Franz Beckenbauer desfilou talento mundo afora. Atração internacional, o Kayser também tem uma atuação em Goiânia, no Estádio Serra Dourada, quando era uma das estrelas do New York Cosmos (Estados Unidos). O alemão morreu nesta segunda-feira (8), aos 78 anos.Um dos três jogadores campeões do mundo que também conquistaram título de Copa como técnico - os outros são o brasileiro Zagallo, que morreu sexta-feira (5), e o francês Didier Deschamps -, Beckenbauer foi um dos principais nomes da história do futebol. Capitão da Alemanha no título de 1974, voltou a ser campeão, como treinador, em 1990.Há quase 50 anos, o Cosmos de Beckenbauer disputava torneios da liga local e também fazia amistosos em outros países. No encerramento da temporada de 1978, segundo noticiado pelo Jornal O Popular, o badalado time de Nova York venceu o Vila Nova por 3 a 2, em partida disputada no dia 21 de novembro de 1978. O Cosmos, já sem a estrela Pelé, era atração em qualquer lugar.Claro, tinha Beckenbauer como um ícone pela história construída no forte futebol alemão, campeão quatro anos antes, em casa, no Mundial de 1974. “O Serra Dourada estava em festa. Eu me lembro que (Cosmos) fizeram um gol no final, no segundo tempo”, cita Zé Luiz, um dos defensores do Vila Nova naquele jogo.Zé Luiz atuou na lateral direita na formação do técnico Jailton Santos. O time vilanovense atuou com Serginho; Zé Luiz (Cândido), Leonardo, Fio e Sérgio Donizetti; Luiz Dário, Zé Ronaldo (Luisinho), Sérgio Luiz; Fernandinho (Nivaldo), Tulica e Paulinho. O Cosmos tinha o Kayser, o italiano Chinaglia (autor de dois gols), o português Seninho naquela noite. Chinaglia fez dois e Stuart marcou outro, enquanto Tulica e Sérgio Luiz marcaram os gols vilanovenses ainda no primeiro tempo. O jogo teve público de 21.131 pagantes.Comentarista da Rádio CBN Goiânia e da TV Brasil Central, Evandro Gomes é testemunha do jogo e, especialmente, dos momentos antes da partida, quando acompanhou o Cosmos em Goiânia num daqueles fatos singulares de um período de simplicidade do futebol.“Esta história foi quando o Cosmos veio jogar em Goiânia. O (José) Calazans era supervisor, uma espécie de presidente do Vila Nova. Contatei o professor Julio Mazzei (ex-preparador físico do Cosmos), no Umuarama Hotel. Fui buscá-los para trazer o Beckenbauer para fazer promoção do jogo”, lembra o comentarista.Evandro Gomes revela que foi preciso dar uma carona para Mazzei e o Kayser em Goiânia a bordo de um Fusca, um carro popular à época, mas muito utilitário. “Eu tinha um Fusca. O Beckenbauer entrou do lado direito do fusca (carona), o professor Julio Mazzei atrás (banco traseiro). Eu pedi ao Beckenbauer para dar um autógrafo para mim no quebra sol do carro, do lado direito. E ele autografou. Depois, vendi o carro”, disse o jornalista esportivo.“Foi uma coisa linda, bacana, guardo isso como uma recordação. Não tenho uma foto, nem tinha isso naquele tempo. Repito: foi em 1978 que ele veio. Foi no dia 20 (novembro), pois o jogo era no dia 21. Era um fusquinha 65, que, até hoje, se descobrisse quem comprou, eu o compraria de volta só por causa do autógrafo (de Beckenbauer)”, comenta Evandro, que citou ainda os craques que atuaram pelo Cosmos na década de 1970 e 80.Enquanto Evandro Gomes fazia o trabalho de repórter naquela noite, Zé Luiz estava numa fase de crescimento profissional na carreira, titular do time que foi tetracampeão goiano (1977 a 80). “Foi um jogo equilibrado, inesquecível. Ele (Franz Beckenbauer) era simples, não esnobava o adversário. Era um craque, super refinado”, definiu Zé Luiz, que viveu ano mágico em 1978, pois no primeiro semestre foi um dos titulares da seleção goiana em amistoso diante da seleção brasileira, em preparação para o Mundial de 1978, também no Serra Dourada.Zé Luiz se recorda de ter arriscado “dois carrinhos” sobre o alemão e de ter feito “um desarme” numa das entradas. Lance normal de jogo, descreve o versátil defensor do Vila Nova.Na sua carreira vitoriosa, como jogador e treinador, Franz Beckenbauer também decidiu um título em território brasileiro. Isso ocorreu um pouco antes do jogo disputado em Goiânia. O craque alemão era uma das estrelas do Bayern de Munique, campeão europeu e que decidiu o Mundial de Clubes, em 1976, diante do Cruzeiro, campeão da Libertadores daquele ano. No jogo de ida, em solo alemão, o Bayern venceu por 2 a 0.Ao Cruzeiro, restava vencer a partida de volta para forçar um jogo extra. No Mineirão lotado, e contando com atuações excepcionais dos goleiros Sepp Maier e Raul, os dois clubes passaram em branco e não saíram do 0 a 0.O Bayern conquistou o título internacional escalando nomes como Sepp Maier, Franz Beckenbauer e Gerd Muller, campeões da Copa de 1974, e o jovem atacante Rummenigge, vice-campeão do Mundial de 1982 (Espanha) e 1986 (México).