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12 mil usuários têm embarque prioritário cancelado em Goiânia

Wildes Barbosa/O Popular
Terminal Praça A: regra provoca aglomerações na entrada de plataformas

Um mês após o início do programa embarque prioritário no sistema de transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia, 12.092 usuários tiveram os cadastros cancelados.

O registro ocorre desde o dia 21 de março e serve para possibilitar o usuário a acessar o sistema durante as janelas da manhã e da tarde, nas quais apenas trabalhadores dos serviços considerados essenciais são permitidos.

Os que tiveram o acesso bloqueados são aqueles que não conseguiram comprovar o pertencimento ao grupo que atua nas atividades, como nos serviços de saúde, supermercados, farmácias e outros.

O número representa 11,66% do total de 103.663 cadastros realizados neste período. Para se ter uma ideia, no dia 23 de março, quando o programa passou a ser válido no sistema metropolitano, já tinham 83.058 cadastros efetivados.

Na época, 35.019 usuários não apresentaram documentação comprovando o exercício da profissão em atividade essencial. A quantidade de cadastros chamou a atenção dos técnicos do sistema, que esperavam um máximo de 50 mil usuários neste grupo. Até por isso, a partir de abril, passou-se a cobrar a documentação de todos os cadastrados.

Em um primeiro momento, o sistema aceitava as duas formas: com comprovante (que pode ser a foto da carteira de trabalho ou de um crachá) ou justificativa. Neste mês, aqueles que faziam apenas a justificativa passaram a ter de apresentar comprovação em até 48 horas e, se não fizesse, haveria o cancelamento, como ocorreu com 12.091 pessoas.

Na época, técnicos do sistema afirmavam que os usuários se cadastravam sem ser trabalhadores de atividades essenciais, usando como justificativa, por exemplo, a necessidade de visitar um parente ou de ir fazer compras, o que incentivou a implantação da nova regra para cancelamento. Assim, mesmo o número atual é mais que o dobro do estimado inicialmente pelos técnicos.

Um mês depois, a demanda no sistema também está maior, apesar da abertura da maior parte das atividades econômicas em ambas as ocasiões. No dia 23 de março, o sistema registrou cerca de 178 mil validações, enquanto que na última segunda-feira foram 217 mil usos.

O presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Domingos Sávio Afonso, entende que o programa de embarque prioritário foi positivo e continua tendo bons resultados. “É uma questão de adaptação do usuário, que vem se educando a cada dia. Historicamente, o usuário de ônibus é de difícil adaptação para mudanças, acontece aos poucos”, diz.

Segundo ele, no começo do programa houve problemas com o cadastro, em que pessoas que exercem atividades essenciais não conseguiam a liberação. “Isso foi resolvido e não temos mais esse problema.”

Com o início do embarque prioritário, passou-se a ter aglomerações nas portas dos terminais próximos aos horários de fim das janelas “Isso está sendo resolvido aos poucos.”

Para Sávio, há uma mudança natural e gradativa dos usuários frente a novas ideias para o transporte coletivo, já que são necessárias também alterações no cotidiano de cada pessoa que utiliza os ônibus. Por exemplo, uma ação comum no sistema metropolitano é o uso de caronas até os terminais, que geralmente acompanham outros horários e forçava que os usuários ficassem aguardando pela liberação da entrada nos locais.

Isso muda a partir de quando os decretos municipais alteraram também o horário de funcionamento das demais atividades. Além disso, o horário da janela da manhã foi adaptado. Em março, o começo era às 5h45 e iria até 7h15, já neste mês passou a funcionar de 6h às 7h30.

O entendimento é que essas mudanças possibilitaram uma melhor adaptação dos usuários a esta nova realidade, que é uma das medidas para o transporte coletivo para a contenção da pandemia da Covid-19.

O presidente da CMTC entende que a medida pode até mesmo ser mantida no período pós-pandemia, com algumas adaptações. “Podemos estudar sim, pois é bom diluir o horário de pico, estamos vendo a diminuição e com isso dá para estudar a dimensão da frota também.”

Sávio explica que antigamente o sistema possuía três picos de horários, que era o começo da manhã, o horário de almoço e o fim da tarde, mas que agora é possível confirmar apenas a permanência do início da manhã e o fim da tarde. “No entrepico não se vê ônibus algum com mais de dez pessoas. Ter este horário diluído é possível pensar em mais conforto para o usuário e é melhor para a cidade também.”

Nesta quarta-feira (21), em razão do feriado de Tiradentes, o sistema vai funcionar com a planilha de domingo. A estimativa é de uma demanda de 48 mil validações ao longo do dia. Serão realizadas 2.622 viagens. O sistema volta a operar normalmente a partir desta quinta-feira (22), retomando a frota normal e o número de viagens, assim como o programa de embarque prioritário.

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