Esporte

No Atlético-GO, Jorginho valoriza carreira e garante motivação para fazer 'grande ano'

Bruno Corsino / ACG
Jorginho em entrevista coletiva no Atlético-GO

No segundo dia de Atlético-GO, o técnico Jorginho, de 56 anos, exaltou os feitos da própria carreira como jogador, auxiliar e técnico em entrevista coletiva virtual, nesta terça-feira (6). O treinador disse que já vai comandar o time rubro-negro contra o Grêmio Anápolis, nesta quarta-feira (7), pela 7ª rodada do Campeonato Goiano, com a ajuda do auxiliar João Paulo Sanches, da comissão técnica permanente do clube.

Ao responder perguntas sobre os últimos trabalhos, Jorginho também procurou ressaltar as conquistas como auxiliar, incluindo Copa América e Copa das Confederações pela seleção brasileira, quando trabalhou com Dunga. E garantiu que "não é tão simples assim repetir a mesma carreira (de jogador) como treinador".

Por não conhecer tanto os adversários do Estadual, Jorginho disse que vai contar com a ajuda de Joao Paulo Sanches. "Vou estar nesse próximo jogo, o João vai estar comigo no banco. Ele conhece muito. Eu não conheço tanto os outros clubes. Conheço muito o Atlético-GO, estudei muito nos últimos dias. Creio que vou trazer algo importante para o clube", avisou. "Estou muito motivado de que vamos fazer um grande ano", concluiu.

Para descrever o que pode oferecer, falou em trabalho. "Nada extraordinário para se falar, mas eu sou um trabalhador, trabalho muito, sou apaixoando pelo que faço, sou dedicado, gosto das coisas muito corretas. Disciplina, trabalhei na Alemanha, no Japão, é algo que é premissa nesses lugares. Sou extremamente disciplinado, com horário. Aqui o clube respira dessa forma, de organização, seriedade."

O treinador elogiou o Atlético-GO em termos de estrutura, condições de trabalho, pensamento sobre futebol e por não fugir de sua realidade financeira, mantendo a estabilidade. Considerou o Dragão uma "grande oportunidade" na carreira.

Jorginho afirmou que a presença maior de treinadores estrangeiros no futebol do País é uma fase e que os brasileiros vão retomar o espaço.

"Já tivemos fase aqui em que treinadores mais experientes passavam de clube em clube e ficava só entre eles. Chegou uma fase de auxiliar técnicos fixos que acabaram assumindo, e vários estão hoje como treinadores. Hoje, estamos numa fase de estrangeiros até que os brasileiros consigam conquistar seu espaço, títulos e isso vai voltar a acontecer. E sem problema. Fui estrangeiro no Bayern, no Kashima. Falo alemão, joguei na Alemanha muito tempo e sonho em ser o primeiro treinador brasileiro na Alemanha. Estrangeiros são muito bem-vindos", afirmou o treinador.

Confira os principais trechos:

OPORTUNIDADE NO ATLÉTICO-GO

Cheguei aqui e vi que o clube tem um protocolo. Há uma filosofia e uma metodologia de trabalho. Cada treinador tem sua forma de trabalhar, mas é importante se encaixar na forma do clube trabalhar. Já enfrentei o Atlético-GO algumas vezes, sei da intensidade que tem. Claro que podemos melhorar, mas vejo que há aqui tudo aquilo em que eu acredito. Vamos dar continuidade a esse trabalho do João (Paulo Sanches) e inserir alguns conceitos meus.

TEMPO DE TRABALHO

Não é possível criar um padrão tático pra uma equipe em uma semana. Não posso, em 30 minutos de trabalho, trazer todo o conceito. O João (Paulo Sanches) vai trazer, posso contribuir. Depois, no jogo contra o Joinville, já trazer algum conceito desenvolido em uma semana de trabalho. Existe um descrédito muito grande por boa parte da imprensa e de alguns presidentes no trabalhado dos treinadores brasileiros. Se tiver tempo pra trabalhar e puder desenvolver, vai ter êxito.

BUSCAR CONTRATAÇÕES

Tenho acompanhado os jogos do Campeonato Goiano, tenho gostado, mas precisamos enteder que há uma diferença para Copa do Brasil e Brasileiro. Estamos abertos sim a uma chegada de atletas. Não vou falar sobre posição ou nomes, pois é uma coisa interna. De qualquer forma, o elenco já é muito forte e confiamos muito que podemos conquistar os objetivos traçados pelo Atlético-GO.

TÉCNICOS ESTRANGEIROS

Participei da seleção de 94, muito contestada. Quando fizemos 25 anos do tetra, se passou muito a Copa de 94. Se passou a ideia de que não era só uma equipe tática, mas muito qualificada e extremamente aplicada taticamente. Ué, mas o Parreira não estava ultrapassado? A equipe tinha qualidade e era aplicada taticamente, e tinha sangue nos olhos. É uma fase, uma tendência, as seleções que ganham Copas geralmente viram tendência. Não é o caso de Portugal e Argentina, mas é o caso da Espanha, que já foi campeã. É uma fase que precisamos passar.

ESTABILIDADE FINANCEIRA DO CLUBE

Lembrei de uma situação na Ponte Preta. O Abner, lateral esquerdo que está no Athletico-PR, era um dos jogadores mais importantes do elenco naquela oportunidade. A gente estava bem no G4 e acabamos não subindo. Fui mandado embora e fui para o Coritiba e consegui subir. Perdemos um jogador importante pra sanar a parte financeira. Resolveu, mas, pra equipe, foi muito ruim.

Então, chegar a um clube que monta um elenco de acordo com sua condição financeira é muito importante. Um clube que não faz loucura e preza por manter os pés no chão. Chegar em um clube que tem saúde financeira é um diferencial.

Montar um elenco de acordo com sua condição financeira, é justamente isso que o presidente conversou comigo. Na Ponte Preta, consegui receber tudo. Coritiba ainda está me devendo alguma coisa. Tenho boa parte pra receber do Vasco. Isso tem interferência dentro de campo, os jogadores ficam tranquilos (com a parte financeira estável). [Cita questões de estrutura] São coisas que estão necessitadas em grandes clubes e tem aqui no Atlético-GO.

SEUS PRINCIPAIS TRABALHOS

O trabalho que fiz no Figueirense foi excepcional. Não posso deixar de falar porque as pessoas têm essa mania, vejo aqui o Eduardo, o Joelton Urtiga, meu auxiliar... Os auxiliares são treinadores, não deixam de ser treinadores porque não estão ali na posição como head coaches. O trabalho na seleção foi muito bem feito. Perdemos uma Copa do Mundo como a seleção de 82 perdeu. Trabalho no Kashima foi excepcional. Vim para o Brasil por uma questão pessoal, particular. Trabalho no Vasco também foi excepcional, perdemos nossa invencibilidade para o Atlético-GO, em Cariacica. Cheguei no segundo jogo do 2º turno e, por pouco, não consegue livrar do rebaixamento. Se tivesse o VAR, o Vasco teria permanecido em 2015. Ganhamos o título depois contra o Botafogo. Depois, o Atlético-GO foi campeão merecidamente (em 2016 na Série B). O Coritiba quando tivemos o acesso em 2019, foram 15 jogos e nove vitórias, apenas uma derrota. Só um acesso básico não basta, a gente precisa ser campeão. Estou muito feliz e muito motivado pra que a gente tenha um grande ano.

SOBRE SER COMENTARISTA

Em nenhum momento, deixei de ser treinador. Tive um acordo com o SBT porque não tinha nenhum contrato exclusivo com eles durante o período. Fizemos um contrato a cada vez que eu trabalhava. No final de tudo, conversei que estaria dando continuidade à minha profissão como treinador. Desde que era auxiliar na seleção, não deixei de ser treinador. Estava ali como comentarista da área técnica e tática. O que não queria era pegar um trabalho no meio do caminho, como aconteceu no ano passado. É muito difícil pegar um trabalho no meio do caminho, quase que no final. Não tenho dúvida de que permaneço como treinador.

 

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