A chuva de gols que caiu no Serra Dourada no clássico entre Goiás e Goiânia, vencido pelo clube esmeraldino por 8 a 3, está fresca na memória dos torcedores. Os reflexos do resultado histórico devem ser bem digeridos pelos jogadores dos dois clubes para a sequência do Campeonato Goiano. O placar elástico também reflete nos demais participantes das quartas de final da competição estadual.Esse é o cenário analisado por dois ex-jogadores que conhecem com intimidade o futebol goiano e o clássico Go-Go. Atacante com passagens por Goiânia e Goiás, Niltinho, de 57 anos, avalia que a elasticidade do placar foi fruto das circunstâncias da partida e da falta de leitura que o Goiânia teve do cenário após buscar o empate em 2 a 2 no início do segundo tempo. Apesar disso, Niltinho entende que o placar histórico, de 8 a 3, leva confiança ao time esmeraldino e muda o olhar dos adversários quanto ao time do técnico Guto Ferreira.“O Goiás está em uma crescente e um resultado como foi esse, com oito gols, traz confiança. Isso também reflete na forma como o adversário que vier pela frente na semifinal passa a enxergar o Goiás”, frisou Niltinho.Ex-jogador do Goiás nas décadas de 1960 e 1970, quando o Goiânia ainda estava no topo do futebol goiano, Alexandre Neto, hoje com 74 anos, diz que o placar final pode causar falsas impressões pela maneira como aconteceu e espera que o Goiás esteja alerta.“Veja, ninguém em sã consciência esperava um placar dessa magnitude. O impacto que pode acontecer é os atletas do Goiás acharem que está tudo mil maravilhas e não está, o Goiânia chegou a empatar e teve um momento melhor que o Goiás. Penso que a equipe alvinegra cansou na metade do segundo tempo”, alertou Alexandre Neto.O ex-zagueiro do Goiás disse que o resultado é marcante pela quantidade de gols e pela raridade do feito, mas que o time esmeraldino só chegou a esse ponto pelo comportamento do Goiânia. “Para o campeonato em si, foi uma goleada que não deve se repetir tão cedo. Claro, foi uma vitória convincente, só que sobre um adversário que pecou por enfrentar o Goiás de peito aberto”, avaliou Alexandre Neto. Por isso, o ídolo esmeraldino acredita que o placar de 8 a 3 não vai servir como assombro para os futuros rivais do Goiás. “O Goiás é que tem que jogar com seriedade todos os jogos que poderão acontecer, para não ser surpreendido”, concluiu.Sem empolgaçãoNa mesma linha, Niltinho acredita que o time esmeraldino não vai se iludir com o placar construído naquelas condições. “Pela experiência e tarimba do Guto Ferreira e também do próprio atleta, que sabe o peso da vitória e do adversário, acredito que não vai ter empolgação. O próprio Guto (Ferreira) já adota esse discurso”, frisou o ex-jogador de Goiânia e Goiás, que acredita que o Galo passou por uma experiência e deve tirar lições do ocorrido no Serra Dourada para o futuro.Embora o Galo não esteja na posição de outrora, a vitória por goleada tem um peso histórico para o Goiás. Foi a primeira vez que o time esmeraldino conseguiu marcar oito gols contra um rival como o Goiânia. Nos jogos em que mais vezes balançou as redes em toda a história, foi a primeira vez que fez isso em um duelo de mata-mata. As demais goleadas (veja abaixo) foram registradas em jogos de turno do Campeonato Goiano ou da fase classificatória da Copa Centro-Oeste.No próprio Campeonato Goiano, ver placares como o do clássico não é habitual. A última vez que uma equipe marcou oito gols em um jogo de mata-mata de Goianão foi na semifinal de 2012, da vitória do Atlético-GO sobre o Crac por 8 a 0.Veja as goleadas com mais de 8 gols do GoiásGoiás 12 x 0 Jataiense - 12/5/1988 Goiás 11 x 0 São Paulo-GO - 29/9/1956 Goiás 11 x 0 São Luís-GO - 25/5/1957 Goiás 10 x 0 Botafogo-GO - 26/9/1948 Goiás 10 x 1 Anápolis - 27/11/1991 Goiás 10 x 3 São Paulo - 12/8/1956 Goiás 9 x 0 Campinas - 23/7/1944 Goiás 9 x 0 ABG - 26/10/1947 Goiás 9 x 0 Flamengo-GO - 21/10/1951 Goiás 9 x 1 São Luís-GO - 2/10/1955 Goiás 9 x 0 Serra-ES - 2/3/2002 Goiás 8 x 0 ABG - 16/5/1948 Goiás 8 x 0 Botafogo-GO - 12/11/1960 Goiás 8 x 1 Santa Helena - 16/8/1978 Goiás 8 x 3 Goiânia - 25/2/2023

Goiás e os reflexos da goleada sobre o Goiânia nesta fase da temporada

Esporte

Esporte - título

Matéria - Esporte Daqui

Goiás

Em processo de reformulação, o Goiás negocia as rescisões antecipadas com o zagueiro David Braz, o meia Régis e o atacante Edu. O trio tem vínculo para a próxima temporada, mas não deve permanecer no clube goiano em 2025.

Os contratos de Edu e Régis são mais longos e vão até o final da temporada. Já o vínculo de David Braz é até o final do Goianão.

Dos três, apenas Régis vinha sendo utilizado pelo técnico Vagner Mancini. Edu jogou pela última vez no dia 13 de outubro, enquanto David Braz entrou em campo pela última vez no dia 7 de outubro.

Edu não vinha sendo utilizado por opção técnica, enquanto David Braz foi um dos atletas “punidos”, assim como Luiz Henrique e Thiago Galhardo, por terem ido a Brasília assistir um jogo da seleção brasileira pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Isso ocorreu na véspera de uma viagem para uma partida da Série B, contra o América-MG, em outubro.

Pelo Goiás, Régis jogou 17 partidas e conviveu com lesões desde sua chegada ao clube em abril. Edu também teve problemas físicos e só atuou em 14 oportunidades. David Braz foi o que mais atuou com 25 participações em duelos do time goiano.

Goiás avalia rescisões de trio com contrato para 2025

Negociações

O técnico Vagner Mancini disse nesta quinta-feira (21) que não renovará seu contrato e deixará o Goiás após a conclusão da Série B, no próximo domingo (24). O treinador de 58 anos completará 21 jogos à frente do time esmeraldino no duelo contra o Novorizontino.&nbsp;

O treinador explicou em um pronunciamento que tomou essa decisão junto de seus representantes e comissão técnica e que vai avisar o diretor de futebol Lucas Andrino ainda nesta quinta-feira. Os jogadores também foram comunicados antes do treino no CT Edmo Pinheiro.

“Não houve nenhum tipo de contato até agora, por isso eu optei por vir na coletiva e vou sair daqui para comunicar o Lucas Andrino. Ele merece que eu passe a minha situação para as coisas caminharem aqui dentro”, frisou o técnico.

"É uma decisão muito difícil que tomei junto com meus representantes e minha equipe técnica, que não permaneceremos para 2025. É uma decisão que não é fácil de ser tomada, tendo em conta tudo que aconteceu no Goiás nesse período, essa sequência de (seis) vitórias, aproveitamento de 61,4% que nos daria a possibilidade de brigar pelo título da Série B", detalhou o treinador do Goiás.

Vagner Mancini comandou o Goiás em 20 jogos até aqui. Foram dez vitórias, seis empates e quatro derrotas. O aproveitamento é de 60%.

“As coisas têm de ser faladas com o coração também. Vim com contrato até o final do ano, vou cumprir e ainda não tive conversa sobre renovação de contrato. É um direito de quem está no clube. Eu tenho como norma de vida não abrir negociação sem que haja um profissional no clube. Não posso apontar o dedo para A, B ou C. Eu saio daqui com o coração limpo e deixo as portas abertas no Goiás”, comentou o treinador.

Há pouco mais de um mês, no dia 15 de outubro, o diretor de futebol Lucas Andrino falou em entrevista coletiva que deseja a permanência de Vagner Mancini para 2025. Nas semanas seguintes, o treinador também seguiu essa linha e afirmou que gostaria de permanecer no clube goiano.

“O mais importante é que quando somos sinceros é que deixamos as portas abertas. O Goiás é um grande clube, sou um profissional de mercado e óbvio que quero voltar um dia. É importante ter uma conexão formada. No começo eu ouvi críticas, mas depois foram entendendo o que estava sendo feito no dia a dia. O time voltou a ter conexão com o torcedor. Hoje temos isso e fico feliz, não é um adeus, é um até breve. Tenho histórico de retornar para algumas equipes e me sinto bem”, prosseguiu o treinador.

Com a confirmação da saída de Vagner Mancini, o Goiás vai contratar o quarto treinador diferente em menos de um ano - Zé Ricardo e Márcio Zanardi foram seus antecessores em 2024. O favorito para assumir o comando da equipe é Jair Ventura, que teve passagem de sucesso pelo time esmeraldino em 2022.

Vagner Mancini optou por não comentar sobre a possível negociação do Goiás com Jair Ventura. “Eu prefiro não falar sobre isso por parecer um ataque a alguém. Estou com coração aberto e minha decisão foi tomada com minha equipe de trabalho. Não sou um cara de ficar em cima do muro. Foram dias maravilhosos, números expressivos e isso é o mais importante, deixar um legado no clube e manter as portas abertas”, completou o treinador.

Vagner Mancini assumiu o Goiás no final de julho, na virada de turno da Série B. Ele foi contratado após a demissão de Márcio Zanardi e tinha a missão de comandar a reação para levar a equipe à Série A.&nbsp;

O time demorou a engrenar, apesar da atual sequência de sete jogos de invencibilidade, sendo seis vitórias seguidas, e ficou sem a vaga na elite.

Vagner Mancini anuncia saída do Goiás após a Série B

De saída

O Goiás tenta repetir um feito que apenas quatro clubes - um deles fez duas vezes - conseguiram em 18 edições da Série B nos pontos corridos: conquistar uma vaga na faixa do acesso (G4) nas duas rodadas finais da competição nacional.

Desde 2006, apenas Sport (2011), Figueirense (2013), Avaí (2014 e 2021) e Juventude (2020) estavam fora do G4 após o término da 35ª rodada e conquistaram o acesso à Série A nas duas rodadas finais da Série B.

A equipe esmeraldina é a 6ª colocada da Série B com 57 pontos e está três pontos atrás do Ceará, que fecha o G4. O time alvinegro ainda tem duas vitórias a mais que a equipe goiana - é o primeiro critério de desempate -, o que deixa a situação do Goiás ainda mais complicada, já que o Vozão não pode mais vencer a duas rodadas do fim.

Sport, em 2011, e Figueirense, em 2013, são os clubes que estiveram na situação que o Goiás se encontra: a dois jogos do fim eram o 6º colocado e estavam três pontos atrás do 4° em suas respectivas edições.

O Sport tirou a diferença com duas vitórias e ultrapassou Bragantino e Vitória para conquistar o acesso. Já o Figueirense passou o Icasa e Ceará após uma vitória e um empate.

O Juventude, em 2020, aparecia na 5ª posição e tinha um ponto de diferença para o CSA, que era o 4° colocado. O clube gaúcho ganhou duas vezes e ainda contou com um dois empates do time alagoano para entrar na faixa do acesso.

O único clube que estava fora do G4 antes da 36ª rodada e conquistou acesso à Série A em duas ocasiões foi o Avaí.

A primeira vez foi em 2014. O time catarinense tinha a mesma pontuação do Boa Esporte (4°) e Atlético-GO (5°), mas aparecia em 6° por ter uma vitória a menos. Nas duas rodadas finais, o Leão ganhou duas vezes e contou com tropeços dos concorrentes diretos para subir à elite.

Já em 2021, o Avaí era o 5° colocado, um ponto atrás do Guarani, que fechava o G4. Com duas vitórias e dois tropeços (uma derrota e um empate) do Bugre, o time catarinense conquistou o acesso.

A missão do Goiás neste ano não é nada fácil. O clube esmeraldino tem de vencer Amazonas (fora de casa) e Novorizontino (em casa), mas ainda depende de tropeços de Ceará (4º) e Sport (5º).

Pelo fato do Ceará ter duas vitórias a mais que o time goiano, o Vozão não pode mais vencer. Se ganhar um jogo, vai chegar aos 63 pontos com 19 vitórias. A equipe esmeraldina pode chegar no máximo aos 63 pontos, mas com 18 triunfos.

Além disso, o Goiás precisa torcer para o Sport perder pelo menos uma partida das duas finais que disputará. Apenas essa combinação, com vitórias do Goiás, pode levar o time goiano à Série A de 2025.

Goiás tenta repetir feito histórico para subir à elite

Série B

A antepenúltima da Série B acabou com a goleada do Ceará sobre o Botafogo-SP e, agora, oito times brigam pelas outras três vagas restantes na elite do Campeonato Brasileiro — o Santos, atual líder, já está garantido na 1ª divisão em 2025.

QUEM É QUE SOBE?

Mirassol e Novorizontino despontam como favoritos. Atrás apenas do Santos, os times do interior de São Paulo somam 63 pontos cada e podem liquidar de vez o acesso na penúltima rodada — desde que vençam seus duelos e que Ceará ou Sport tropecem.

Ceará e Sport surgem na sequência. Os nordestinos têm 60 pontos cada, mas os cearenses levam vantagem pelo número de vitórias (18 a 17). Os dois podem ultrapassar a dupla paulista já na próxima rodada com uma combinação de resultados.

O Goiás aparece em 6° e com chances bem mais modestas. A equipe alcançou 57 pontos ao vencer o CRB e, com 16 vitórias na Série B, precisa fazer, no mínimo, 4 pontos para sonhar com a 1ª divisão.

Operário-PR, Vila Nova e América-MG completam a lista na esperança de milagres. O trio precisa derrotar seus próximos adversários e, de quebra, torcer para uma série de tropeços dos concorrentes.

&nbsp;

VEJA A TABELA DE CADA UM 
&nbsp;

Mirassol 
vs Operário-PR (fora) 
vs Chapecoense (casa)

Novorizontino 
vs Paysandu (casa) 
vs Goiás (fora)

Ceará 
vs América-MG (casa) 
vs Guarani (fora)

Sport 
vs Ponte Preta (fora) 
vs Santos (casa)

Goiás 
vs Amazonas (fora) 
vs Novorizontino (casa)

Operário-PR 
vs Mirassol (casa) 
vs CRB (fora)

Vila Nova 
vs Ituano (casa) 
vs Paysandu (fora)

América-MG 
vs Ceará (fora) 
vs Brusque (casa)

COMO ESTÁ A TABELA? 
1 - Santos: 68 pontos (20 vitórias)* 
2 - Mirassol: 63 pontos (18 vitórias) 
3 - Novorizontino: 63 pontos (18 vitórias) 
4 - Ceará: 60 pontos (18 vitórias) 
5 - Sport: 60 pontos (17 vitórias) 
6 - Goiás: 57 pontos (16 vitórias) 
7 - Operário-PR: 56 pontos (16 vitórias) 
8 - Vila Nova: 55 pontos (16 vitórias) 
9 - América-MG: 55 pontos (14 vitórias) 
*já garantido na Série A