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'O Outro Lado do Paraíso' retoma emoção de folhetim

Reprodução/Tv Globo

Com o sucesso de A Força do Querer, encerrada na sexta-feira, é o grande o desafio da nova novela das 21h da Globo, O Outro Lado do Paraíso, que estreia nesta segunda, 23. Mas o folhetim chega com grandes trunfos - entre eles, o texto de Walcyr Carrasco, habitual colecionador de boas audiências, e a direção de Mauro Mendonça Filho, que imprime um tom diferente e absorvente em suas narrativas. "Novela é o melhor produto do audiovisual no Brasil", acredita o diretor, que vai trabalhar com temas instigantes, desde violência contra a mulher até a presença de uma anã.

Em linhas gerais, O Outro Lado do Paraíso acompanha a trajetória de Clara (Bianca Bin), que vive com o avô Josafá (Lima Duarte), no Jalapão, paradisíaca região de Tocantins. Sua vida sofre uma grande transformação quando se apaixona por Gael (Sergio Guizé), herdeiro de uma família de Palmas e cujo ciúme doentio logo vai transformar o amor em tortura. De quebra, Clara é obrigada a conviver com Sophia (Marieta Severo), sua sogra.

Estrategista, a matriarca quer acabar com os planos de casamento do filho, mas muda de ideia ao descobrir que há esmeraldas nas terras do avô de Clara. "São elementos do folhetim clássico em uma estrutura romântica por excelência, mas com temáticas modernas", define Walcyr que, depois de promover um beijo entre homens homossexuais em Amor à Vida, aposta agora em um gay não-assumido (o psiquiatra Samuel, vivido por Eriberto Leão) e a filha que Sophia não cansa de ridicularizar, Estela (Juliana Caldas), chegando ao ponto de fingir que a menina não existe pelo fato de ter nascido anã.

"Muito do que escrevo envolve a questão da inclusão", conta o autor. "Em Amor à Vida, falei de uma autista. Agora, eu faço uma reflexão sobre a inclusão através da anã." O assunto tem sido tratado com delicadeza, mas também honestidade por Mauro Mendonça, motivado a tratar novamente de um tema tabu. "Trata-se de uma forma de preconceito habitualmente ligado ao humor, o que tenta atenuar a violência", comenta ele que, durante os ensaios, provocou comoção ao orientar Marieta Severo a ser a mais violenta possível no verbo. "Ela disse coisas terríveis, ao mesmo tempo em que ficou chocadíssima com as próprias palavras. Ao final, as duas terminaram a cena abraçadas, chorando."

Ciente de que a alma humana é um vasto território a ser explorado, Walcyr revela sua felicidade com o personagem vivido por Eriberto Leão. "Ele vive um homossexual, Samuel, que odeia ser homossexual, além de ter homofobia contra si próprio e de esconder sua orientação sexual da mãe e mais tarde, da mulher. É uma sintonia com esses tempos", acredita.

E o cardápio aumenta com o comportamento bipolar de Gael em sua paixão por Clara, alternando carinho com brutalidade. "É um assunto que nos interessa muito tratar: a violência doméstica", conta Mauro. "Clara vai vivenciar isso, sofrendo com o uso da força. Vamos mostrar as diversas formas de assédio sofridas pelas mulheres, desde no ambiente do trabalho até dentro de casa, com abuso de padrastos."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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