Esporte

De Pirenópolis para a Rio 2016: Raiza Goulão representa o Brasil no mountain bike

Daniella Barbosa/Divulgação

“Andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar”. A música de Gilberto Gil, conhecida nos quatro cantos do país, é de 1982, mas virou trilha sonora da atleta Raiza Goulão. O trecho que dá o ritmo às pedaladas foi gravado em duas tatuagens nas pernas, vez ou outra cansadas de tanto treino. Mas o motivo é nobre, já que a goiana pedala em direção ao sonho de conquistar uma medalha nas Olimpíadas Rio 2016.
 
Desde criança ela mostrava que tinha gosto pelo esporte. Se arriscou no basquete, vôlei e até natação. Optou por entrar na faculdade de Administração e, nos momentos livres, andava de bicicleta pelas ruas da cidade natal, Pirenópolis (GO). “Certo dia assisti a uma prova de mountain bike em Corumbá. Lá alguém me entregou um panfleto dizendo que teria competição na minha cidade. Resolvi participar, como hobby mesmo, e foi assim que tudo começou”, diz Raiza.
 
Sua meteórica carreira teve início deveras tarde. A ciclista tinha 19 anos quando decidiu levar os treinos a sério. Encontrou em Pirenópolis o ambiente perfeito: ruas cheias de pedras, ladeiras e montanhas ao redor, obstáculos que ajudaram a aperfeiçoar a sua habilidade para o mountain bike. “Piri é um dos melhores lugares para treinar, tem uma geografia perfeita”, elogia.
 
Hoje Raiza tem 24 anos e coleciona medalhas conquistadas em vários países. A maioria das viagens, como explica a própria atleta, foi com incentivo do Governo de Goiás. “O Pró-Esporte é fundamental. Se não fosse esse programa eu não conseguiria competir em outros países. Assim consegui somar pontos suficientes no ranking para conquistar a vaga olímpica. Hoje sou a 13ª melhor do mundo na modalidade”, diz.
 
Preparação

Em setembro do ano passado, Raiza esteve na pista de Deodoro, no Rio de Janeiro, para o evento-teste da modalidade. “Adorei o percurso, é bem diferenciado. Consegui observar as principais características, como o alto número de subidas, e desde então foco meus treinos nelas”, comenta a goiana, que ficou na 11ª colocação no evento que reuniu atletas do mundo inteiro.
 
A experiência de conhecer o percurso olímpico oficial mudou até mesmo os horários dos treinamentos de Raiza. Como a disputa pela medalha olímpica na categoria cross country feminina está prevista para começar às 12h30 do dia 20 de agosto, a goiana agora espera o horário mais quente do dia para começar a pedalar pelas trilhas pirenopolinas. “Competir com temperaturas altas é vantagem para mim, se comparado ao pessoal que vem de fora. No dia do evento-teste a sensação térmica era de 47° C”, lembra.
 
Na próxima segunda-feira, 1º/8, Raiza encerra seu ciclo de treinos, se despede da família e embarca para o Canadá, onde disputa a Copa do Mundo de Mountain Bike. Sua chegada à Vila Olímpica está prevista para o dia 15 de agosto, cinco dias antes da prova feminina da Rio 2016. Independentemente do resultado nas Olimpíadas, do Rio de Janeiro a atleta sequer volta para casa, pois tem três competições na Europa para participar.  

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