Esporte

Futebol goiano perde Lucas Oliveira, técnico jovem e promissor

Wesley Costa
Lucas Oliveira não seguiu carreira como jogador por causa de problemas cardíacos e se tornou técnico

O futebol goiano amanheceu em luto nesta sexta-feira (29). O técnico Lucas Oliveira, filho do ídolo vilanovense Roberto Oliveira, morreu aos 43 anos, após um infarto sofrido na noite de quinta-feira (28). Lucas era conhecido por ser um treinador dedicado, estudioso e também como um “paizão” que se preocupava em formar cidadãos, não só atletas. O corpo do técnico foi velado e cremado nesta sexta-feira (29).

Lucas Oliveira nasceu com problemas cardíacos, precisou passar por cirurgias ao longo da vida e era um paciente “extremamente cuidadoso com sua saúde”, como definiu o cardiologista e ex-presidente do Goiás, Sérgio Rassi, que acompanhava de perto o tratamento do treinador desde que passou por sua primeira cirurgia no coração, em 2010.

A última foi há cerca de três meses, quando precisou trocar uma prótese no órgão. Um dos problemas era a síndrome de Wolff-Parkinson-White, corrigida com cirurgia na adolescência. O outro era válvula aórtica bicúspide, uma anormalidade na válvula aórtica do coração.

Pai de dois filhos, Gabriel e Lara, o técnico Lucas Oliveira era divorciado, tinha um irmão (Daniel Oliveira) e vivia o futebol desde que nasceu. Ele é filho da Dona Beth com Roberto Oliveira, que construiu carreira, como jogador, técnico e dirigente, ligada principalmente ao Vila Nova.

Em maio do ano passado, Lucas Oliveira concluiu o curso de Licença A da CBF e, sempre que podia, quando não estava no comando de alguma equipe, acompanhava jogos nos estádios goianienses.

Lucas Oliveira soube, quando tinha 14 e 15 anos, que não poderia seguir carreira como jogador por causa de problemas cardíacos. Ao POPULAR, em 2020, disse que “talvez não era para seguir (como jogador)”. Seguiu os estudos, começou o curso de Educação Física no início dos anos 2000 e foi chamado, em 2004, pelo professor e técnico Rubens Fantato para atuar como auxiliar no time universitário masculino da Universo - também atuou na equipe feminina e como treinador de futsal.

O início
“Foi um choque quando recebi a notícia. O Lucas nasceu com o dom para treinar, para educar. Sempre que a gente se via, ele me agradecia por eu ter aberto essa porta (como auxiliar e posteriormente como treinador) para ele. Era um menino bom, de família. Tinha um amor enorme pelo pai, pelos filhos, muito religioso. Vai deixar saudades”, comentou Rubens Fantato, que ajudou Lucas Oliveira a iniciar a carreira de treinador.

Além de auxiliar e técnico, Lucas Oliveira atuou como professor de Educação Física e chegou a dar aulas em colégios em Goiânia. O técnico passou por algumas equipes amadoras até chegar no Vila Nova em 2013.

“Ficou com a gente durante um ano e meio. Cresceu com sangue ligado ao futebol, por ser filho do Roberto Oliveira. Tenho uma foto de 1989, em que o Lucas aparece baixinho, agachado. Ele estudou muito e demos oportunidade no sub-18 (atual sub-17). Menino muito educado e trabalhador”, falou Josimar Marques, supervisor das categorias de base do Vila Nova.

Depois dessa passagem, Lucas Oliveira comandou equipes como Atlética Araguaia-MT, Osvaldo Cruz-SP, Grêmio Anápolis e Goianésia antes de voltar ao Vila Nova, em 2016, para atuar no time sub-20. Foi no Tigre que ele conheceu jogadores como Lausen, Marcos Paulo e Gabriel Félix, que ele levou para o Jaraguá, que, em 2020, sob comando do treinador no início da competição, fez sua melhor participação no Campeonato Goiano com campanha de semifinalista.

“Como técnico, era um cara que cobrava muito a questão da organização tática. Fazia o papel de pai, foi o melhor ano da carreira dele como profissional e apesar de ser exigente nos dava liberdade para jogar e muita confiança. Foi um cara que me deu muita confiança e ajudou muito na minha vida”, disse o ex-jogador Thiago Pina, que em 2020 fez parte do elenco do Jaraguá e, no ano seguinte, foi contratado pela Anapolina a pedido de Lucas Oliveira.

Thiago Pina parou de jogar futebol há dois anos, justamente na Rubra. “Na época do Jaraguá, eu já cursava Fisioterapia em Anápolis. Treinava, jogava e estudava. Tinha dias que precisava sair mais cedo dos treinos, e o Lucas me liberava uns 20 minutos antes para estudar. Me orientou a como conciliar a vida, falou que uma hora eu escolheria a carreira que seguiria, me deu muito apoio e me ajudou a crescer como ser humano”, completou o ex-lateral direito que terminou o curso há pouco mais de dois meses e hoje atua como fisioterapeuta.

Na capital
Lucas Oliveira trabalhou nas categorias de base de Atlético-GO, Goiás e Vila Nova. Na capital, também trabalhou no Goiânia, mas no profissional, entre 2022 e 2023, participando de parte da campanha do acesso à 1ª Divisão estadual em 2022. Seu último clube foi o Mineiros, que disputa a 3ª Divisão do Campeonato Goiano.

O treinador foi demitido há uma semana e tinha combinado com o técnico Lisca, do Vila Nova, de iniciar, na próxima semana, uma espécie de estágio no clube colorado. A ideia era estudar mais o esporte e se aperfeiçoar como profissional para seguir a construção da carreira de técnico.

O Vila Nova prestará homenagem a Lucas Oliveira no domingo (1º) antes do jogo contra a Chapecoense, com um minuto de silêncio. A Federação Goiana de Futebol (FGF) também vai orientar que as partidas das competições estaduais em andamento tenham um minuto de silêncio antes do apito inicial.

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