Aos 35 anos, espaço ganha nova etapa em sua história com uma reforma completa de estrutura física e de equipamentos; espaço será reaberto no dia 1º de fevereiro
Uma grande pintura com ícones art déco da capital, como o Teatro Goiânia, estampa a entrada do Cine Cultura, que desde o último agosto passa por uma reforma completa em sua estrutura. Ao entrar na sala, quem acompanha de perto o espaço vai se impressionar: novas poltronas, carpete, iluminação, sistema de ar-condicionado e sonorização, painéis acústicos, tela e projetor, tudo com uma roupagem retrô, criam uma nova etapa dos 35 anos do único cinema público da cidade.
O novo Cine Cultura, localizado no Centro Cultural Marietta Telles, na Praça Cívica, reabre as portas ao público no dia 1º de fevereiro, em um sábado marcado por exibições especiais. Desta quinta-feira (16) até a data de reinauguração, a equipe da Secretaria de Estado da Cultura (Secult Goiás) ainda tem muito o que fazer: os últimos ajustes estão a todo o vapor, como a instalação das luminárias de piso e os guarda-copos das poltronas.
O restauro teve investimento total de R$ 2,1 milhões, sendo R$ 1,4 milhão da obra e R$ 755 mil dos equipamentos necessários. Os recursos vieram por meio da lei federal Paulo Gustavo, operacionalizados pela Secult Goiás. "O trabalho se concentrou em deixar o espaço oco para fazer as reformas necessárias, com foco na acessibilidade e no recebimento de novos equipamentos. Foi um trabalho muito específico e conjunto", explica a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria, Bruna Arruda.
Na última terça-feira (14), a reportagem foi conferir de perto as novidades do cinema. Um teste de tela e som foi realizado no espaço, com exibições do trailer de Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel (2001), pop premiado de Peter Jackson, e o preto e branco Les Mistons (Os Pivetes, 1957), de François Truffaut. O que mais impressiona é a qualidade do novo projetor e do sistema de som, que garantem a experiência completa.
O Cine Cultura nasceu em 1989 dentro das instalações do Marietta Telles. Uma das maiores reivindicações de quem frequenta o local era o mau cheiro das antigas poltronas, além da falta de opções de pagamento - antes apenas no dinheiro - e da qualidade da projeção dos filmes. Para agora, toda uma mudança estratégica beneficia a sala com a inserção de equipamentos atuais.
"A ideia foi trazer o cinema para os novos tempos, com materiais modernos e compatíveis com o que há de mais contemporâneo em relação às salas audiovisuais", comenta Bruna. O trabalho da Superintendência Patrimônio Histórico foi todo compartilhado com a equipe do próprio Cine Cultura, que tem como diretor Fabrício Cordeiro há nove anos.
A ideia agora é de que o Cine Cultura sirva como um expoente de circulação dos outros pontos artísticos localizados dentro do Marietta Telles, como o Museu da Imagem do Som (MIS) e sua sala de exposição, e da Biblioteca Pio Vargas. A imersão ao cinema começa, por exemplo, nos corredores do local, que serão decorados com os pôsteres dos filmes em cartaz na sala audiovisual.
PROGRAMAÇÃO
A programação completa ainda é segredo, mas a ideia, segundo Fabrício Cordeiro, é de que o Cine Cultura mantenha a agenda focada em filmes com pegadas mais cult e pop, além do cinema nacional e de Goiás, ao lado de produções comentadas e queridas pelo público. "Já estamos negociando com diversas distribuidoras para que possamos exibir um leque de filmes que agreguem diferentes tipos de espectadores", reitera o diretor.
O Cine Cultura sempre teve um conceito de janela audiovisual que prioriza filmes brasileiros e goianos que não teriam a oportunidade de serem exibidos em salas comerciais de shoppings, por exemplo. Também abre espaço para festivais goianos, lançamentos de filmes de realizadores locais, mostras especiais, como a tão benquista de Halloween, e produções premiadas e comentadas, caso de longas-metragens internacionais que circulam em premiações.
Um dos filmes já confirmados para a primeira semana de inauguração é o documentário Stop Making Sense, do diretor Jonathan Demme, que captura a energia visceral da banda Talking Heads durante um show no Hollywood Pantages Theatre, em Los Angeles. "É um clássico filme-concerto de 1984, muito único na história do cinema. A ideia é manter o compromisso com o público que tem um carinho com o cinema já há muitos anos e atrair novas pessoas para conhecer a sala", completa Fabrício.
Vem aí o novo Cine Cultura
Confira cinco novidades da nova etapa do cinema público de Goiânia
Pagamento via Pix
Com entrada no valor de R$ 20 (inteira), sendo que sempre às segundas todo mundo paga meia-entrada, o pagamento agora pode ser realizado via Pix. Anteriormente, era apenas no dinheiro.
Pipoca e refrigerante
O cinema ganha uma bomboniere para chamar de sua. No hall, foi instalado um espaço para receber uma lojinha típica de cinema. Ainda está em fase de licitação.
Projetor DCP
Com sonorização e sistema de som 7.1 digital surround, o cinema ganhou um projetor DCP (Digital Cinema Package) com tecnologia 4K e tela Flat (widescreen). O antigo projetor segue ao lado do novo como uma espécie de tributo ao patrimônio audiovisual.
Mural art déco
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Uma pintura realizada pela artista visual Tchella decora a entrada do espaço (Wildes Barbosa)
Uma pintura realizada pela artista visual Tchella (@tchella_q) decora a entrada do espaço. A profissional pintou alguns símbolos art déco da cidade, como o próprio Centro Cultural Marietta Telles.
Acessibilidade
As obras incluíram a restauração das alvenarias, pisos, lajes e esquadrias, reparos, além de toda uma estrutura moderna de acessibilidade.