Esporte

Atletas goianos iniciam busca por medalhas nas Paralimpíadas-2024

Alessandra Cabral/CPB
Adria Silva, do vôlei sentado, vai para sua quarta edição de Paralimpíada

LUIZ FELIPE MENDES

Nesta quarta-feira (28), a partir das 15 horas, na Avenida Champs-Élysées e Praça La Concorde, em Paris, a cerimônia de abertura dá início aos Jogos Paralímpicos, que terão a presença de seis atletas goianos em meio à delegação brasileira.

Em comparação com as Paralimpíadas de Tóquio-2020, disputadas em 2021, o número de atletas goianos caiu mais do que a metade. Naquela edição, eram 13 goianos, sendo três do vôlei sentado, três do tiro com arco, duas do tênis de mesa, dois da natação, um do ciclismo, uma da bocha e um do atletismo.

Rodrigo Parreira (atletismo), Carlos Alberto Gomes (ciclismo), Jane Karla (tiro com arco), Adria Silva e Nurya de Almeida (vôlei sentado) estiveram em Tóquio e estarão em Paris. Raysson Ferreira (vôlei sentado) é o único novato. Ercileide da Silva (bocha), Lethicia Rodrigues (tênis de mesa), Millena França (tênis de mesa), Rejane Cândida (tiro com arco), Helcio Perillo (tiro com arco), Ruiter Silva (natação), Vanilton Filho (natação) e Jani Freitas (vôlei sentado) não conseguiram os índices ou não estiveram entre os convocados.

Como ocorreu em Tóquio, as Paralimpíadas de Paris receberão quatro atletas que não são goianas, mas atuam por entidades do Estado. São todas do vôlei sentado. Luiza Fiorese, Pâmela Pereira e Camila de Castro estiveram na última edição e foram novamente chamadas. Edwarda Oliveira é mais uma na equipe.

O médico Marcelo Machado, do atletismo, e o auxiliar Henrique Junqueira, do tiro com arco, são goianos e estarão nas comissões, assim como o paraibano José Agtonio, técnico da seleção masculina de vôlei sentado, que trabalha em Goiás.

Números

As Paralimpíadas de Paris serão disputadas entre 28 de agosto e 8 de setembro. O Brasil inscreveu 280 atletas, com 255 esportistas com deficiência, 19 atletas-guia (sendo 18 do atletismo e um do triatlo), três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo.

O Brasil terá atletas em 20 das 22 modalidades, ausente apenas no basquete em cadeira de rodas e no rúgbi em cadeira de rodas. O país tem forte representatividade na competição. Em Tóquio-2020, por exemplo, o Brasil ficou em 7º lugar no quadro geral de medalhas, com 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes. Neste ano, a projeção é de que o desempenho mantenha o nível, inclusive com a presença dos goianos

Natural de Goiânia, Jane Karla, de 49 anos, é uma das favoritas no tiro com arco composto feminino. Esta será a sua 5ª participação em Jogos Paralímpicos, após disputar o tênis de mesa em Pequim-2008 e Londres-2012, além do tiro com arco no Rio-2016 e Tóquio-2020.

No Mundial de Tiro com Arco Paralímpico, em 2023, Jane Karla garantiu duas medalhas de prata e uma de bronze e chegou a liderar o ranking mundial de maneira provisória. Em Paris, ela vai em busca de um pódio inédito - seu melhor resultado foi no individual do Rio-2016, quando terminou em 5º lugar.

“É o sonho de todo atleta chegar em um momento tão importante, que são as Paralimpíadas. É um grande orgulho representar o nosso Brasil em uma competição tão grandiosa. A expectativa é boa, é claro, estamos sempre lutando em busca de um grande resultado. Venho me preparando forte, participei de muitas competições, conquistei grandes resultados e espero conseguir manter esse ritmo e conquistar uma medalha”, declarou.

Em Paris desde o dia 21 de agosto, após uma semana de aclimatação (adaptação) na Itália, a arqueira goiana vem treinando desde então e fará o seu ranqueamento no sábado (29), às 8 horas, no horário de Brasília. Jane Karla faz parte da categoria Open, para atletas com deficiência em um membro (superior ou inferior) ou ainda em dois membros (inferiores ou superior e inferior de um mesmo lado).

O vôlei sentado conta com outros três atletas naturais do estado de Goiás - Adria Jesus da Silva e Nurya de Almeida Silva, no feminino, e Raysson Ferreira, no masculino. Adria, de 41 anos, vai disputar a sua 4ª Paralimpíada, depois de faturar o bronze em 2016 e em 2020. Na Copa do Mundo da modalidade, em 2023, o Brasil também ficou com o bronze.

“É viver um sonho. Estou muito feliz em representar o meu país novamente. É um evento grandioso, sonho de qualquer atleta, cada participação é única. As chances são boas. A equipe está bem preparada, queremos muito esse ouro”, comentou a goianiense, que faz parte da classe VS1, para atletas com deficiências mais severas e que têm maior impacto nas funções essenciais do vôlei sentado, como amputados de perna, caso de Adria.

O Brasil está no Grupo B do vôlei sentado feminino e vai estrear no sábado (29), às 7 horas, no horário de Brasília, contra Ruanda. Depois, o time enfrenta o Canadá na outra segunda-feira (31), às 13 horas, e fecha a fase de grupos diante da Eslovênia, no dia 2 de setembro, às 9 horas.

No naipe masculino, Raysson está nas alturas com a possibilidade de participar dos Jogos Paralímpicos pela 1ª vez na carreira. Natural de Goiânia, o jogador de 24 anos fez um período de aclimatação em Troyes, na França, com a última semana de foco total nos treinos.

“É algo incrível, que eu não tinha vivido antes e nem chegado perto de viver. A gente vai em algumas competições internacionais, mas a Paralimpíada é algo surreal, ainda mais por ser a (minha) primeira, então estou conhecendo muita coisa. Muitas modalidades, pessoas de locais diferentes, conhecendo culturas diferentes, o jeito de cada país de fazer as coisas”, declarou.

Como o feminino, o time masculino está no Grupo B do vôlei sentado de Paris-2024. Os jogos da fase de grupos serão no domingo (30), às 13 horas, contra Alemanha; na terça-feira (1º), às 7 horas, contra o Irã; e no dia 3 de setembro, às 13 horas, contra a Ucrânia.

Raysson afirmou que a equipe vem estudando os adversários, principalmente os alemães da estreia, buscando pontos fracos. Tudo isso para conseguir bons resultados, tentar beliscar um local no pódio e promover uma influência positiva em Goiás e no Brasil para a modalidade.

“A importância (das Paralimpíadas) é muito grande, porque dá visibilidade para o estado, mas o principal que eu quero é incentivar, motivar outras pessoas com deficiência para continuar e buscar o esporte. Não só no paradesporto, mas no esporte convencional. Não passa pela nossa cabeça não pegar uma medalha.”

Além de Jane Karla, Adria, Nurya e Raysson, são de Goiás também os atletas Rodrigo Parreira, de Rio Verde, no atletismo, e Carlos Alberto Soares, de Anápolis, no ciclismo. Rodrigo vai participar da categoria T36 do salto em distância masculino, no dia 2 de setembro, às 14h12. Carlos Alberto, por sua vez, estará no contrarrelógio C1 masculino em 4 de setembro, às 3 horas, e na resistência C1 e C3 masculino no dia 7, às 4h30.

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