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Cachês milionários entram na mira do MP e causam série de cancelamentos de shows

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Cantor Gusttavo Lima

Quanto vale o show? Essa questão tornou-se um debate caloroso nas redes sociais, chamou a atenção do Ministério Público de diferentes estados e causou uma série de cancelamentos de apresentações milionárias de artistas sertanejos em eventos pagos com o dinheiro público, na maioria das vezes sem licitação. Muitos cantores estão ficando sem datas, sendo Gusttavo Lima o mais afetado. Em pouco dias, ele perdeu contratos importantes nos valores de R$ 1,2 milhão para tocar em Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais, e outro de R$ 800 mil para subir ao palco em São Luiz, menor cidade de Roraima.

Os valores astronômicos pagos em cachês - que na maioria dos casos deveriam ser aplicados em projetos que beneficiassem a comunidade local, caso de investimentos na saúde e na educação - provocaram muita indignação na internet. Houve até pedido de abertura de uma CPI Sertaneja, sendo um dos assuntos mais comentados do Twitter. No centro da polêmica, Gusttavo Lima se pronunciou sobre o assunto na noite de segunda-feira (30) no seu perfil no Instagram, onde ele é seguido por quase 45 milhões de pessoas. Ele negou irregularidades e disse que está prestes a “jogar a toalha.”

“É triste ser esculhambado, tratado como se fosse um criminoso. Aqui existe um ser humano, um pai de família, ninguém é bandido. Nunca me beneficiei de dinheiro público, empréstimo, ou algo do tipo. Minha vida foi sempre trabalhar. Em 2019, fiz quase 300 shows. Temos uma equipe gigantesca. Não compactuo com dinheiro público. Pago todos os meus impostos em dia. Sobre shows de prefeituras, acho que todos os artistas já fizeram ou fazem shows. É sobre valorizar nossa arte. Vocês podem ter certeza que sou um cara 100% correto. Aqui não existe coisa errada”, disse em live Gusttavo Lima.

Essa bomba atingiu a classe sertaneja depois que Zé Neto, parceiro de Cristiano, do hit Largado às Traças, disse durante show em Sorriso, no Mato Grosso, em 13 de maio, que quem paga o cachê da dupla é o próprio público e que não necessita de auxílio, caso da Lei Rouanet. “Nós não precisamos fazer tatuagem no toba para mostrar se a gente está bem ou não”, disparou em referência à tatuagem íntima feita por Anitta em 2021. Imediatamente, o assunto repercutiu nas redes sociais e os fãs da estrela internacional levantaram várias suspeitas sobre as apresentações deles pagas com dinheiro público.

A partir daí uma série de shows com cachês milionários dos sertanejos entrou em pauta na internet, como a apresentação de Zé Neto e Cristiano, paga com dinheiro público no valor de R$ 400 mil. Bruno e Marrone e outros nomes tiveram datas canceladas, mas quem mais sofreu com esse cabo de guerra foi Gusttavo Lima. Mais um show do artista virou alvo de investigação do Ministério Público, dessa vez no Rio de Janeiro. A Prefeitura de Magé, na Baixada Fluminense, o contratou para cantar no aniversário de 457 anos da cidade, em junho, por R$ 1 milhão. A festa segue confirmada.

Desabafo
Durante o desabafo no Instagram, Gusttavo Lima falou sobre os custos com transporte de avião e com toda estrutura de show para justificar o valor que cobra das apresentações. Emocionado, disse que vem sendo alvo de perseguição. “Estamos vivendo uma geração cruel, que vale tudo por mídia, por clique, tudo para vender uma matéria. Meu nome não tem qualquer ligação com dinheiro público, meu dinheiro vem da minha garganta. Se um dia eu fiz um show de prefeitura, como todos os artistas fazem, não é porque é prefeitura X ou Y que eu vou deixar de cobrar o meu preço”, concluiu o artista. A assessoria do cantor disse que ele não vai se pronunciar mais sobre o assunto.

Enquanto falava sobre as investigações que estão acontecendo em relação aos seus shows por órgãos públicos, Zé Neto postou um comentário na live para falar sobre o momento. “Cara, quem tem que dar satisfação sou eu. Irmão, estou atravessando uma fase ruim. Sou seu irmão, não precisa se explicar. Joga para mim, irmão. Não tem nada a ver com você. Não precisa se explicar”, escreveu. Anitta não perdeu a oportunidade de comentar toda a polêmica que colocou a música sertaneja na mira de investigações. “E eu pensando que estava só fazendo uma tatuagem no tororó”, ironizou ela no Twitter.

Anitta x sertanejos
Não é de hoje que a relação de Anitta com os sertanejos não é nada amistosa. Em Goiânia, o que não faltou foi “treta” entre a estrela internacional e o Festival Villa Mix, um dos maiores palcos do gênero do Brasil. Em 2016, ela não se apresentou na festa, após uma mudança de horário no seu show. A cantora precisava viajar para gravar o clipe de 'Sim ou Não', com Maluma. Na última edição, em 2019, a apresentação da cantora foi a única que não foi transmitida nas redes sociais. A organização do evento, a AudioMix, disse na época que havia uma proibição a respeito de qualquer gravação, transmissão sonora ou audiovisual das apresentações da cantora.

A cantora rebateu. “Adorei meu show, obrigada a toda a galera de Goiânia. Mas, olha só, meu show não foi transmitido não sei porque, não. Questão contratual nenhuma minha. Por mim está tudo certo”, disse. Em seguida, foi postado o contrato de Anitta com essa cláusula e a artista precisou dar nova explicação. “Eu detesto barraco, detesto fazer esse tipo de coisa. Existe, sim, essa cláusula. Como funciona o trâmite: o festival manda e-mail para a gravadora, assim como fizeram com o Kevinho, e liberam a imagem. Então não falem que vocês não sabiam o trâmite. Vocês sabiam por que assim que o contrato foi assinado a gente avisou”, disse no Instagram.

Safadão custa R$ 600 mil em Aparecida
Wesley Safadão foi o responsável por encerrar o Aparecida é Show no dia 10 de maio. O cantor entrou de última hora na programação da festa, já que substituiu Gusttavo Lima. A reportagem foi checar os valores pagos aos artistas durante o evento, com dispensa de licitação. O forrozeiro recebeu o maior cachê entre os artistas, no valor de R$ 600 mil, como foi publicado no Diário Oficial da cidade no dia 9 de maio. Logo atrás, Leonardo recebeu R$ 350 mil, Xand Avião R$ 300 mil, Zé Vaqueiro R$ 250 mil, César Menotti e Fabiano R$ 245 mil, Raí Saia Rodada R$ 240 mil e Leo Magalhães R$ 180 mil. Entre os valores mais baixos, a artista gospel Isadora Pompeo (R$ 75 mil), Rosa de Saron (R$ 80 mil) e Zé Ricardo e Thiago (R$ 90 mil).

À reportagem, a prefeitura de Aparecida informou por meio de nota que para a realização do Aparecida É Show, em celebração ao centenário da cidade, promoveu a “contratação de artistas de renome nacional de acordo com a lei vigente, que determina a forma de contratação deste tipo de serviço.” “Mais de 400 mil pessoas participaram da tradicional festa de maio e foram arrecadadas mais de 250 toneladas de alimentos, que foram destinados à famílias em alta vulnerabilidade social. A entrada foi gratuita e a doação de alimentos foi opcional”, disse. A prefeitura ainda ressaltou que o setor de eventos foi o primeiro a paralisar as atividades e o último a retornar em razão da pandemia. “Eventos como o Aparecida é Show movimentam a economia local e geram renda para milhares de famílias”, completou. 

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Comentário de Zé Neto provocou toda a situação
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Anitta: “E eu pensando que estava só fazendo uma tatuagem no tororó”
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