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Cancelamentos no BBB anunciam nova era de crise de imagem no showbusiness

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Participantes no Jogo da Discórdia no BBB

Na internet, só se fala no nome dela. O refrão de um de seus principais hits é repetido à exaustão. “Já que é pra tombar, tombei” se tornou o hino do aparente fiasco que tem sido a trajetória da cantora Karol Conká no Big Brother Brasil 21.

Enquanto outros artistas conseguiram usar o programa como um trampolim para voos mais altos, a atual edição do reality periga revelar alguns cases de insucesso. O motivo é a forma como ela trata Lucas Penteado, outro participante da edição, considerada agressiva e desproporcional nas redes sociais.

Na era do Instagram, uma vitrine como um reality show pode se revelar perigosa. Num momento em que internet e televisão finalmente começam a se entender, abre-se uma nova seara no showbusiness.

“Por muitos anos a televisão bateu de frente com a internet. Agora é o casamento perfeito. Todo mundo da internet foi para a TV e vice-versa”, diz João Mendes Miranda, empresário que ajudou a lançar nomes como Felipe Neto e Whindersson Nunes.

Mas justamente por ser um ramo novo no entretenimento, o seu caminho ainda está sendo trilhado, o que abre caminho para alguns percalços.

Esse despreparo pode ser tanto da rede de televisão de pesar a mão e expor além do aceitável os participantes de um reality. Mas é também de influenciadores e suas equipes, que devem passar a se preparar mais rigorosamente —inclusive psicologicamente— antes de encarar um BBB.

“Eu acredito que a TV vai se adequar, ela está se reinventando financeiramente e tem um glamour que atrai muito fácil quem vem da internet. A TV tende a dominar esse espaço e tende a criar regras melhores”, diz Miranda.

“Quem está lá dentro não sabe o dano que está acontecendo. Mas os influenciadores que estarão nas próximas edições do reality estão assistindo”, diz Miranda. Assim, a expectativa é que no futuro, os participantes já entrem na casa vacinados, cientes dos riscos e dos comportamentos que devem ser evitados.

Ainda é cedo para dizer o que acontecerá com a carreira de Karol Conká, mas já há consequências. O Rec-Beat, festival de música de Pernambuco, decidiu cancelar a participação da cantora em sua edição digital deste ano, que ocorre a partir de 14 de fevereiro. O canal fechado GNT adiou a estreia de um programa que lançaria com a artista.

Enquanto isso, um multidão virtual assiste a uma live que mostra quantos seguidores a artista curitibana vem perdendo em tempo real —por enquanto, são cerca de 300 mil.

Com 613 mil ouvintes mensais no Spotify —só “Tombei” foi ouvida mais de 20 milhões de vezes na plataforma—, Conká já era uma artista de carreira consolidada. Então por que assumir um risco como o BBB?

“Acho que tudo bem participar. Mas eu não vejo necessidade de um artista com carreira bem consolidada ir parar num reality.” Este é o cálculo de Ike Cruz, especialista em gestão de imagem e gerenciamento de crise com quase 30 anos de carreira.

A questão é que, em 2021, há uma nova variável que bagunça essa equação. O coronavírus acertou em cheio o setor cultural, impedindo shows, gravações e peças de teatro.

“Com a falta de gravações e de filmagens, a pandemia colocou muitos artistas na posição de influenciador digital. É uma espécie de ‘olha, estou aqui, não se esqueçam de mim”, diz Cruz. “E isso causa inevitavelmente uma série de equívocos. Se você tem uma frequência diária de gerar conteúdo para agradar os fãs, em algum momento uma expressão ou uma foto é passível de causar um deslize.”

E para muitos, a lógica do reality show é bem próxima do que acontece no Instagram.

A também veterana no mercado de agenciamento de artistas Vivian Golombek, da VGI agentes, já começa a entrevista com um alerta. “Eu acho esse tipo de programa um lixo. Eu ia pedir para o artista sair do meu escritório.”

“O BBB é uma mídia social, porque você não é um personagem lá, você é você”, diz.

Segundo ela, “quem deixa de seguir Conká no Instagram é quem estava interessado na vida dela e não na sua arte”. Por isso, é preciso que o artista tenha critério ao publicar, “senão ele deixa de ser artista e passa a ser influenciador”.

“E não estou desmerecendo a profissão de influenciador, a Rainha da Inglaterra está para provar a relevância do ofício”, diz Golombek. “Acho que ela [Conká] tem que pedir desculpas e seguir em frente com o seu trabalho, que é a música.”

Segundo Ike Cruz, ressurgir das cinzas não é tão simples assim em tempos de internet. “A pessoa pública só pode se redimir com conduta e reparação —e não pode reincidir. Mas o publico nao é idiota, ele senta quando é pra nao perder contrato e quando é genuino. Subestimar o público é um perigo. A emenda pode ser pior que o soneto.

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