-Imagem (1.2309608)No terceiro dia de competições das Paralimpíadas de Tóquio-2020, o Brasil registrou o seu melhor desempenho até agora, com uma chuva de medalhas entre a noite de quinta e a manhã desta sexta (27).Foram seis pódios no atletismo, carro-chefe brasileiro que passou a ser disputado nesta sexta, incluindo quatro ouros, e três na natação, sendo uma medalha dourada.Os resultados levaram o Brasil a 17 medalhas, cinco de ouro, quatro de prata e seis de bronze nos Jogos de Tóquio, na sexta posição do quadro geral.Confira o que de principal aconteceu na campanha brasileira:ATLETISMOPetrúcio Ferreira, 24conquistou o bicampeonato paralímpico dos 100 m rasos classe T47 (amputados de braço) com o tempo de 10s55. A marca é o novo recorde dos Jogos Paralímpicos. Outro brasileiro, Washington Júnior, 24, levou o bronze, com o tempo de 10s68.Petrúcio agora soma dois ouros e duas pratas em Jogos Paralímpicos. No Rio-2016, o velocista também ficou em segundo lugar nos 400 m T47 e no revezamento 4 x 100 m T42-47.O brasileiro é o recordista mundial entre todas as categorias paralímpicas do atletismo, com o tempo de 10s42 obtido no Mundial de Dubai, em 2019.Yeltsin Jacques, 29venceu a prova dos 5.000 m classe T11 (deficiência visual) com o tempo de 15min13s62, após ultrapassar o japonês Kenya Karasawa na última curva da prova. O atleta iniciou sua carreira nas Paralimpíadas Escolares em 2007 e tinha como principais conquistas até então três medalhas de ouro em Jogos Parapan-Americanos.Silvânia Costa, 34também conquistou o seu bicampeonato paralímpico. Ela foi ouro no salto em distância, classe T11 (deficiência visual), repetindo o feito do Rio em 2016. Saltou 5 metros, a única atleta a alcançar a marca.Nos Jogos do Rio, Silvânia saltou 4,98 m, quando estava grávida de dois meses do segundo filho.Durante o ciclo para Tóquio, ela foi suspensa pela Agência Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) pelo uso da substância metilhexanamina, o que atrapalhou as preparações para os Jogos."Tive duas interrupções, com o nascimento do meu segundo filho e a minha suspensão, os últimos cinco meses foram muito doloridos, ralei muito. A medalha vem com sabor de vitória e superação", afirmou.Wallace Santos, 37conquistou o ouro no arremesso do peso classe F55 (atletas cadeirantes) com a marca de 12,63 m, novo recorde mundial da prova.O arremessador teve depressão e quase desistiu de disputar as Paralimpíadas de Tóquio após sofrer perdas na família e no esporte."Quero desejar essa vitória a uma pessoa que, antes de falecer, me colocou aqui em Tóquio. Foi minha treinadora Jurema Henriques, que veio a falecer na minha preparação, no início da pandemia. Outra pessoa que veio a falecer, foi meu tio Jorge, que me criou, Ele fez o papel de pai, quando precisei de um pai para ficar perto", contou o brasileiro, em entrevista ao SporTV.O atleta só conseguiu voltar a ter foco no esporte após um trabalho com sua psicóloga."A Cecília, minha psicóloga, brinca comigo que me pegou num incêndio. Fui procurá-la um mês antes de vir para Tóquio. Ela disse: 'Wallace, você vem com fogo, mas sou bombeira. Então, vamos lá.' Entrei muito focado na prova. Visualizei o que queria. Nossa meta era 12,47 m, que era o recorde do mundo. Graças a Deus, conseguiu ultrapassar e botar meu nome na história. Agora sou campeão", festejou Wallace.Também no arremesso do peso, mas na classe F37 (atletas com paralisa cerebral), João Victor de Souza, 27, conquistou a medalha de bronze. Na final, o brasileiro melhorou o recorde sul-americano com a marca de 14,45 m.O atleta pegou Covid-19 na véspera da viagem ao Japão e teve que adiar o período de aclimatação. "Aí entra a superação. Não dependia de mim. Dependia da doença. Estou orgulhoso de mim porque sou o terceiro do mundo em uma prova em que treinei duas semanas", afirmou Souza, em entrevista ao SporTV."É uma coisa que estou sem imaginar. É muito incrível. E fiz a melhor marca da minha vida. Agora, já quero chegar no Brasil treinando o peso, se meu joelho aguentar. Estou muito feliz, cara", acrescentou o arremessador.NATAÇÃOWendell Belarmino, 23conquistou a medalha de ouro nos 50 m livre classe S11 (deficiência visual), a segunda conquista dourada para a natação do país nas Paralimpíadas de Tóquio-2020.Em sua estreia nos Jogos, Wendell concluiu a prova de velocidade em 26s03, 15 centésimos à frente do chinês Dongdong Hua e com 35 centésimos de vantagem para o lituano Edgaras Matakas. O também brasileiro Matheus Rheine foi o sexto colocado."Além de me divertir, estou realizando três sonhos de uma vez. Vir para cá, ganhar medalha e ser campeão", afirmou ao SporTV. "Não sabia em que posição tinha chegado, mas do jeito que o pessoal estava gritando não tive dúvida de que tinha ganhado a prova."Wendell surgiu com destaque nas Paralimpíadas Escolares de 2013 e 2015. Sua primeira grande competição profissional foi o Parapan de Lima-2019, de onde saiu com seis medalhas em seis provas. No mesmo ano, foi campeão mundial nos 50 m livre e medalhista de prata nos 100 m livre em Londres.Depois do ouro nos 100 m borboleta, Gabriel Bandeira, 21, conquistou sua segunda medalha paralímpica em Tóquio, a prata nos 200 m livre da classe S14 (deficiência intelectual).Ele ficou atrás apenas do britânico Reece Dunn (1min52s40), que quebrou seu recorde mundial, de 1min52s96. A ex-melhor marca do mundo também foi superada pelo brasileiro, que concluiu em 1min52s74."Essa eu realmente não esperava, principalmente o tempo que fiz. Não tinha noção de que podia fazer", disse.Maria Carolina Gomes SantiagoOutra estreante, Maria Carolina Gomes Santiago conquistou a medalha de bronze na prova dos 100 m costas classe S12 (deficiência visual), a primeira de sua carreira aos 36 anos.A brasileira fez o tempo de 1min09s18, atrás da britânica Hannah Russell (1min08s44) e da russa Daria Pikalova (1min08s76).Ela ainda disputará nos próximos dias os 50 m livre e 100 m livre, em que é campeã mundial, além do revezamento 4 x 100 m e dos 100 m peito.Na saída do pódio, Carol foi conduzida por Russell. "Ela é veterana, uma pessoa que admiro bastante pelos resultados que já teve. Eles me explicaram como ia ser [a cerimônia], mas não entendi muito bem e ela acabou me ajudando. Tem um respeito muito grande fora da piscinas, e dentro das piscinas maior ainda."Daniel DiasApós três medalhas de bronze em três provas, desta vez Daniel Dias não conseguiu ir ao pódio. Nos 50 m borboleta classe S5 (deficiência física), o brasileiro terminou em sexto, com 36s56.Daniel Dias permanece, portanto, com suas 27 medalhas paralímpicas. Ele ainda nadará mais duas provas em Tóquio: os 50 m costas, na segunda-feira (30), e os 50 m livre, na quarta (1º), a última antes de se aposentar das piscinas.TÊNIS DE MESADuas brasileiras garantiram pelo menos uma medalha de bronze ao passarem para as semifinais. Bruna Alexandre, da classe 10 (atletas andantes), venceu a taiwanesa Lin Tzu Yu por 3 a 0 e disputará neste sábado, à 1h40, um lugar na decisão.Cátia Oliveira também garantiu medalha na classe 1-2 (atletas cadeirantes), ao vencer a italiana Giada Rossi nas quartas de final, por 3 a 0. Ela disputará a semifinal neste sábado, à 0h20, contra a sul-coreana Seo Su Yeon. Se vencer, buscará o ouro no mesmo dia, às 7h15.Diante do chinês Liao Keli, Israel Stroh perdeu por 3 a 1 e se despediu nas quartas de final da classe 7 (andantes). Ele foi medalhista de prata em 2016.Millena França, Paulo Salmin, Danielle Rauen, Lethicia Lacerda, Joyce de Oliveira, David de Freitas e Carlos Carbinatti também foram eliminados nesta sexta.GOALBALLA seleção brasileira masculina de goalball conseguiu sua segunda vitória no grupo A, contra a Argélia, por 10 a 4, após ir para o intervalo perdendo por 3 a 1.Depois de outro triunfo, sobre a Lituânia na estreia, e uma derrota para os EUA, o Brasil está na segunda posição da chave, atrás do Japão, que será o último adversário na primeira fase, às 21h deste sábado.Os quatro primeiros avançam para as quartas de final, e a classificação verde-amarela já está confirmada em busca de sua terceira medalha no esporte.A seleção feminina empatou em 4 a 4 com o Japão, após estrear com derrota para os EUA, e está na terceira colocação do Grupo D. O próximo jogo será contra a Turquia, às 8h30 deste sábado.VOLÊI SENTADOA seleção brasileira feminina de vôlei sentado estreou com vitória no Grupo A, diante do Canadá.Após sair atrás, virar o placar para 2 a 1 e perder o quarto set, o Brasil venceu o tiebreak e fechou em 3 a 2 (21/25, 26/24, 25/20, 27/29 e 17/15), em duas horas e 40 minutos de partida.A seleção feminina, medalhista de bronze no Rio-2016, enfrentará o Japão às 8h30 de domingo, no segundo jogo da chave.