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Orquestra Filarmônica de Goiás inicia temporada 2020 no Centro Cultural Oscar Niemeyer nesta quarta

André Costa / O Popular
Maestro Neil Thomson comanda os ensaios da Orquestra Filarmônica, que volta a apresentar-se hoje

Uma coisa é certa. Apesar das dificuldades administrativas dos últimos anos, a Orquestra Filarmônica de Goiás (OFG) não desafinou. O corpo sinfônico – formado por 50 músicos – vem colecionando ano a ano diversos elogios da crítica especializada nacional, ao mesmo tempo em que convive com concertos cancelados, participação da turnê nacional ameaçada e a sombra de fechamento do grupo. O ritmo da OFG poderá ser conferido nesta quarta-feira (11), às 20h30, no Palácio da Música no Centro Cultural Oscar Niemeyer, na abertura da temporada 2020.

A Filarmônica inicia o ano sendo gerenciada pelo Estado, assim como foi em 2019. Essa situação pode mudar nesta temporada, já que os músicos têm contrato temporário e não podem mais atuar nesse regime de trabalho, segundo recomendação do Tribunal de Contas do Estado, que constatou ilegalidade. O prazo para a desvinculação venceu e foi feito pedido de prorrogação até a criação de um novo modelo de gestão. A Secretária de Cultura está trabalhando com edital de chamamento para uma Organização não Governamental (ONG). A pasta não divulgou o prazo para a conclusão do processo.

“A Secretaria de Cultura trabalha junto com a Secretaria de Economia para realizar a programação completa da temporada 2020, seja por meio da gestão por uma ONG ou por meio de recursos próprios”, ressalta o secretário de Cultura, Adriano Baldy, que aproveitou para afirmar que não “existe instabilidade e não existe nenhuma proposta de fechamento da orquestra”. Nas gestões anteriores, o grupo de músicos foi gerido por Organizações Sociais (OS), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e também pelo Estado.

Nos últimos anos, a Filarmônica teve concertos cancelados por falta de recursos. Em 2018, por exemplo, apresentações pelo País não foram realizadas, assim como a turnê internacional. No ano passado, os músicos quase ficaram de fora da 50ª edição do Festival Internacional de Campos do Jordão. Para o primeiro semestre, estão programados 21 apresentações da orquestra, entre concertos de câmara, didáticos, turnês estadual e nacional. Em 2019, o calendário foi mais enxuto, com a realização de 43 concertos. A Secult Goiás não divulgou o orçamento da temporada.

A batuta segue nas mãos do maestro Neil Thomson, que está à frente da OFG desde 2014 e com contrato em vigência até 17 de abril, mas em processo de renovação por mais um ano. Na abertura da temporada, serão apresentadas as obras Sinfonia Nº 16, de Haydn, Sinfonia Nº 2, de Rachmaninoff, e ainda a estreia da suíte folclórica Vila Boa de Goyaz, do violonista sul-mato-grossense Cyro Delvizo. A peça, que faz referência a alguns temas de Beethoven, também presta uma homenagem aos 130 anos de nascimento de Cora Coralina por meio do título, nomeado a partir de um dos livros da autora goiana.

Comemorações

O ano também marca o 40º aniversário da Filarmônica de Goiás e está programada uma série de ações comemorativas, como a gravação de quatro discos do maestro Claudio Santoro, além de obras de Nunes Garcia, Castro Lobo, Neukomm, Guarnieri, Gomes, Villa-Lobos e Gilberto Mendes. “É um ano importante para nós. A orquestra sempre teve um compromisso extremamente forte com a música brasileira, mas isso é algo que eu realmente queria destacar nesta temporada”, ressalta o regente britânico Neil Thomson.

A Filarmônica seguirá ainda com o ciclo de sinfonias completas do austríaco Joseph Haydn, um dos mais importantes nomes do período clássico e que compôs mais de cem obras. “O plano é gravar todos esses concertos e colocá-los no canal do projeto no YouTube. Essa será uma ótima maneira de exibir o patrimônio arquitetônico e a beleza turística de Goiás, além de ser o único ciclo completo de Haydn disponível nas plataformas virtuais”, destaca o maestro. Outro destaque é a participação no Festival de Campos de Jordão, o evento mais importante da música clássica.

Em 2020, a Filarmônica lançará o primeiro disco com obras de Claudio Santoro, pago pela gravadora internacional Naxos em parceria com o Itamaraty. O projeto do Ministério das Relações Exteriores selecionou três orquestras – a Sinfônica do Estado de São Paulo e a Filarmônica de Minas Gerais completam a lista. “A escolha é uma enorme homenagem à qualidade dos nossos músicos e da nossa reputação em nível nacional. Quando o trabalho ficar pronto, o nome de Goiás será, literalmente, levado para os quatro cantos do mundo”, confia Neil Thomson.

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