Um a cada oito goianos é fumante, condição que acarreta complicações de saúde para pessoas com doenças crônicas como hipertensão arterial e diabetes. A prevalência do tabagismo no estado é de 13,1% da população, sendo que ela é maior entre os homens (15,5%) do que entre as mulheres (10,7%). O uso de aparelhos eletrônicos para fumar ou vaporizar em Goiás é de 4,6% da população e entre pessoas com idade de 18 a 24 anos alcança os 16%.Os dados foram obtidos por meio do primeiro inquérito de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) feito em Goiás. A coleta de dados foi realizada entre os meses de janeiro e abril de 2022. Foram entrevistados 5.018 adultos com 18 anos ou mais. O inquérito do governo estadual, que terá periodicidade de dois em dois anos, é similar ao que é produzido pelo Ministério da Saúde desde 2006, mas que só disponibiliza dados sobre o País e as capitais dos estados. O objetivo é compor um sistema de vigilância de fatores de risco para essas doenças e agravos.A gerente de Vigilância Epidemiológica de Agravos Não Transmissíveis e Promoção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Magna Carvalho, explica que apesar de limitações em função de anos de realização e metodologia, a prevalência elevada de tabagismo em Goiás na comparação com as pesquisas referentes ao Brasil (9,1%) e a Goiânia (10,4%) chama a atenção, especialmente se acrescida a prevalência de uso de cigarros eletrônicos, hábito não pesquisado no Vigitel Brasil.“O Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) sempre foi um sucesso na prevenção do tabagismo, mas teve pouco investimento nos últimos anos. Em paralelo, tivemos a entrada dos cigarros eletrônicos que, apesar de proibidos, estão sendo cada vez mais usados entre os jovens”, esclarece Magna. O titular da SES-GO, Sérgio Vencio, destaca que o uso de cigarros eletrônicos é comprovadamente maléfico para a saúde. “Causam câncer do mesmo jeito (que o cigarro tradicional)”, alerta.Outros fatoresAlém do tabagismo, a Vigitel Goiás evidenciou outros fatores de risco para doenças e agravos não transmissíveis. Um total de 22,6% dos goianos sofrem com hipertensão arterial e outros 6,4% com diabetes, doenças crônicas que podem ser controladas. Mesmo assim, o excesso de peso é prevalente entre 57,3% da população de Goiás, a obesidade entre 22,8% e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas chega a 24,1%. “Também é perceptível que esses fatores de risco são ainda maiores entre as pessoas que possuem menos anos de escolaridade”, pontua Magna.Em paralelo, só 20% dos moradores do estado praticam atividades físicas com regularidade. O número é metade do registrado na Vigitel Goiânia de 2021 (41,3%). O consumo regular de frutas e hortaliças pela população goiana é de 26,4%, abaixo do da capital (32%). “Os grandes centros têm acesso a uma quantidade maior de serviços. Por isso, o esperado é que as condições de vida sejam melhores nesses locais”, argumenta Magna.O inquérito não observou muitas diferenças nas prevalências dos fatores de risco entre as cinco regiões do estado. Em relação ao sexo, chama a atenção o fato das mulheres aparecerem com maior percentual de diagnóstico de depressão, 18,4% enquanto entre os homens atingiu 5,7%. Em contrapartida, eles aparecem com maior prevalência de tabagismo, uso de bebida alcoólica, direção de veículo após uso de bebida alcoólica, maior consumo de refrigerantes e alimentos ultraprocessados.Políticas públicasEm relação ao tabagismo, Magna Carvalho aponta que o Vigitel Goiás será usado para resgatar e aprimorar o PNCT. “Vamos fazer uma capacitação dos fiscais da Vigilância Sanitária para estarem mais atentos à venda dos cigarros eletrônicos, por exemplo.” O titular da SES-GO explica que a pasta possui um projeto de inserção de uma frente de enfrentamento ao tabagismo, doenças pulmonares e tuberculose por meio de veículos itinerantes. “Vamos trabalhar para ele ser implementado mais rapidamente”, destaca Vencio.Além disso, o Vigitel será usado para definir as diretrizes de um plano estadual de enfrentamento das doenças e agravos não transmissíveis, que será elaborado para o período de dez anos, de 2023 a 2032. Ele contará com três partes: vigilância, com monitoramento do cenário, prevenção e promoção de saúde, com a realização de campanhas educativas e de conscientização, e cuidado integral, com a melhoria dos serviços das redes de Atenção Primária para pessoas com hipertensão, diabetes e depressão.“Atualmente, as pessoas só procuram o serviço médico quando estão doentes. Temos que promover uma mudança de cultura, de estilo de vida. Precisamos ter uma rotina que incentive consultas preventivas, bons hábitos e atividades físicas. Vamos trabalhar junto aos municípios nesse sentido”, finaliza o secretário estadual de Saúde.