Um anúncio inusitado nos classificados do jornal Zero Hora chamou a intenção dos internautas. Com texto literário e detalhado na descrição, um homem tentava vender um anel de noivado rejeitado pela suposta namorada.No texto, o anunciante contava todo seu empenho e o descaso da amada ao trocá-lo por um rapaz mais novo, ignorando o relacionamento que existia entre os dois. Por fim, o homem se despedia em tom melancólico e deixava um endereço de e-mail para o contato de um possível comprador.No entanto, o que parecia ser um caso de amor rejeitado e um coração partido, fazia parte de um trabalho de mestrado sobre Escrita Criativa do publicitário Samir Arrage.Diferente do que prega o anúncio, Samir é casado há 12 anos e não contava com tamanha repercussão.“Eu optei por fazer um experimento com minicontos flertando com a propaganda. São vários de pequeno ou médio porte. Foi quando tive a ideia de fazer uma paródia usando a linguagem dos classificados. Veiculando de fato, poderia testar essa linguagem diferente e também trabalhar literatura em um veículo de massa”, contou ao jornal Zero Hora.Até o final da tarde de quinta-feira (16), o publicitário havia recebido quase 400 e-mail com mensagens solidárias à história do anúncio. “Tenho certeza de que será o meu conto mais lido”, diz Samir.Leia o texto do anúncio completo:ELA DISSE NÃO VENDE- SE anel de ouro 18k c/ brilhante, s/ uso, única ( possível) dona declinou. Acendi velas, forrei o piso c/ pétalas ( vermelho metálico) preparei talharim à carbonara ( receita copiada da internet). Operei o saca- rolhas, servi 2 taças com malbec ( argentino). Jazz ( instrumental/ americano) ao fundo. Antes da sobremesa: encostei joelho ( direito) no piso soterrado por flores. Destampei o casulo aveludado. proposta feita. Ao que parece, oportunidade única, p/ ela, nunca foi. Lacrimejou/- berrou/ culpou a rotina ( 1 clichê) c/ apenas 8 meses de uso, fui substituído por 1 rapazote 0km. 1 estagiário de Direito, 23 anos ( revisado em rede social). Colega de trabalho, mais potência, 6 gomos no abdômen. Em péssimo estado, busco, ao menos, recompensa financeira. Voltei a fumar ( clichê, 2). Bem que mamãe ( falecida, 3 anos) sempre avisava: as coisas do coração não têm piscapisca. Enfim, negocia- se. Aceitamos ofertas/ trocas/ ombro amigo e histórias a combinar c/ essa. Envie p/: eladissenao@gmail.com