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Martim Cererê retorna com programação musical após quase dois anos fechado em Goiânia

Wildes Barbosa
Os artistas Gabriel Lisboa e Madu (ao fundo), que se apresentam na reabertura do Martim Cererê, com o produtor cultural João Lucas Ribeiro

Impulsionar a ocupação do Centro Cultural Martim Cererê sempre às quintas-feiras era uma das justificativas para a criação do projeto Quinta Maravilha. O lançamento da ação, em março de 2020, pautou o último evento do local antes que a Secretaria do Estado da Cultura (Secult Goiás) instituísse o fechamento de todos os equipamentos culturais por conta da pandemia. Quase dois anos depois, o local volta nesta quinta-feira a abrir seus portões para apresentações musicais.

Com a ideia de movimentar o Martim Cererê, um dos espaços culturais mais atuantes para artistas da nova geração do Estado, o projeto Low AMP, produzido pela Fósforo Cultural, foi o evento escolhido para dar visibilidade ao retorno do espaço. Na ação que acontece nesta quinta-feira, a partir das 19 horas, os cantores Gabriel Lisboa e Madu fazem duas apresentações especiais no local. Uma exposição intitulada Kieza: de Onde eu Venho, assinada pelo artista Alex Katira, também integra a programação.

“O Low Amp surgiu com a ideia de movimentar o Martim Cererê durante a semana, e acredito que eventos com perfil mais intimistas, mais leves são ideais para essas ocasiões”, explica o produtor João Lucas Ribeiro. No formato acústico, por exemplo, com uma estrutura de shows mais simples, há a possibilidade que novos artistas se apresentem e privilegia a composição e a música autoral. “Acredito que esse seria um bom evento para retomar as apresentações também levando em consideração os protocolos pós-pandemia, mais seguro”, diz o produtor.

O último evento antes da pandemia no Cererê foi realizado por Joã Lucas e, agora, quase dois anos depois, o produtor encabeça o projeto de retorno do espaço cultural. De acordo com o profissional, é preciso que se crie nesse momento eventos de continuidade para que as pessoas tenham acesso à arte e à cultura. Em momento de retorno para produções culturais, os profissionais da arte e cultura precisam se adaptar às mudanças em projetos que dialogam com o atual cenário epidêmico.

“Eu acredito que a ocupação dos espaços públicos é o caminho para quem produz. A democratização desses espaços para os produtores, artistas e público é essencial na transformação das pessoas”, argumenta João Lucas. Para o produtor, eventos de continuidade como o Low AMP e o Quinta Maravilha são essenciais nos processos de profissionalização cultural e geração de renda para a cena cultural goiana. “Eu acredito ter sido o produtor que mais fez eventos no Martim Cererê nos últimos 15 anos. Conheço esse espaço como a minha casa. Sinto um orgulho enorme nessa história e em estar participando dessa retomada de shows”, reitera.

Juventude

Enquanto esteve fechado, o Centro Cultural Martim Cererê passou por um processo de manutenção em toda sua estrutura física, de acordo com a Secult Goiás. Foram feitos, por exemplo, reparos na parte hidráulica e elétrica. A ideia agora é que o espaço seja ocupado por ações de continuidade, como do Low AMP. Durante o período da tarde, o local abre para cursos e aulas de artes, a exemplo de teatro e música, e, no período noturno, para ações cênicas e musicais.

“Voltar a atenção para a juventude, para o público jovem e para os novos artistas é fundamental no processo de formação de plateia, de cena artística. Estar cercado por equipe jovem também faz toda a diferença”, pondera João Lucas. De acordo com o produtor, o Cererê tem em seu histórico a característica de agregar a nova geração de artistas que não tem a oportunidade de se apresentar em outros palcos de espetáculos. “São eles que estão onde onde as coisas acontecem”, sugere.

Deu a louca na jukebox
Confira mais sobre os dois artistas que se apresentam hoje no Centro Cultural Martim Cererê

Gabriel Lisboa: Voz marcada em canções de bandas como Gawgav e Demasia, o cantor e guitarrista Gabriel Lisboa brinca com o gênero do pop rock. Já participou de diversos festivais de Goiás, a exemplo do Vaca Amarela e do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica). Sua primeira aparição nos streamings foi no EP da banda Demasia em 2018.

Madu: Com apenas 19 anos, Maria Eduarda Rabello, a Madu, canta sobre suas primeiras paixões e fala do seu dia a dia dividido entre trabalho, faculdade e música. O primeiro EP da artista, que já está em fase final de produção, tem a assinatura do produtor Braz Torres e será um compilado de estéticas distintas com um conceito de regionalidade apresentado de uma forma moderna.

Templo do rock
Há mais de 30 anos que o Centro Cultural Martim Cererê se firma como um dos locais que mais abraçam a cena da música independente de Goiás. Ao longo das três décadas de trajetória do espaço público, muito se fez, criou, transformou e repercutiu em diversos campos artísticos, do teatro à dança, do eletrônico ao rock, do lazer ao aprendizado.

SERVIÇO
Projeto: Low AMP, com shows de Gabriel Lisboa e Madu 
Data: Quinta-feira (28/10)
Horário: a partir das 19 horas
Local: Centro Cultural Martim Cererê, Travessa Bezerra de Menezes, Setor Sul
Ingresso: Cobrança mínima de R$ 5 (valor simbólico revertido para os artistas)

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