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Marjorie Estiano relembra em entrevista seu papel em "A Vida da Gente"

TV GLOBO / João Miguel Júnior

Em A Vida da Gente, a personagem Manuela, interpretada por Marjorie Estiano, é a sensibilidade em pessoa.

Rejeitada pela mãe (Ana Beatriz Nogueira), Manu acabou crescendo à sombra da irmã mais nova, a talentosa Ana (Fernanda Vasconcellos), sua melhor amiga e confidente.

No papo abaixo, Marjorie conta sua expectativa para a reexibição da obra, a partir de 1º de março, na TV Globo, o aprendizado que esse trabalho lhe trouxe, e fala das grandes parcerias que guarda com carinho até hoje, dez anos depois da primeira exibição.

“Essa novela foi gravada há dez anos, e olhar para trás é sempre uma oportunidade de se reavaliar e compreender o seu momento presente. O texto da Lícia (Manzo, autora) é existencial. São conflitos atemporais e por esse motivo vai ser interessante perceber se, passado esse tempo, assumiríamos os mesmos posicionamentos de antes ou interpretaríamos as circusntâncias da mesma maneira. O que muda ou mudou. O que permanence. Entre tantos diálogos belíssimos, tem um trecho em que a personagem da Nicette Bruno, que interpretava a vó Iná, fazia uma reflexão justamente sobre o tempo e a transformação que ele pode testemunhar. Acho que é a síntese da sensação de revermos A Vida da Gente”, descreve a atriz.

 

A Vida da Gente foi escolhida para ser reexibida a partir de 1º de março e a receptividade do público tem sido muito boa. Como você recebeu a notícia da volta da novela? E esperava que as reações seriam tão positivas?

Dentre as novelas que fiz parte, essa sempre foi uma das mais citadas pelo público. Sempre saudosos dos personagens preferidos e gratos ao Globoplay pela oportunidade de revê-los. Citavam personagens, cenas, conflitos, falas, a torcida... Tenho certeza de que, quem viu, vai querer ver novamente. É uma novela delicada e aguda. De drama psicológico, com dilemas possíveis, conflitos frequentes e comuns a todos nós.

 

Qual a importância da Manuela na sua carreira? Conta um pouquinho como era viver aquela personagem.

O aprendizado é um exercício contínuo, sem fim. No meu caminho como atriz até o último papel que interpretar na vida, vou seguir aprendendo e descobrindo coisas novas. E, nesse percurso, eu diria que a Manuela foi um papel muito importante nessa experimentação por conta da personalidade, dos conflitos, das circunstâncias... e da etapa em que me encontrava dentro do aprendizado. Foi um exercício intenso, árduo e profundo, que exigiu muito e também me ofereceu a oportunidade de alargar e sedimentar alguns entendimentos. Acho que com ela eu caminhei para o final de uma etapa.

 

Tem alguma cena inesquecível, que te marcou, e que você vai fazer questão de rever?

A oportunidade de conviver e contracenar com Nicette Bruno, Ana Beatriz Nogueira e Neusa Borges é inesquecível. Gratidão eterna ao universo por ter cruzado meu caminho com o delas. Um privilégio. A máxima que diz “As pessoas podem esquecer o que você diz mas não como você faz elas se sentirem” vale para os dois lados. Eu posso não ter gravado na memória uma cena, um diálogo, mas o convívio com essas atrizes era intenso. Um deleite e inesquecível.

 

E tem alguma que tenha sido muito difícil? Qual e por quê?

Me lembro que a demanda era muito grande e com um ritmo puxado. Muito mesmo. E especialmente no período do pós-acidente, contando com a filmagem do acidente, em particular a parte dentro d’água, foi bastante desgastante. Era uma sequência grande de muito sofrimento, de um momento trágico na vida da personagem. Viver essa carga por um período longo foi difícil e doloroso.

 

<Quais são suas principais recordações das gravações?

Não saberia dizer agora algo além do que já disse, mas tenho certeza que, ao rever, vou resgatar várias. As memórias, o que marca, como e porquê marca, a transformação que promove nem sempre é muito consciente, nem sempre é de fácil acesso. Mas rever a novela vai ser uma experiência interessante, certamente vai abrir essa porta de percepção. Estou curiosa para me deparar com essa experiência.

 

Como foi a parceria, a troca com os outros atores? Além de Nicette Bruno e Ana Beatriz, que você comentou, você passou muito tempo também com Rafael Cardoso, a Fernanda Vasconcelos... Conta pra gente como era?

As melhores lembranças, o que eu mais guardo, sempre, são as parcerias. Rafael é muito leve e simples, muito paciente e tranquilo. Me lembro de ser muito prazerosa e divertida a nossa interação, nos falamos eventualmente, e mesmo não sendo frequente sinto que ficou uma fluência entre nós. Nicette era tudo e mais um pouco, a sensação é de que poderia conversar com ela durante horas e sobre qualquer assunto, com muita troca, muita escuta, elaboracão, engraçada, inteligente, sensível... Ana Beatriz também, e de uma forma completamente diferente. Fernanda era minha hermana, na alegria e na tristeza, as duas correndo juntas atrás de dar conta daquilo tudo, de toda ambiguidade, profundidade e delicadeza que a Lícia oferecia. Essa novela foi densa, tenho certeza que minha hermana vai concordar. Suamos frio. E o melhor pra mim é que depois que passa, as boas lembranças ganham muito mais importância.

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