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Cia Jovem do Teatro Basileu França apresenta obras-primas do balé clássico

Modificado em 17/09/2024, 16:26

Cia Jovem do Teatro Basileu França apresenta obras-primas do balé clássico

(Cinthia Oliveira)

A Cia Jovem do Teatro Basileu França apresenta o "Ballet de Repertório: Noite de Walpurgis e La Gioconda", dois grandes balés mundialmente conhecidos e dançados por diversas companhias clássicas. Este espetáculo será realizado sexta e sábado, 05 e 06 de julho, às 19h, no Teatro Escola Basileu França. Os ingressos no valor de R$35 estão disponíveis neste link .

A suíte de "Noite de Walpurgis", coreografada por Ana Maria Campos, Ilya Osinovskiy, Rafaela Giovanna e Simone Malta, a partir do original de Leonid Lavrovsky, apresenta uma coreografia vibrante e enérgica que transporta o público para um mundo de magia, desejo e celebração. Esta performance promete ser um dos pontos altos da noite, cativando a audiência com sua energia contagiante.

Além disso, a coreografia de "Les Millions d'Arlequin", de Caio Baratella e Simone Malta, a partir do original de Marius Petipa e Alexei Ratmansky, traz um momento de fofura com as crianças do Corpo de Baile Infantil da Escola do Futuro em Artes Basileu França.

A noite será complementada com a suíte de "La Gioconda", também coreografada por Ana Maria Campos, Rafaela Giovanna, Olga Dolganova e Simone Malta, a partir do original de Marius Petipa. Esta apresentação captura a essência da paixão e do drama, envolvendo o público através de movimentos graciosos e expressivos que simbolizam a dança das horas entre o sol e o universo.

Durante o espetáculo, haverá também apresentações de variações, solos e conjuntos neoclássicos, executados por talentosos bailarinos da Escola do Futuro em Artes Basileu França, que foram selecionados no maior festival de dança do Brasil: o Festival de Dança de Joinville.

Não deixe passar a oportunidade de assistir a este deslumbrante espetáculo e prestigiar os talentosos dançarinos da Cia Jovem do Teatro Basileu França. Celebre a beleza da dança clássica e da arte em uma noite imperdível. Garanta seu ingresso antecipadamente e vivencie uma experiência mágica!

A Cia Jovem do Teatro Basileu França integra a Escola do Futuro de Goiás em Artes Basileu França que é uma unidade pertencente à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI). Desde 2021 é gerida, por meio de convênio, pela Universidade Federal de Goiás, por meio do Centro de Educação, Trabalho e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (CETT/UFG).


Serviço: "Ballet de Repertório: Noite de Walpurgis e La Gioconda"
Data: 05 e 06 de julho
Horário : 19h
Local: Teatro Escola Basileu França - Av. Universitária, 1750 - Setor Leste Universitário
Entrada : R$35 + R$3,50 (taxa da plataforma) -- https://linktr.ee/ciabasileufranca

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Política

Caiado e Bolsonaro repetem aproximação pragmática

Para analistas, histórico de conflitos deixa incerteza sobre se nova convergência retomada em virtude da defesa pela anistia aos ataques de 8/1 se estenderá para disputa eleitoral

Modificado em 21/04/2025, 23:24

Governador Ronaldo Caiado com o ex-presidente Jair Bolsonaro e a cúpula do PL de Goiás, em 2023: relação de idas e vindas

Governador Ronaldo Caiado com o ex-presidente Jair Bolsonaro e a cúpula do PL de Goiás, em 2023: relação de idas e vindas (Lucas Diener)

A retomada do relacionamento político entre o governador Ronaldo Caiado (UB ) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), iniciada no fim de março, cumpre o pragmatismo de ambas as partes e não apresenta solidez para se confirmar em projeto conjunto para a eleição presidencial de 2026. A avaliação, segundo especialistas ouvidos pelo POPULAR , aponta o histórico de desavenças e brigas públicas entre os dois e as dificuldades de viabilização do pleito do goiano ao Palácio do Planalto .

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No último mês, o ex-presidente tomou a iniciativa de reiniciar as conversas, por telefone, depois da intensa disputa travada contra Caiado nas eleições municipais de 2024, em cidades importantes mas principalmente em Goiânia. O foco da reaproximação é a defesa pelo projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

Desde o recomeço, Caiado participou da manifestação bolsonarista na Avenida Paulista, no último dia 6, e aliados passaram a nutrir a esperanças de que, sem a presença do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) na corrida presidencia l, o governador possa ser o ungido pelo ex-presidente para a disputa, no campo da direita.

Essa aproximação tem a ver com a reorganização da direita no Brasil, iniciada em 2017, em que a oposição ao PT deixou de orbitar o PSDB e passou a ficar na órbita do Bolsonaro. Desde então, houve alguns litígios, como durante a pandemia, mas Caiado nunca deixou de integrar, em alguma medida, esse sistema em torno do ex-presidente na direita", analisa o professor da PUC Goiás, Pedro Pietrafesa.

Sabendo da força do bolsonarismo nesse eleitorado de direita, o Caiado se reaproxima para ver se tem o mínimo de condições para confirmar a candidatura. A intenção é estar pelo menos próximo do ex-presidente e, para isso, ele vai marcar presença em eventos e manter interlocução, apesar das divergências anteriores", reforça ainda o cientista político.

Já o professor de ciências sociais da UFG, Guilherme Carvalho, aponta que a nova aproximação "muito pragmatismo político mútuo". "A ponte entre o Caiado e o bolsonarismo está dinamitada e não será reconstruída. Essa é uma aliança apenas pragmática", considera.

A principal intenção do Bolsonaro é buscar apoio à anistia, enquanto que, para o Caiado, é o apoio à pré-candidatura dele. O Caiado não deve obter nenhuma sinalização direta, mas, só estar mais próximo, pode passar uma percepção de unificação para esse campo mais amplo da direita, o que, na prática, não é verdade. Há uma situação clara de que esse apoio não deve se concretizar, porque o Bolsonaro precisa de uma candidatura que se comprometa, inclusive, com a anistia dele", avalia o professor.

Para o Caiado, essa aproximação tem o único condão de voltar para o bolo da direita e tentar compor seu time, buscando luz própria. O fato é que o governador não consegue, no cenário nacional, a construção de um grupo próprio, mesmo que pequeno, como ocorreu no cenário estadual em 2018", aponta Carvalho. "Não é possível pescar lideranças de nível nacional que possam apoiá-lo, sem que o Bolsonaro dê esse palanque para ele", diz o cientista político.

Mas tem ficado claro que Bolsonaro vai dar o palanque, mas não vai dar protagonismo. Então, é uma aproximação puramente pragmática e sem muito compromisso de ambas partes", completa o professor.

O especialista ainda afirma que as incertezas sobre a nova parceria partem do histórico de entreveros entre o governador e o ex-presidente. Para Carvalho, os dois fazem parte de "diferentes direitas".

Caiado é um político muito mais consistente que o Bolsonaro. Na matéria da pandemia, por exemplo, ele não tinha visivelmente muito algo a ganhar ao se contrapor ao Bolsonaro. Prova disso é que esse afastamento foi percebido e a base do Bolsonaro que, até então, tinha uma relação muito boa com o Caiado, ficou estremecida inclusive do ponto de vista eleitoral para os pleitos seguintes", relembra o cientista político.

Divergências

Depois da lua de mel, durante o primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro, a chegada da pandemia marcou o primeiro afastamento entre os dois. Ainda em 15 de março, o governador foi a uma manifestação contra as medidas de isolamento social, na Praça Cívica, afirmou não precisar dos votos dos bolsonaristas e confirmou a determinação de isolamento social.

Apenas 10 dias depois, Caiado teve rompimento com o então presidente, em repercussão ao pronunciamento em que Bolsonaro chamou a pandemia de "gripezinha" e "resfriadinho". Caiado anunciou que o estado trabalharia de forma independente da União e disse que "tanto na política como na vida, a ignorância não é uma virtude".

Apesar da troca de elogios em eventos posteriores, ainda em 2020, a relação entre os dois não retomou o entrosamento mostrado em 2019 e novas pautas voltaram a afastá-los. Bolsonaro e o governador encerraram o ano de 2021 com troca de ataques sobre o preço dos combustíveis e a possibilidade de redução do ICMS.

O ex-presidente chamou Caiado de "mentiroso" e disse que a forma de tributação era "um crime". "Nesses 3 anos, o ICMS mais que dobrou o valor na ponta da linha. Tem um governador de Goiás que falou que eu estava mentindo porque o percentual não tinha variado. Mentiroso é ele, porque além de ele cobrar em cima do preço final da bomba, é bitributado", disse Bolsonaro na época.

Caiado rebateu sem citar o ex-aliado e o assunto voltou a gerar divisão em março de 2022, quando a União propôs e sancionou a alteração da cobrança do imposto. O governador passou a responsabilizar a medida do governo federal por nova crise fiscal e financeira no estado, até a criação da taxa do agro, em dezembro daquele ano.

O acúmulo de desgastes resultou na divisão entre o PL e a base do governo estadual para a disputa das eleições de 2022, em que Caiado teve vitória no primeiro turno. Assim como em 2018, o goiano não se preocupou no primeiro turno em dar apoio explícito ao pleito de Bolsonaro, que teve palanque estadual próprio, com a candidatura do então deputado federal Vitor Hugo (PL) , ao governo. Apesar do engajamento no segundo turno, os dois grupos políticos seguiram caminhos opostos no estado.

Dois anos depois, o afastamento se consolidou com o confronto direto entre Caiado e Bolsonaro nas eleições municipais de 2024, principalmente em Goiânia. Cada um com seu candidato, o ex-presidente chamou o governador de "covarde" em um dos discursos, enquanto o goiano pregou o combate ao "extremismo", com foco "em quem sabe administrar".

Formalmente ainda na oposição ao Palácio das Esmeraldas, o PL decidiu relevar as brigas anteriores em acordo político acertado na última semana. O acerto levou a sigla a não recorrer da decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) que devolveu a elegibilidade do governador. O movimento representa reaproximação entre a base governista e o partido de Bolsonaro em Goiás, depois que o ex-presidente criticou a inelegibilidade de Caiado durante discurso na manifestação de 6 de abril, em São Paulo.

Modulação

Caiado voltou a se distanciar do bolsonarismo logo depois do fim do governo do ex-presidente, ao divergir frontalmente sobre os atos ocorridos em Brasília em 8 de janeiro de 2023. Enquanto Bolsonaro minimizou o ocorrido, o goiano rejeitou as invasões e enviou forças do estado para auxiliar os trabalhos de segurança em Brasília após as invasões a prédios públicos.

O governador ainda disse que "o fato mais nocivo" foi o ex-presidente ter levantado a tese de que as urnas poderiam não representar a vontade do eleitor. "Cabe ao líder não dar espaço às pessoas extremadas", disse.

O discurso, no entanto, passou por modulação ao longo dos últimos dois anos. Depois das posições duras contra os invasores, em 2023, Caiado passou alterou o tom a partir de fevereiro de 2024, quando defendeu, em entrevista à Globonews, a anistia aos envolvidos nos atentados. À época, a fala ocorria como pretexto para criticar o presidente Lula, com avaliação de que o petista escolhia manter a polarização ao invés de governar o país.

A retomada de contatos entre Bolsonaro e o governador ocorreu justamente após nova defesa de Caiado pela anistia, quando o ex-presidente telefonou para agradecer pelo posicionamento e convidá-lo para a manifestação ocorrida na Avenida Paulista.

O discurso do Caiado sobre a tentativa de golpe ou o projeto de anistia é essencialmente pragmático. Em 2023, as ações para a quebra da ordem democrática no país foram muito claras, naquele 8 de janeiro. Só que não deu certo e alguns políticos, entre eles o Caiado, criticaram aquele movimento golpista. O governador, então, percebeu que vai precisar dessa parte do eleitorado e dessas lideranças políticas bolsonaristas", avalia o cientista político Pedro Pietrafesa.

O caminho é de um movimento pragmático de busca de interlocução com esse grupo mais radical de extrema direita que temos no Brasil, num cenário de crescimento deste espectro. Os nomes apontados como pré-candidatos da direita se posicionam em diálogo com o grupo de Bolsonaro e o Caiado entende que não pode ficar fora deste processo", completa.

Já Guilherme Carvalho avalia que o apoio à anistia e a outras pautas que sejam levantadas pelo ex-presidente são parte fundamental da possível viabilização do projeto nacional do governador.

O movimento relacionado ao lançamento da pré-candidatura do Caiado foi muito aquém do esperado e ele já manifestou que sabe que se não mostrar viabilidade, estará fora do jogo. Então, de alguma maneira, mesmo não sendo um bolsonarista de primeira hora ou alguém que cerra fileiras dentro desse campo, ele precisou modular esse discurso e voltar a coisas que ele próprio não defendia. A leitura é de que isso é um mal menor diante da busca por viabilidade na direita", considera.

Isso é uma tendência e vai continuar acontecendo. No caso de eventual prisão de Bolsonaro, muito provavelmente Caiado vai ser um dos que vai visitá-lo e fazer um movimento em torno disso, justamente porque ele precisa ser percebido como alguém que está próximo para não ser retirado de vez da corrida, que ainda não é por votos. Por enquanto, é uma corrida institucional, por apoio de lideranças e partidos. É isso que está em jogo e o Bolsonaro tem algumas chaves de acesso", diz Carvalho.

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Opinião

Carta dos Leitores

Cartas dos Leitores

Modificado em 21/04/2025, 22:58

Cartas dos Leitores

Legado de Francisco

É inegável que o argentino Jorge Mário Bergoglio, o papa Francisco, que morreu aos 88 anos, foi sim diferenciado, e nos deixou um grande e inesquecível legado. De amor ao próximo e tolerância. Lutou contra conflitos na Ucrânia e Palestina, de grande visão ecológica, defensor dos animais, pregou o carinho, o respeito, o perdão e a caridade.

Foi o papa do ineditismo, já que foi o primeiro papa não Europeu em 1.300 anos, o primeiro latino-americano e o primeiro no conclave, após uma grande crise no Vaticano e na Igreja Católica. Ao longo do seu tempo de papado, 12 anos, 1 mês e uma semana, não foi um papa de pompa e luxo, foi um papa de simplicidade, que trocou carros de luxo por ônibus e carros populares, que lavou os pés de cidadãos comuns pobres, e de dialogar com representantes do Islamismo.

Ele foi o papa dos pobres, ousou abençoar casais homoafetivos, uma atitude tão nobre, mas que contrariou seu conclave. Quebrou um século de exclusão, e deixou sementes de humildade plantadas por todo mundo. Apesar de ter problemas respiratórios, morreu vítima de uma AVC - Acidente Vascular Cerebral.

Passou 7 dias no Brasil, além do Rio de Janeiro, esteve também no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, interior de São Paulo, e encantou todos nós pelo seu carisma, alto astral e bom humor. Agora o papa descansou. Ele estava sofrendo muito, não respirar normalmente é uma grande agonia. Descanse em paz.

Márcio Manoel Ferreira Jardim Novo Mundo - Goiânia

Áreas públicas

Ao percorrer a pista de caminhada do Morro do Serrinha, que por sinal, já tem muitos frequentadores, observei que permanece lá uma placa indicativa de que a área é um bem público e que pertence ao Governo do Estado. Logo abaixo, no reservatório de água, consta uma placa que indica que é uma área pública, pertencente a Saneago.

Transparência e satisfação à população. Fica aqui uma sugestão aos órgãos responsáveis. Por que não estender esta obrigatoriedade a todas as áreas públicas destinadas a praças, parques e bens de serviço? O mínimo que a justiça poderia exigir dos nossos governantes.

Cada um dos eleitos se acha no direito vender nosso patrimônio sem dar satisfação ou consulta a população. Que tal começar com a área à Rua Onze de Dezembro, Setor serrinha, há anos abandonada, e hoje ocupada com dois grandes containers?

Rosângela Roriz Rizzo Lousa Setor Bueno - Goiânia

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Artigos

Conclave

Modificado em 21/04/2025, 22:24

De fato, vida e ficção são irmãs, por vezes indistinguíveis entre experiências reais e criações imaginárias do gênio humano. A vida, com as suas vicissitudes e personagens, pode servir como inspiração para a ficção; enquanto a ficção, com seus enredos e protagonistas, vem refletir e até mesmo suscitar flagrantes realidades da vida como ela é.

Tal constatação nos assombra, de forma espetacular, com o filme Conclave (2024), dirigido por Edward Berger e baseado no romance homônimo de Robert Haris. Um thriller político-religioso que mergulha nos bastidores da eleição de um novo papa, expondo dilemas ético-ideológicos no coração do Vaticano.

Eis que, agora, o argentino Jorge Mario Bergoglio (80 anos), o Papa Francisco, primeiro pontífice latino-americano da história, foi promovido às regiões celestiais, depois de doze anos de papado. Com isso, abre-se o Conclave, para a escolha do próximo mandatário da Igreja Católica Apostólica Romana (267º), com cerca de 1 bilhão e quinhentos milhões de fiéis batizados, em todo mundo.

Contudo, o que trago à reflexão é justamente a intuição da arte cinematográfica, mormente quando, no filme, o cardeal Thomas Lawrence (Ralph Fiennes), em uma homilia, toma a palavra entre seus pares e encapsula temas fulcrais e universais da Igreja, em face da explosiva tensão na Cúria Romana, após a morte de um papa considerado "progressista": a complexidade da fé, a humanidade dos seus líderes, e, especialmente, o conflito entre a tradição e a renovação da Igreja, assim: "Oremos para que Deus nos conceda um papa que duvide, um papa que peque". Não é mesmo espantosa a realidade amalgamada à ficção ou vice-versa?

Ora, pedir, nesse momento, um papa que duvide e sobreponha a infalibilidade, desafia a certeza da dogmática, alinhando-se à visão teológica agostiniana que valoriza a "busca" contínua pela verdade. A dúvida, nesse contexto, não é falta de fé, mas é imbuída de senso epistemológico -- disposição para aprender sempre. O decano Lawrence sugere que um líder espiritual que duvida será mais aberto ao diálogo, receptivo às mudanças sociais e mais tolerante e empático aos débeis fiéis e suas crises existenciais.

A menção ao pecado, ainda mais profunda, indica que não há ninguém invulnerável, mesmo o chefe da Igreja. Isto leva à imprescindibilidade da misericórdia e da graça divinas, virtudes que bastam a qualquer homem, qualquer líder.

Com efeito, a arte ficcional traz realidades e dilemas patentes na ordem do dia: o Papa Francisco foi muito criticado por todos os lados, seja por não avançar o suficiente em pautas consideradas progressistas; ou, por defender mudanças doutrinárias ousadas e inconcebíveis a alguns (pautas woke).

Deixo, por fim, a seguinte reflexão a todos os cristãos que me leem: tanto a ciência, como o conhecimento por certo se alimentam da dúvida. A fé e a verdade, não. A primeira é a certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que não se veem com olhos materiais, enquanto que a verdade nos leva a plena liberdade do amor. E, ainda a propósito do espírito pascal, cabe uma súplica: que a lucidez do Evangelho de Cristo venha elevar as mentes acima das ambições do poder político e edificar os corações para além do deletério sectarismo religioso.

Edemundo Dias de Oliveira Filho é advogado, pastor evangélico e membro e ex-presidente da Academia Goiana de Direito (ACAD).

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Adeus ao homem de Deus

Modificado em 21/04/2025, 22:22

Chegou a triste hora de dizer adeus ao Papa Francisco. Ontem, rodou imediatamente pelo mundo a notícia de sua morte na manhã da Pascoela, como se celebra, especialmente na Itália, a segunda-feira pós-domingo de Páscoa. Com 88 anos completados em dezembro passado, Francisco atravessou esta última quaresma, do hospital à sua residência, muito fragilizado pela enfermidade. Nos últimos dias fez breves aparições no Vaticano. E a última foi a bênção Urbi et orbi no domingo de Páscoa, diante de uma multidão na Praça São Pedro.

O primeiro papa jesuíta e latino-americano deixa um legado de extrema importância para o presente e futuro da Igreja. Suas palavras, que antecederam o conclave no qual foi eleito, apontavam para o essencial da missão da Igreja ainda no início do terceiro milênio: a Igreja é chamada a sair de si mesma e ir para as periferias, não apenas geográficas, mas também existenciais, superando qualquer forma de autorreferencialidade e de mundanidade espiritual. Ao traçar o perfil do futuro papa, ele disse, ainda como cardeal, em março de 2013: "um homem que, a partir da contemplação e da adoração de Jesus Cristo ajude a Igreja a sair de si para as periferias existenciais, que a ajude a ser a mãe fecunda que vive da doce e confortadora alegria de evangelizar".

Eleito Papa, quis ser chamado Francisco e encarnou traços de um estilo de sobriedade para sua função, ao preferir paramentos simples, sapatos pretos ortopédicos, o ônibus e não a limusine; ao levar ele mesmo sua maleta com seus pertences, ao pagar a conta da casa onde se hospedara, ao escolher um quarto na Casa Santa Marta e não o Palácio Apostólico... Inúmeras outras escolhas confirmaram o estilo exemplar e interpelante de um ministro do evangelho de Jesus.

Foi o Papa do magistério dos gestos fortes para expressar a proximidade dos discípulos de Jesus Cristo com os que sofrem. Sua viagem a Lampedusa para encontrar-se com os imigrantes, sua escolha de celebrar o lava-pés com os encarcerados, sua disposição para escutar vítimas de abusos de clérigos, sua ida à embaixada da Rússia com o intento de mediar o diálogo de paz com a Ucrânia são alguns exemplos. Assim, ele também poderá ser chamado o Papa da Misericórdia, não apenas por ter realizado o Ano Santo da Misericórdia, mas sobretudo porque deixou-se inspirar por Jesus, "rosto misericordioso do Pai", e insistir que "na Igreja deve haver lugar para todos, todos, todos", tal como se expressou tantas vezes.

Presidiu sínodos importantes sobre a família, a juventude, a Amazônia e sobre a sinodalidade. Deixou a marca missionária com o termo "Igreja em saída". Valorizou a participação das mulheres no governo da Igreja. Propôs o Pacto Educativo Global e estimulou os jovens para uma criativa Economia de Francisco. Trouxe definitivamente o tema da crise socioambiental para a doutrina social da Igreja. Sua memória é um legado que a Igreja não poderá abrir mão, sob pena de recuar no empreendimento de sua missão evangelizadora. Agora continuaremos a missão sem o Papa Francisco, mas não sem o seu legado. Que ele interceda por nós.

Dom João Justino de Medeiros Silva é arcebispo de Goiânia e 1º Vice Presidente da CNBB