O futebol goiano perdeu, no início da tarde desta sexta-feira (4), o dirigente Pedro Ferreira Goulart, de 83 anos. Pedrinho, ou Seu Pedro, como era conhecido, era uma figura carismática e agrega um currículo de títulos e história por um clube do interior, o Crac, em que foi diretor de futebol, e outro da capital, o Goiás, em que foi diretor de futebol e presidente, de 2007 a 2008.Pedro Goulart morreu por volta das 13 horas no Hospital do Rim, em Goiânia. O velório será neste sábado (5), das 8 às 11 horas, no Cemitério Parque Memorial, na direção da saída para Bela Vista de Goiás. No mesmo local, o corpo dele será sepultado.Pedro Goulart deixa três filhos – Marco Goulart, Ricardo e Rafael -, cinco netos e a mulher, Neusa Goulart. Ele tem quatro irmãos e era natural de Araxá-MG. Um dos filhos dele, Marco Goulart, explicou que Pedrinho estava com Alzheimer há cerca de cinco anos. A doença progrediu, mas a saúde dele ficou debilitada nos últimos dias.O ex-presidente do Goiás teve pneumonia e no dia 10 de julho se sentiu mal. Foi internado e por, último, o ex-dirigente estava numa unidade de terapia intensiva (UTI). Nesta sexta-feira (4), ele ainda teve o último contato com Neusa Goulart durante a visita ao hospital. Assim que a família estava saindo do local, foi comunicada do falecimento de Pedro Goulart.“Meu pai deixa um legado”, resumiu Marco Goulart. No futebol, o legado de Pedro Goulart é do típico dirigente raiz, dos tempos em que se fazia futebol sem empresários, telefone celular e com muitas dificuldades.Em Catalão, ele se tornou um dos grandes nomes do Crac. Foi jogador amador no futebol catalano. Pedro Goulart e um grupo de empresários e políticos de Catalão decidiram fundar um clube de futebol profissional. O projeto era a Associação Atlética Catalana (AAC), mas acabaram optando pelo Crac, clube social daquela cidade.O Crac foi campeão da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano (1965), sofreu para se manter em 1966 na elite e, com a mesma base, foi campeão do Estadual de 1967, título que virou lenda no futebol catalano e interior goiano.Em 1968, o Crac ficou entre os quatro melhores e voltou a brigar pelo título do Goianão de 1969, perdendo-o para o Vila Nova por causa de irregularidade que custou a perda de pontos ao Leão do Sul. Pedro Goulart foi comerciante e até professor em Catalão, onde viveu até 1978. Neste período, se transferiu para Goiânia e se aproximou do Goiás. Era amigo de Edmo Pinheiro, principalmente, e também conviveu bastante com Hailé Pinheiro, que morreu ano passado.No Goiás, fez parte do núcleo que ajudou o clube a progredir em nível nacional. Ou seja, são cerca de 45 anos de ligação com o alviverde, participando também dos títulos, contratações de jogadores e chegando ao cargo de presidente, eleito por aclamação no final de 2006.Pedro Goulart presidiu o clube de 2007 a 2008. Foi quando o Goiás concluiu a negociação de Welliton, uma das melhores transações financeiras do alviverde, repatriou Paulo Baier e sofreu bastante para não ser rebaixado na Série A 2007.No ano seguinte (2008), perdeu o título do Goianão para o Itumbiara, mas trouxe o técnico Hélio dos Anjos, que estava no futebol árabe, para formar uma base forte e vencedora em 2009.Em novembro de 2017, Pedro Goulart foi convidado pelo POPULAR para voltar ao Estádio Antônio Accioly, onde relembrou a conquista do título do Goianão de 1967 pelo Crac.Ele contou histórias curiosas, como a de quando foi a Ituiutaba-MG contratar o atacante Toninho Índio dirigindo um Fusca e carregando nele uma mala de dinheiro para buscar o então jovem artilheiro, que também fez sucesso no Crac. Em 2017, o Crac completava 50 anos de conquista do título do Estadual.