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Como homenagem, perereca leva nome de Jorge Amado

Mirco Solé
Jorge Amado, a perereca Phyllodytes amadoi encontrada no município de Una, na Bahia

Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) decidiu prestar uma homenagem ao escritor baiano Jorge Amado após uma descoberta feita ao sul de seu estado natal. Lembrando da sua afeição por anfíbios, a perereca Phyllodytes amadoi ganhou o nome do autor.

“Fizemos a homenagem ao escritor Jorge Amado, principalmente pelo grande carinho que ele tinha por esses animais. Quem visitar o Memorial Jorge Amado, em Salvador, irá encontrar vários objetos relacionados a anfíbios que ele colecionava e que serviram de inspiração para essa homenagem”, conta Mirco Solé, pesquisador e responsável técnico do projeto.

De acordo com os cientistas, o animal chamou a atenção por seu canto agudo, e por ser pequena mesmo entre outras do mesmo gênero, possuindo dois centímetros de comprimento. Ele apresenta o focinho arredondado e uma listra que atravessa o corpo, dos olhos aos flancos. Para encontrar um Jorge Amado, a dica é procurar por bromélias: as pererecas gostam de ficar sob as plantas, que têm a capacidade de segurar a água da chuva.

“A espécie é parente da Phyllodytes megatympanum e foi encontrada na Reserva Particular do Patrimônio Natural [RPPN] Ararauna, localizada no município de Una, na Bahia. Desde 2015, quando foi descoberta, estivemos analisando e comparando ela com outras espécies, e, no ano passado, ela foi reconhecida e publicada na revista científica neozelandesa Zootaxa, a mais importante do mundo na descrição de novas espécies”, conta Solé.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) aponta que o Brasil tem a maior diversidade de sapos e pererecas do mundo todo, cerca de mil espécies contra seis mil em todo o planeta. Mesmo assim, novos tipos são localizados constantemente.

“Sabemos o quanto nossa natureza encontra-se ameaçada por diversos fatores, por isso, a cada descoberta assim é uma alegria, pois temos a certeza de estar no caminho certo na conservação da nossa natureza”, celebra Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que apoiou a pesquisa.

 

Escritor nunca escondeu sua fascinação por sapos e pererecas
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