Houve festa, e muita, em Buenos Aires e na região metropolitana da capital da Argentina para celebrar a chegada ao país dos tricampeões mundiais de futebol.Muita festa e muita, mas muita gente.A presença de torcedores foi tanta que o carro aberto que levava os jogadores não conseguiu chegar ao Obelisco, no centro da cidade, local de maior concentração dos fãs e onde alguns deles performavam à la Homem-Aranha, escalando o monumento.De acordo com a agência de notícias AFP, havia de 5 milhões a 6 milhões nas ruas para celebrar o feito argentino na Copa no Qatar.A segurança, disseram as autoridades que acompanhavam a chamada "caravana da glória", ficou comprometida, e a sequência do percurso do ônibus teve de ser abortada.Por volta das 16h30, depois de percorrerem lentamente 12 km (o total seria de 70 km) sob forte calor, Lionel Messi e companhia utilizaram helicópteros da prefeitura para retornar ao ponto de origem, as instalações da AFA (Associação de Futebol Argentino) onde estiveram no começo do dia.O desembarque no aeroporto de Ezeiza, na Grande Buenos Aires, ocorreu pouco antes das 3h desta terça-feira (20).Messi, astro e capitão da equipe, desceu do avião ao lado do treinador Lionel Scaloni com a Taça Fifa, sua companheira inseparável desde que a recebeu no estádio de Lusail -até dormiu ao lado dela.Já nas primeiras horas da delegação em solo argentino, durante a madrugada, havia milhares de pessoas querendo festejar os campeões, tanto que o caminho do aeroporto até o centro de treinamento da AFA, também em Ezeiza, foi tomado por torcedores.Enquanto os atletas tiravam algumas horas de descanso, os fãs começaram a encher os pontos de possível passagem dos campeões, como a praça de Maio e os arredores da Casa Rosada (sede da Presidência), além do Obelisco. Depois, os jogadores partiram para a confraternização com eles.Para conter o calor de mais de 30°C, jatos de água eram jogados nos torcedores, que não se cansavam de cantar que eram campeões do mundo.Na praça de Maio, a expectativa pela chegada do ídolo maior, Messi, e dos demais jogadores era grande, e o plano era não arredar o pé até que eles aparecessem e acenassem."Vamos ficar aqui o dia todo, ou até que eles [jogadores] cheguem. Maradona veio aqui, e o Messi vai vir também. Eu tenho certeza" disse a auxiliar administrativa Luciana Tadeo, 44, que estava acompanhada do marido e do filho de 5 anos.Ela fez menção a Diego Armando Maradona (1960-2020), um dos maiores craques da história do futebol, que capitaneou a Argentina no título mundial de 1986, no México.Só que, para frustração dela e de milhares que trajados de alvicelste que cantavam músicas, gritavam e pulavam sem parar, Messi não apareceu por ali, nem em nenhum ponto da região central de Buenos Aires.Não por falta de vontade, mas por impossibilidade na mobilidade urbana. A multidão era tamanha no caminho que o ônibus dos jogadores parava, andava, parava, andava, movimentando-se em velocidade mínima.Houve, então, a mudança nos planos e o acionamento dos helicópteros."Os campeões do mundo estão sobrevoando o percurso em helicópteros porque ficou impossível continuar por terra diante da explosão de alegria popular", escreveu em rede social Gabriela Cerruti, porta-voz da Presidência da Argentina.Chegou a se cogitar a presença dos campeões na Casa Rosada, para que acenassem da sacada aos torcedores, porém, à luz da situação caótica, isso foi descartado.O presidente da AFA, Claudio Fabián Tapia, ao confirmar o encerramento da caravana, eximiu-se, em post em rede social, de responsabilidade: "Não nos deixam chegar a cumprimentar as pessoas que estavam no Obelisco. Os mesmos órgãos de segurança que nos escoltaram não nos deixam seguir em frente".O trajeto foi desviado para o parque Roca, a cerca de 15 km do Obelisco, onde os helicópteros aguardavam os atletas.Em um comunicado, a Polícia Federal argentina disse que um helicóptero "leva a bordo o capitão Lionel Messi, Lionel Scaloni e Rodrigo De Paul, que carregam a Copa do Mundo".Segundo o texto, eles sobrevoariam o Obelisco e outras áreas de concentração de fãs "para saudar as pessoas" antes do regresso "à propriedade da AFA".Até o começo da noite, o dia marcado por aglomerações, alegria e uma dose de desapontamento pela falha logística tinha registrado uma morte, de um homem de 24 anos que despencou de um telhado. Outras 31 pessoas precisaram de cuidados médicos.