Esporte

Autor de gol na final do Goianão, lateral do Atlético-GO espera 1º título no clube

Wildes Barbosa
Rodrigo Soares voltou ao Atlético-GO e pode, aos 30 anos, conquistar seu primeiro Goianão

Autor do segundo gol do Atlético-GO sobre o Goiás no primeiro clássico decisivo do Goianão, o lateral direito Rodrigo Soares estava no lugar e no momento certos para a conclusão após a assistência do atacante Luiz Fernando, aos 5 minutos do segundo tempo. O Dragão abriu a final do Estadual, no domingo (2), com boa vitória (2 a 0) e a vantagem sobre o adversário, numa das melhores atuações neste ano. Rodrigo Soares fechou o placar e espera conquistar o primeiro título do Estadual dele pelo clube neste domingo (9), na Serrinha.

O time atleticano pode perder por até um gol de diferença para garantir o terceiro bicampeonato – foi bi em 2010 e 11 e 2019 e 20 – e o segundo do Dragão na casa alviverde, pois ano passado foi campeão na sede do Goiás. “Será muito especial”, disse o jogador atleticano.

No segundo gol do Dragão, pode-se dizer que Luiz Fernando fez a função de Rodrigo Soares, ao chegar à linha de fundo para fazer o cruzamento, enquanto o lateral estava na área para finalizar a jogada como se fosse um atacante. A construção do lance demonstra o estágio de evolução física, técnica e tática do lateral atleticano, que quebra a desconfiança da torcida e da imprensa com boas atuações, apoio ao ataque, cruzamentos e marcação.

Rodrigo Soares define o que tem com Shaylon e Rhaldney como “triângulo montado e que costumamos fazer nos jogos”. A diferença é que Luiz Fernando fez as vezes de lateral no triângulo, e Rodrigo Soares marcou o gol.

Muito do que começa a mostrar no Dragão no retorno ao clube, Rodrigo Soares, de 30 anos e goiano de Porangatu, desenvolveu e aprendeu durante a passagem pelo futebol europeu e na convivência com técnicos portugueses em termos táticos. A marcação é a principal das lições. “Na Europa, sofri demais porque tinha de defender mais do que atacar. A função do lateral é atacar”, explicou o jogador, citando um termo que se usa para os laterais – o “defesa”, direito ou esquerdo, conforme o lado. Ele era “defesa direito”.

Dois dos ex-treinadores dele têm vínculos com clubes brasileiros: Luís Castro (Botafogo) e o multicampeão Abel Ferreira (Palmeiras). Na chegada a Portugal, o “defesa” atuou no Porto B, dirigido por Luis Castro. Foram campeões da Segunda Liga Portuguesa (2015/16).

“Aprendi muito com Luis Castro. O time (Porto B) não tinha defesa (lateral) esquerdo e ele (técnico) pediu para que jogasse na posição”, recorda. Nas conversas, Luis Castro corrigiu o posicionamento defensivo de Rodrigo Soares, ensinando-o a jogar na linha de quatro (defensores). “Aprendi muito sobre marcação. Ele dizia: ‘tens de aprender a marcar’. Isso é uma deficiência que os laterais brasileiros têm”, explicou o atleticano.

TÍTULO COM JORGE JESUS

Rodrigo Soares também ganhou um título (Taça de Portugal de 2017/18), pelo modesto Clube Desportivo das Aves, sobre o Sporting, à época dirigido por Jorge Jesus e composto por atletas de renome: o goleiro Rui Patricio, o meia Bruno Fernandes e o lateral Fábio Coentrão (da seleção de Portugal) e o zagueiro Sebastián Coates (Uruguai). Vitória do CD Aves (2 a 1) na final do torneio português e um título inédito do modesto clube.

As boas passagens pelo futebol português renderam a Rodrigo Soares a chance de se transferir para o PAOK (Grécia), até então dirigido por Abel Ferreira. Ex-lateral direito, Abel usava no clube grego as variações táticas 3-4-3 (ofensiva) e 5-4-1 (defensiva). Rodrigo teve de aprender a se posicionar nas duas linhas.

Sob direção de Abel Ferreira, foi vice-campeão da Liga Grega (2019/20) e, outra vez, Jorge Jesus (no Benfica) levou a pior contra uma equipe de Rodrigo Soares, desta vez na 3ª fase qualificatória da Liga dos Campeões (2019/20).

No final de outubro de 2020, Rodrigo lia no celular o noticiário do futebol brasileiro quando se deparou com a notícia de que Abel Ferreira negociava a transferência para o Palmeiras. APraticamente ninguém sabia do fato no clube grego. “Nos encontramos no elevador. Mostrei (a notícia) para ele (Abel Ferreira). Ele (faz sinal com o dedo indicador na boca) pediu para eu ficar calado”, lembrou o jogador, aos risos, sobre os dias finais de Abel no PAOK. No clube, Rodrigo Soares conquistou a Copa da Grécia (2020/21) antes de voltar ao Brasil.

Esta fase cigana do lateral atleticano, na Europa, é o ápice da carreira. Revelado na base do Atlético-GO no final da primeira década deste século (2009 e 10), Rodrigo Soares chegou a disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior (2011), marcando um gol pelo Dragão, que tinha na base nomes como Luciano (atacante do São Paulo), Mahatma Gandhi (filho do ex-jogador Héber), Renato (está de volta do Dragão), Adriel (finalista do Gaúcho pelo Caxias-RS) e o técnico Coutinho.

No Atlético-GO, Rodrigo Soares se recorda de que a referência na posição era Rafael Cruz. Ao fazer o teste no Dragão, o jovem foi aconselhado por um tio a mudar de posição, por causa da concorrência – era meia e disse que era lateral. Deu certo, pois foi aprovado.

Neste período de iniciante, também jogou na várzea por equipes em que atuava Michael, sinônimo de sucesso por causa da ascensão após se projetar em nível nacional pelo Goiás.

Michael conquistou uma vez o Goianão (2018), se projetou na Séries B daquele ano e na Série A 2019 até ser negociado com o Flamengo. Rodrigo Soares vislumbra a chance de ser campeão pela primeira vez do Goianão para coroar a volta à origem, ao início na base do Dragão. O lateral passou por clubes do interior paulista, atuou no Grêmio Anápolis, disputou o Goianão 2015 e vê que o aprendizado no futebol europeu será útil como “defesa direito” na final do Estadual.

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