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Todo mundo vai sofrer: confira trajetória de Marília Mendonça

Reprodução / Instagram
Marília Mendonça compartilhou vídeo em rede social mostrando o momento do embarque, no Aeroporto Santa Genoveva, pouco antes do acidente fata

Ela disse que faria todo mundo sofrer, mas ninguém poderia imaginar que seria desse jeito. Um acidente aéreo no início da tarde desta sexta-feira (5) interrompeu a carreira de uma das maiores cantoras sertanejas do Brasil, a goiana Marília Mendonça, de 26 anos. O avião de pequeno porte em que ela estava caiu em Piedade de Caratinga, no interior de Minas Gerais. A Rainha da Sofrência saiu de Goiânia a caminho de Caratinga (MG), onde se apresentaria na noite de ontem. Além dela, morreram o piloto, o copiloto, o seu produtor Henrique Ribeiro e o seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho.

Nascida em Cristianópolis, Marília Mendonça começou a carreira na infância como compositora e se tornou queridinha dos principais nomes do gênero. Das suas mãos surgiram sucessos como Cuida Bem Dela, de Henrique & Juliano, Crime Perfeito, de João Neto & Frederico, É Com Ela Que Eu Estou, de Cristiano Araújo, e Calma, de Jorge & Mateus. Em 2015, a artista lançou sua carreira como cantora e se tornou um fenômeno logo no primeiro disco depois do hit Infiel. A artista se tornou a principal voz do movimento batizado de feminejo, com discurso de empoderamento e liberdade feminina.

Em uma das suas primeiras entrevistas por telefone ao POPULAR depois do sucesso de Infiel, em 2016, Marília Mendonça comemorava a agenda lotada. Ela disse que os discursos das suas canções eram responsáveis por conquistar o Brasil. “Canto histórias minhas que as mulheres se identificam. Não escondo quem é a mulher hoje em dia e faltava justamente coragem nas letras. Mulher não é mais aquela princesinha que fica esperando o príncipe encantado em casa. Mulher sai, vai para festa, bebe, é traída e trai também. Faltava alguém vir e falar quem é a mulher atualmente e eu fiz isso”, disse a sertaneja.

Além de Infiel, do disco de estreia várias canções estouraram, como Alô Porteiro, Como Faz Com Ela, O Que Falta Em Você Sou Eu, Entre Quatro Paredes e Meu Cupido É Gari. Marília Mendonça já era uma estrela e se tornou a principal representante do feminejo e abriu as portas para várias outras artistas, como Maiara & Maraisa, Naiara Azevedo e Simone & Simaria. Assim como a Rainha da Sofrência, elas conquistaram milhões de fãs cantando agruras amorosas, chifres, desilusões e que a mulher não precisa ser “bela, recatada e do lar”, mas aquela que estuda, trabalha e que bebe no barzinho.

O segundo disco de Marília Mendonça não poderia ter outro nome que não fosse Realidade e foi gravado em 2016 num grande show em Manaus para 40 mil pessoas. O trabalho recebeu indicação ao Grammy Latino, na categoria de melhor álbum de música sertaneja. Canções como Amante Não Tem Lar, Eu Sei de Cor, Traição Não Tem Perdão e Saudade do Meu Ex se tornaram hinos na voz dos fãs. Em 2017, ela alcançou uma grande conquista da carreira que foi tocar no palco principal da Pecuária de Goiânia, símbolo da consagração de vários artistas sertanejos, como Jorge & Mateus e Gusttavo Lima.

Patroas

Com a carreira solo consolidada, Marília Mendonça criou em 2017 uma festa com as amigas Maiara & Maraisa. Elas se conheceram em um spa em Goiânia antes mesmo de se tornarem grandes estrelas. O trio trocou histórias de fossa e desilusão e começou a compor no espaço, caso da música No Dia do Seu Casamento, assinada por Marília e Maraisa e gravada no disco de estreia das irmãs gêmeas em Goiânia. “É um projeto especial que tenho muito orgulho. Eu e as meninas temos uma história parecida de dedicação e trabalho”, disse a Rainha da Sofrência ao POPULAR no lançamento do projeto.

O projeto ganhou discos, shows pelo Brasil todo e também passou pela Pecuária. Na pandemia, elas fizeram lives e estavam com uma turnê marcada para 2022 com o projeto, indicado ao Grammy Latino deste ano, na categoria Melhor Álbum de Música Sertaneja. “Vocês podem esperar o melhor repertório do ano. Nunca me dediquei tanto a um projeto, nem no meu primeiro DVD. Está tudo muito equilibrado e com vários temas importantes”, disse Marília Mendonça ao POPULAR na segunda apresentação on-line das Patroas. Em outubro, o rosto do trio ganhou outdoor na Times Square, em Nova York.

Sobre o crescimento do projeto, Marília Mendonça contou na época ao POPULAR que elas estavam “mais maduras e que tinham mais histórias para contar, mas que não fugiriam da essência que era a sofrência”. “É uma amizade. É o momento que a gente se une para falar de música. Divido tudo com as meninas, conversamos sobre maternidade, relacionamento, cachaça. No início, a gente só se preocupava em cantar e se divertir”. O trio estava divulgando as novas canções do álbum, caso de Esqueça-me Se For Capaz, Todo Mundo, Menos Você, Motel Afrodite, Não Sei o Que Lá e Presepada.

Pandemia e maternidade
Pouco tempo antes da paralisação do segmento por conta da pandemia, Marília Mendonça tinha acabado de retornar da licença-maternidade depois do nascimento do primeiro filho, Leo, que completa 2 anos em dezembro, fruto do relacionamento com o cantor e compositor Murilo Huff. Ela fez shows lotados em São Paulo e a agenda estava cheia até o final de 2020. Ela ainda tinha uma turnê pela Europa, com apresentações em Londres (Inglaterra), Amsterdam (Holanda), Porto e Lisboa (Portugal) e todos foram remarcados para outubro e depois cancelados. Ao POPULAR, a cantora acreditava que o segmento seria retomado no início de 2021.

“Eu realmente torço muito para que a situação volte a se normalizar e que a gente possa matar a saudade da estrada”. A paralisação também foi o momento que ela aproveitou para ficar com o filho. “Esse é um lado da quarentena que para mim foi muito mágico, poder ficar com o Leo 24 horas por dia e perceber cada mudança do dia a dia”, disse ao jornal.

Por Todos os Cantos
Antes da paralisação dos shows por conta da pandemia, Marília Mendonça estava rodando o País com a bem-sucedida turnê Todos os Cantos – em Goiânia foi apresentada em 2019 na Pecuária. O projeto também consagrou a goiana com a conquista do primeiro Grammy Latino da carreira na categoria de Melhor Álbum de Música Sertaneja.

Os bastidores do álbum renderam uma série no Globoplay. O trabalho foi iniciado em agosto de 2018, com registros surpresas da cantora por todas as 27 capitais e conta com sucessos como Ciumeira (em Belém) e Sem Sal (em Fortaleza). Em Goiânia, ela gravou em 2019 o sucesso Bem Pior Que Eu, na Praça Cívica. “É fácil falar de Goiânia, porque é a minha casa, a minha terra e é sempre muito emocionante me apresentar aqui. Sempre passa um filme na minha cabeça”, disse ao POPULAR pouco tempo depois da gravação na capital.

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