). Os dois jogadores atuaram enquanto Renato Kayzer, o titular da posição, estava em processo de recuperação de lesão muscular.
Na temporada 2020, os números provam a importância de Renato Kayzer ao time atleticano. Artilheiro do Dragão, o atacante tem oito gols em onze partidas disputadas - dessas, pra ser poupado e evitar desgaste físico, foi substituído ou entrou no decorrer de seis delas. Com essa marca, já supera os sete gols marcados por ele na Série B 2018, em 33 partidas. Dessa passagem, a melhor lembrança é o gol feito na reabertura do Estádio Antônio Accioly, no dia 18 de agosto (1 a 0 sobre o Coritiba). Quando teve o goleador em campo em 2020, o Atlético não perdeu nenhuma vez. A maior parte dos gols (sete) foram registrados no Estádio Olímpico, mas o de quarta (2), após um mês de ausência do time, foi no Maracanã e selou retorno que o jogador aguardava ansioso. Aliás, também teve de procurar ajuda de uma teraeuta pra lidar com as crises de ansiedade. No Rio, segundo ele, o que mais pesou foi suportar os dois tempos, pois não atuava desde 29 de julho.
“Fico muito feliz. Fiquei muitos dias de fora. Mas a dor psicológica era maior que a física quando estava de fora. Muito feliz por ter feito o gol. Quero parabenizar a entrega do elenco. Agora, é levantar a cabeça, seguir e temos outro jogo importante no fim de semana, em casa”, disse o artilheiro, na sala de imprensa do Maracanã, após a partida. Segundo ele, o “time foi aguerrido e todo mundo combinou que não perderia” o jogo. Pacto feito, pacto cumprido. Agora, a equipe precisa pontuar e sair das últimas posições na Série A. Esperava-se que Renato Kayzer fosse substituído, por causa do tempo sem atuar, mas ele resistiu e terminou a partida, com “muitas dores”, mas “muito feliz.” Nesta sexta (4) e sábado (5), ele terá mais um tempo para aprimorar a forma física antes do jogo com o Grêmio.
A “dor psicológica” do jogador, misturada à emoção do retorno, resultaram em lágrimas na entrevista por videoconferência ao ser indagado pela reportagem do POPULAR. “É uma emoção grande fazer (gol) num estádio conhecido mundialmente. Quero agradecer a todos que ajudaram na minha recuperação. Quando tive a lesão, eu me desmotivei um pouquinho, por questão de estar bem, antes, com ritmo de jogo. Estava muito bem fisicamente. Houve muita gente por trás da minha recuperação”, disse o atacante. “Tive muita gente por trás na minha recuperação, minha família. Antes de vir pro jogo, falei com meu filho (Enrico). Ele me disse que eu era herói dele (choro). Desculpa...”
No Atlético, Renato Kayzer é definido pelo presidente, Adson Batista, como jogador muito comprometido e interessado em jogar pelo clube. Mantê-lo no futuro não é fácil, pois está vinculado ao Cruzeiro desde 2018. O dirigente vê como “muito prematuro” falar na possibilidade de um investimento do clube no jogador, mas não nega a identidade dele com o clube. Numa semana conturbada, de desentendimentos entre o meia Jorginho (ficou fora da viagem ao Rio) e o técnico, Vagner Mancini, o retorno de Renato Kayzer com gol, o bom resultado (1 a 1) e a boa atuação melhoraram o ambiente interno do Dragão.
