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Especialistas explicam se há relação entre a queda de temperatura e o aumento de casos de gripes

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Maria do Carmo Garcia: “Quando sinto falta de ar nessa época, já corro logo para o hospital, com medo de pneumonia. Já tive umas três vezes”

A baixa temperatura chegou até os goianos nos últimos dias. A frente fria tem previsão de permanecer por mais alguns dias, com o termômetro podendo marcar até 8º C. Quando a temperatura cai, Maria do Carmo Garcia, de 87 anos, sofre mais com os problemas respiratórios e trata logo de se agasalhar bem. Na hora de dormir, dois cobertores já ficam de prontidão para passar a noite. “Não posso ficar em correntes de ar nem ligar ventilador, muito menos ar-condicionado, senão eu gripo”, conta. A primeira providência que toma quando o frio chega é simples: não sair de casa.

Dona Maria do Carmo atribui a facilidade de contrair gripes à idade, mudanças climáticas e aos problemas de saúde ligados à respiração que possui, como bronquite e asma, que acabam provocando consequências maiores para as gripes que eventualmente contrai. “Quando sinto falta de ar nessa época, já corro logo para o hospital, com medo de pneumonia. Já tive umas três vezes”, revela.

A temperatura em si não provoca as gripes e resfriados, como explica a pneumologista Eliane Consuelo. “Naquela velha história de ‘não pode sair na friagem que você vai pegar gripe’:, o clima não é o agente infeccioso; não é o frio que causa a doença”, diz. “Tanto a gripe quanto o resfriado são causados por diferentes tipos de vírus. No caso da gripe, o mais comum é genericamente chamado de influenza. O que ocorre quando as temperaturas estão mais baixas é uma maior disseminação desses vírus”, explica. A gripe causada pelo vírus influenza possui altas taxas de hospitalização por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e de óbitos.

Os sintomas clínicos da gripe são mais intensos que os de um resfriado. “Muita dor no corpo, febre e mal-estar geral são mais comuns, podendo ser acompanhados de coriza e espirro igual ao resfriado”, explica Eliane. “O resfriado tem duração média de três dias e se restringe às vias aéreas superiores, com espirros e dor de garganta”, diz.

As aglomerações de pessoas estão entre os fatores principais para a transmissão desses vírus, somadas ao fato de que, com o clima frio, a tendência é manter os ambientes com janelas e portas fechadas. “O fato de estarmos em ambientes mais fechados, com pouca ventilação, diminui a dispersão de vírus e bactérias, facilitando a infecção por meio das pequenas partículas que saem no espirro, na tosse e na fala.” Portanto, sem a presença desses microrganismos, não há gripe nem resfriado.

Essa transmissão pode ocorrer tanto pelo ar quanto pela manipulação de objetos e superfícies que estão com essas partículas depositadas. “Ao respirar aquele ar, a pessoa inala as partículas presentes. A transmissão pode ocorrer também de forma indireta; alguém espirra ou tosse e deposita essas partículas, chamadas de fômites, em uma superfície. Outra pessoa leva a mão até ali e depois ao rosto, tocando o nariz, boca ou olhos.”

Além do ambiente, as infecções respiratórias no inverno e em tempos mais frios podem aumentar pelo fato de as pessoas se agasalharem mais. “Com a queda da temperatura, precisamos nos aquecer, realizando um processo de vasoconstrição (contração dos vasos sanguíneos), que dificulta a circulação do sangue e das defesas naturais do corpo”, explica a médica.

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