Goiás tem 403.634 famílias em situação de extrema pobreza e 198.550 em situação de pobreza. A de Maria Cleudilene Ferreira, de 32 anos, é uma delas. Ela é mãe de quatro filhos de 12, 7, 9 e 3 anos. O mais velho é especial, o que a impede de trabalhar. Maria vive em uma casa cedida e os custos de medicamentos e suplementos para o menino especial, água e energia são custeados com o valor que recebe do programa Bolsa Família: 600 reais. O gás e a alimentação vêm da ajuda de doações da Central Única das Favelas (Cufa).“O básico, dá para suprir. Tem o almoço garantido, a nossa janta. Quando vem trigo dá para fazer bolinho frito para comer no café da manhã ou comemos o “flocão”. Nosso lanche está garantido”, relata Maria Cleudilene.A mulher conta que a compra de material escolar fica prejudicada. Quando questionada sobre roupas, calçados e lazer para as crianças ela responde: “não dá”. Ao todo, Goiás tem, com base nos dados de janeiro, os últimos disponíveis, 1.290.768 famílias no CadÚnico. De 2018 para 2022 o número aumentou 25%. O grupo no qual cada pessoa vive com até 105 reais por mês é chamado de extrema pobreza e aquele no qual a renda per capita vai até a 210 reais de pobreza (veja quadro). Há ainda as famílias consideradas de baixa renda que somam 353.280 (27%) e as que os membros têm mais de meio salário mínimo, no total de 338.760 (26%).A inserção no CadÚnico significa que a família recebe ou pleiteia algum programa social, sendo o mais conhecido deles o Bolsa Família. Em 2020, o quantitativo desta assistência havia chegado a 305,1 mil.O número de pessoas no CadÚnico que vivem em Goiás é de 2.953.094 (veja a pirâmide etária no quadro). O estado tem cerca de 7 milhões de habitantes. Atualmente, o Governo de Goiás apoia os municípios para o recadastramento do CadÚnico. A taxa de atualização chega a 77%, com base nos dados de janeiro. O valor é o mesmo da média nacional. O objetivo é “melhorar a qualidade das informações”. Nesta etapa acredita-se poder haver famílias fora do registro do CadÚnico e também grupos familiares que não necessitam mais do auxílio financeiro.O aumento na quantidade de famílias no CadÚnico é atribuído a dois fatores na visão da superintendente de Desenvolvimento, Assistência Social e Inclusão da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Goiás (Seds), Silvana Cruz Fuini. “A gente faz duas análises. Estamos dando visão aos ‘invisíveis’ que estão entrando no sistema e a segunda questão é circunstancial. A pandemia da Covid-19 trouxe um empobrecimento para as pessoas”, avalia.Mesmo com os programas sociais vigentes, a fome grita em Goiás. Nos últimos dois anos a Cufa atendeu cerca de 212 mil famílias. Diretora administrativa da instituição, Raissa Silva conta que pessoas que perderam o emprego engrossam os pedidos. O que chega não é suficiente para atender à demanda. “Todo mês nós atualizamos o cadastro e tudo que chega até nós é doado.” Dentre os atendidos pela Cufa estão beneficiários do Bolsa Família. Em dezembro de 2021 as famílias atendidas pela iniciativa do governo federal totalizaram 314.759 em Goiás. Além de cestas básicas e cartões para a aquisição de gêneros alimentícios, a instituição do terceiro setor doa cargas de botijão de gás de cozinha.MãesO Governo de Goiás atende 110 mil mulheres com filhos de 0 a 6 anos no programa Mães de Goiás. O benefício consiste no repasse de 250 reais exclusivos para a compra de alimentos, medicamentos e gás de cozinha. Outro repasse de renda do governo estadual é encaminhado aos municípios. Em 2022 foram R$ 33 milhões, conforme a Seds.O governo estadual afirma atuar em três eixos. Eles contemplam situação emergencial, como no apoio à segurança alimentar aos afetados pelas chuvas no Nordeste de Goiás. Também há auxílio permanente em programas alimentares e Aprendiz do Futuro. No último eixo estão iniciativas que visam promover a mobilidade social para cima. São ações de formação profissional e ainda a oferta de crédito subsidiado.Interessados em doar para a Cufa podem fazer contato pelo WhatsApp 9 9248-1541.-Imagem (1.2622253)