O presidente do Atlético-GO criticou, nesta quarta-feira (26), o auxiliar técnico de Cristóvão Borges, o português José Quadros. Os dois foram demitidos pelo dirigente nesta terça-feira.
O presidente voltou a afirmar que a incompatibilidade de filosofias entre clube e treinador motivou a troca no comando. O dirigente afirmou várias vezes que não tem pressa para contratar um substituto, repetiu que a prioridade é a Copa do Brasil e disse que "o Atlético está demitindo porque entendeu que lá na frente ia ter um grande problema".
"Ele (Cristóvão) tem os conceitos dele, trouxe um auxiliar que não tem a mínima condição. Não quero ficar falando mal das pessoas. Quero buscar a solução. A gente precisava de uma filosofia totalmente diferente. Não sou ditador, mas acima de tudo estão os objetivos do clube", disse Adson Batista, no começo da entrevista desta quarta-feira (26).
Mais à frente, voltou a falar sobre o português. "Ele (Cristóvão) é correto, sério, saiu pela porta da frente. Acho que ele precisa de um auxiliar mais experiente. É um auxiliar estudioso, mas nunca viveu prática, abordar jogadores", afirmou Adson Batista.
José Quadros, de 40 anos, chegou com Cristóvão Borges e, logo no dia do anúncio, viu sua nacionalidade se tornar alfinetada de Adson Batista. O auxiliar, que é formado em Educação Física e tem mestrado em Psicologia do Esporte, deu entrevista ao POPULAR no início de fevereiro e falou sobre suas experiências e o trabalho com Cristóvão Borges.
Na entrevista desta quarta-feira (26), Adson Batista lançou mão de discurso que já teve em outros momentos, como o de criticar a presença de público no estádio, e falou também sobre a publicação do jornalista Paulo Vinícius Coelho, no Globoesporte.com, de que o dirigente busca um técnico para formatar uma equipe reativa.
"Teve um jornalista que me ligou ontem e eu falei. Ele colocou um matéria totalmente ao contrário do que falei. Eu errei realmente, mas quero time que jogue pra frente. Não quero jogando linha baixa. Linha baixa é jogar com a bunda lá atrás. Gosto que jogue em linha alta, com copetitividade, principalmente no Goiano", disse o dirigente atleticano.
Adson Batista ainda falou um pouco sobre o trabalho de Cristóvão. "O Cristóvão não enxerga o fisiologista de uma forma como precisa. Outras coisas não vou expor aqui. É um cara do bem, mas não abre mão dos conceitos dele. Vou respeitar, mas tenho o direito de buscar um perfil diferente."
Para o presidente do Dragão, não havia como prever que o clube não se adaptaria a Cristóvão. "Com toda a sinceridade, você só conhece o profissional no dia a dia. As informações (que se busca) são muito por amizade. Ele tem perfil tranquilo, que não é de ter cobrança firme, de estar pegando jogador a todo momento e buscando tirar o máximo dele. Leva os caras de uma maneira mais light, é o perfil dele. Eu enxergo diferente, é um direito meu. Não sou perfeito, mas faz a somatória dos últimos anos. O Atlético mudou de patamar. Não sou centralizador, mas não sou omisso. Quero uma intensidade em todos os sentidos. Preciso de um profissional que tire o máximo e não que 'deixa a vida me levar, vida leva eu'", disse Adson Batista.
Veja mais trechos da entrevista do presidente do Dragão:
"O time vem fazendo campanha muito boa, regular, tranquila, passou de fase na Copa do Brasil. O problema é o futuro. O Atlético-GO precisa correr mais que os outros, precisa ser mais intenso"
"Não temos poder de investimento faraônico. Preciso de um treinador que jogue junto, tire o máximo no dia a dia e faça a diferença. Às vezes, num time grande (o Cristóvão) vai dar mais certo"
"Estou aqui protegendo o clube. Esse clube é muito importante na minha vida. Não faço nada pra agradar ninguém. Faço o certo. Não sou de ficar abrindo clube pra palpiteiro. A gente detectou muita coisa que é diferente para os nossos conceitos. O Cristóvão está errado? Não sei. Mas pro Atlético está"
"O torcedor goiano é de ir só quanto está bem. O Atlético até bem, só vão os guerreiros de sempre. O Atlético tem muita gente na rede social detonando 24 horas. O Atlético está tranquilo, fez o certo, não vai ter pressa porque não quero ficar trocando téncico todo dia, isso é ruim. Já tinha jogador questionando alguns métodos. Não posso ficar jogando pra torcida"
"Tomei a decisão tranquilo, tomaria de novo. Vou ter muito cuidado pra não ficar tocando treinador toda hora, porque isso é ruim"
"Falta opção. Tem um monte de treinador, mas se eu somar tudo, está difícil. Três ou quatro têm condições de fazer o que precisamos. Falta um pouco de mea culpa dos treinadores. Tem muito treinador de discurso que não tem qualidade no dia a dia, de fazer jogador olhar pra ele e ver nele uma referência. Tem treinador que não é assim, que vai vendo se o time carrega eles (sic), se o clube carrega eles (sic). Às vezes, eu dei a mão pra não cair no abismo. Tem que ter responsabilidade. Escalar time, a última palavra é do treinador. (Falar que eu escalo) é conversa de gente que fala a mesma coisa sempre, que não contribui em nada"
Sobre trazer técnico estrangeiro: "Não descarto nada, mas prefiro os brasileiros pra um clube emergente como o Atlético. O Atlético não pode pagar pra ver. Para nós, é força de conjunto, limitações orçamentárias, tenho que ter cuidado. Prefiro brasileiro com conceitos que se adaptem à nossa filosofia."
"Temos decisão importantíssima pro clube. Minha comissão permanente tem os jogadores na mão. Isso me dá tranquilidade pra buscar um profissional que se adapta ao nosso perfil. Trabalhar no Atlético é fácil, mas tem que querer. Temos uma equipe muito boa de trabalho. São pessoas honestas, ninguém quer ser treinador. Aqui tem uma comissão muito funcional"
"O Atlético está demitindo porque entendeu que lá na frente ia ter um grande problema. Eu deixei isso claro pro Cristóvão. O diploma melhor é o dia a dia, seu feeling, seu dom pra fazer as coisas. Não estou desesperado pra buscar treiandor porque confio na minha comissão; Daqui a pouco, o jogador quer uma referência. Mas são situações que vamos resolver com calma. Temos um Goiano que é importante pro Atlético, mas o mais importante é quarta-feira (Copa do Brasil, contra o Santa Cruz). Posso trazer o Pep Guardiola pra quarta que pouco vai mudar, porque nem tempo ele vai ter pra trabalhar"