Esporte

Troca no gol do Atlético-GO: posição sensível e que desperta discussão

Ingryd Oliveira/ACG
Diego Loureiro, de 24 anos, tem apenas dois jogos pelo Atlético-GO na temporada, um no Goiano e um na Série B

No Atlético-GO, depois que a equipe deixou de ganhar partidas na Série B, o técnico Alberto Valentim fez trocas em todas as posições, à procura da formação que possa recolocar o time no caminho das vitórias. Faltava mudar o goleiro, e o treinador decidiu fazer isso no jogo em que o Dragão empatou por 1 a 1 contra o Ituano-SP, fora, na última rodada.

Saiu Ronaldo, capitão e até então titular do Dragão, substituído pelo reserva imediato Diego Loureiro. O time rubro-negro volta a jogar na Série B diante da Ponte Preta, no dia 23. Até lá, os dois goleiros disputarão a vaga treino a treino, mas há a possibilidade de Diego Loureiro ser mantido entre os titulares.

A justificativa do treinador foi de que a mudança ocorreu para “quebrar paradigmas” e porque tem confiança no trabalho de Diego Loureiro, de 24 anos, por já conhecê-lo das duas passagens que ele (Alberto Valentim) teve no Botafogo, em 2018 e 19. Pela explicação do treinador, Diego Loureiro “treina muito bem” e sabe jogar com os pés. Foi uma aposta arriscada, pois o escolhido não jogou bem na derrota para o Goiânia (4 a 2) e atuou só duas vezes nas rodadas finais da Série A de 2022, no lugar de Renan – Ronaldo se recuperava de cirurgia no ombro.

Os caminhos dos dois candidatos à camisa 1 se cruzaram no dia 24 de abril de 2022, em lados opostos. Ronaldo era terceiro goleiro e fez a estreia dele pelo Dragão, no lugar do criticado Luan Polli, no empate de 1 a 1 com o Botafogo. O titular do alvinegro era Diego Loureiro, que falhou duas vezes no gol de Marlon Freitas. O erro significou a perda da posição e o último jogo pelo Botafogo.

Reserva com Valentim

Antes, quando Loureiro e Alberto Valentim trabalharam no Botafogo, o goleiro não atuou sob o comando do treinador. No primeiro ciclo do técnico no clube, Loureiro era promessa da base e opção para duas referências: Jefferson, no último ano de clube e na carreira (2018), e Gatito Fernández, destaque no título do Carioca 2018, na final decidida nos pênaltis com o Vasco.

Em 2019, quando Valentim voltou, os goleiros mais escalados foram Gatito e Diego Cavalieri, ao passo que Loureiro não atuou naquele ano. O melhor momento dele no Botafogo foi no título da Série B de 2021, com 29 atuações e titular em boa parte dela.

Porém, também não se firmou e foi cedido ao Atlético-GO ano passado. Ronaldo chegou um pouco antes e se tornou titular após falhas de Luan Polli, que resultaram na demissão do preparador de goleiros Marcos Medeiros. Ronaldo só saiu por causa da lesão no ombro, voltou no Goianão 2023, foi capitão, bicampeão e era titular, mesmo na fase ruim do Dragão.

Troca no gol

A troca de goleiros gera discussões. “Ronaldo é muito bom debaixo das traves. É excelente goleiro. A responsabilidade (pela troca) é do treinador”, analisa Pedro Bala, ex-goleiro do Atlético-GO na conquista dos títulos do Goianão (1970) e do Torneio da Integração Nacional (1971). A observação feita por ele é que Ronaldo precisa se acertar com os zagueiros quando precisa sair do gol. “A saída (da meta) tem de estar em sintonia com a zaga”, diz.

Então, entra outra situação complicada: a zaga atleticana não passa confiança desde o ano passado e também foi modificada por Valentim. Pedro Bala entende que Ronaldo merece a titularidade.

Ex-jogador e ex-técnico da base do Atlético-GO, Reinaldo Souza não conseguiu entender os motivos que levaram à saída de Ronaldo e à escolha por Diego Loureiro. “Fiquei sem entender e acho que não se justifica. Quando o goleiro toma gol fácil, a troca pode ser feita. Mas um goleiro que é regular e joga bem, é difícil mudar”, atesta Reinaldo Souza. O ex-atleta também vê a zaga atleticana frágil, algo que acaba dificultando a vida do goleiro.

“É muito difícil para o goleiro ter confiança quando a defesa falha muito nos jogos”, explica Reinaldo, acrescentando que Ronaldo vinha evitando outros gols e mantinha a regularidade na posição.

Para ele, a opção por um goleiro, como titular, passa pelo que apresenta durante os treinos e pela troca de ideias com os preparadores de goleiros. O atleta que sai precisa de um motivo para ser trocado, enquanto o que entra tem de estar credenciado.

Responsável pela equipe máster do Atlético-GO e ex-jogador do clube, Jander Marçal não viu motivos, inicialmente, para a troca. Mas, ao ouvir as ponderações de Valentim, entende que a mudança pode reavivar a disputa pela vaga e que “jogador não pode se acomodar.”

Para Jander, a questão também passa pelos preparadores de goleiros para que a decisão seja tomada. Ano passado, o ex-jogador lembra que Ronaldo ganhou a posição num momento de instabilidade de Luan Polli, então titular da meta atleticana.

Ronaldo tem 57 atuações no Atlético-GO e foi decisivo no Goianão, pela liderança e presença nos pênaltis, ao pressionar a arbitragem no pênalti cobrado por Hugo – o goleiro acusou dois toques, o lance foi revisado pelo VAR, e o pênalti convertido pelo Goiás, anulado. Vitória atleticana por 5 a 4 e título festejado na Serrinha.

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