Esporte

Goiás e Vila Nova entram na reta final da corrida pelo acesso à Série A

Wesley Costa
Vila Nova e Goiás fizeram clássico no OBA, no 1º turno, e vão se encontrar novamente no 2º turno, na Serrinha

LUIZ FELIPE MENDES

Faltam dez rodadas para o desfecho da Série B de 2024. Os dois representantes do futebol goiano na competição, Goiás e Vila Nova, sonham com o acesso para a Série A de 2025, mas nenhum dos rivais tem situação encaminhada na reta final de temporada. O Tigre possui uma perspectiva melhor, enquanto o esmeraldino precisará melhorar muito o rendimento.

Com 45 pontos, o Vila Nova deixou o G4 nesta segunda (23) com a vitória do Sport, por 1 a 0, sobre o Paysandu, fora de casa. No domingo (22), o Tigre foi goleado pelo Ceará, por 4 a 0.

Como base de comparação, no ano passado o Tigre estava com 46 pontos, em uma campanha ligeiramente melhor do que a da atual edição. Porém, naquela ocasião, ao final da 28ª rodada, a equipe colorada estava em 7º lugar, a dois pontos do Novorizontino, que abria o G4. Ao final do torneio, o Tigre terminou em 8º.

Um dos principais problemas com o Vila Nova na Série B de 2024 tem relação com o desequilíbrio entre ataque e defesa e o desempenho dentro e fora de casa. O Tigre tem 33 gols marcados e 36 sofridos, com um saldo de três gols negativos - no último domingo (22), o time foi goleado por 4 a 0 pelo Ceará, na Arena Castelão.

O Vila Nova é o único clube da primeira página da tabela de classificação que possui um saldo de gols negativo neste momento. Ponte Preta, Chapecoense, Botafogo-SP, Paysandu, Ituano, CRB, Brusque e Guarani são os outros times no campeonato em condições semelhantes, e todos eles estão do 13º lugar para baixo.

Com um ataque de G4 e uma defesa de Z4, o Vila Nova intensifica seu desequilíbrio na relação entre mandante e visitante. Dentro de casa, o Tigre é o melhor time do campeonato, com 36 pontos somados em um rendimento de 11 vitórias, três empates e nenhuma derrota (85,7% de aproveitamento). A equipe colorada é uma das duas únicas que não perderam dentro de seus domínios até aqui, além do América-MG (76,1% de aproveitamento)

Fora de casa, no entanto, a história é totalmente diferente. Com apenas nove pontos somados, o Vila Nova possui um desempenho de duas vitórias, três empates e nove derrotas longe do OBA (21,4% de aproveitamento). Em questão de pontuação, o Tigre só é melhor fora de casa do que os atuais membros da zona de rebaixamento: Ituano, Brusque, Guarani e CRB.

Nos dez confrontos restantes do Vila Nova na Série B de 2024, o time colorado jogará cinco vezes em casa e cinco vezes fora. Seis dos adversários ainda brigam pelo acesso (Mirassol, Goiás, Coritiba, Amazonas, Avaí e Santos), e os quatro outros tentam escapar do rebaixamento (Botafogo-SP, Ponte Preta, Ituano e Paysandu).

Com uma espécie de “síndrome de Robin Hood”, em que o time tira pontos dos mais fortes e perde pontos para os mais fracos, o fato do Vila Nova ter mais confrontos diretos até o final do campeonato pode ser um alento para o torcedor. Porém, a maior parte desses duelos será como visitante - veja na tabela abaixo.

Por outro lado, a maioria dos compromissos do Vila Nova diante de adversários que brigam lá embaixo na Segundona será dentro de casa, contra Botafogo-SP, Ponte Preta e Ituano. No 1º turno, o Tigre não venceu nenhum desses três fora de casa, perdendo para Botafogo-SP e Ponte Preta e empatando com o Ituano.

O Goiás também continua com o sonho de disputar a Série A de 2025, para retornar à 1ª Divisão logo após o rebaixamento em 2023. Em 11º lugar na Série B de 2024, com 37 pontos, o alviverde vem se distanciando cada vez mais do G4 devido às oscilações dentro do campeonato como um todo.

Em um total de 28 rodadas, o Goiás só conseguiu vencer dois jogos seguidos uma vez, quando derrotou Ponte Preta (3 a 0), Brusque (2 a 0) e Ituano (2 a 0) entre a 2ª e 4ª rodadas do torneio. Depois disso, sempre que a equipe ganhou uma partida, tropeçou logo na sequência.

O esmeraldino ainda sonha com uma arrancada, a dez rodadas do fim. Porém, no caso do Goiás, são 11 jogos. Isso porque o embate contra o Amazonas, pela 18ª rodada, foi adiado por causa da participação esmeraldina nas oitavas de final da Copa do Brasil, e ainda não tem nova data marcada.

Esse jogo a menos pode ser uma carta na manga para o Goiás. Contudo, o Sport, um dos principais postulantes ao acesso, é mais um que tem uma partida atrasada, assim como o Operário-PR, que está um pouco distante do G4, mas ainda há espaço para sonhar com o acesso em caso de desempenho praticamente irretocável na reta final.

Na era dos pontos corridos da Série B, o clube que subiu com a menor pontuação foi o Vitória, em 2007, com 59 pontos. Para alcançar esta marca em 2024, o Goiás teria de somar 22 dos 33 pontos ainda em disputa para o time. Em outras palavras, precisaria de um aproveitamento de 66,6% - atualmente, o time tem aproveitamento de 45%.

Com base nas últimas dez edições da Série B, a média para subir é de 62 pontos. Nesse período, a pior campanha de uma equipe que subiu foi justamente do Goiás em 2018, quando conquistou o acesso com 60 pontos. Para que o esmeraldino chegue a pelo menos 62 pontos neste ano, terá de subir o aproveitamento ainda mais para 75,7%. Neste momento, nenhum dos 20 clubes da Segundona ostenta essa marca.

Embora tenha um dos melhores ataques da Série B, com 35 gols marcados (o Ceará lidera, com 45), o Goiás não está com solidez defensiva. Desde a vitória por 3 a 0 sobre o Sport, na 8ª rodada, o esmeraldino não terminou nenhum jogo sem sofrer gols no torneio. A equipe completou um turno (19 partidas) sendo vazada na competição.

Além de tudo, o Goiás ainda passa por instabilidade política - em um dos episódios recentes, Edminho Pinheiro deixou o cargo de presidente do Conselho Deliberativo - e está com uma relação mais distante com as arquibancadas.

No jogo contra o Avaí, por exemplo, quando o alviverde ganhou de 2 a 1, pela 26ª rodada, na Serrinha, a torcida promoveu um boicote no que foi o pior público da temporada (1.810 presentes, 1.757 pagantes).

Nos 11 compromissos que ainda tem na Série B, o Goiás enfrentará oito adversários que brigam pelo acesso, com apenas três confrontos contra equipes da parte de baixo da tabela - Chapecoense, Guarani e CRB. No total, seis jogos serão disputados na Serrinha, e nos outros cinco o esmeraldino vai atuar fora.

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