Em discurso em cerimônia de promoção de oficiais-generais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta-feira (8) que o Exército representa "uma estabilidade" para o Brasil e que atua "dentro das quatro linhas da Constituição".O presidente também voltou a usar a expressão "meu Exército", que gerou críticas por ser interpretada como uma tentativa de politizar a instituição."O nosso Exército, tradição, o nosso Exército de respeito, de orgulho, bem como reconhecido por toda nossa população, representa para o nosso Brasil uma estabilidade. Nós atuamos dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Devemos e sempre agiremos assim. Por outro lado, não podemos admitir quem por ventura queira sair deste balizamento"."Agradeço ao meu Exército brasileiro, o qual ainda integro, ao nosso Exército brasileiro, por este momento. Temos certeza que venceremos os desafios e cada vez mais colocaremos o Brasil no local de destaque que ele bem merece", disse Bolsonaro, em outro momento de seu pronunciamento.A fala do mandatário ocorre na esteira da maior crise militar registrada desde a redemocratização do país.A crise foi deflagrada com a decisão de Bolsonaro de demitir Fernando Azevedo e Silva do comando do MInistério da Defesa. No lugar, Bolsonaro nomeou o ex-ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto.Segundo interlocutores, o agora ex-ministro da Defesa vinha resistindo a pressões de Bolsonaro por um maior apoio das Forças Armadas na defesa de medidas do governo, principalmente na oposição a políticas de distanciamento social adotadas por governadores e prefeitos.Além do mais, Azevedo vinha bloqueando as investidas do presidente pela saída do general Edson Pujol do comando do Exército.Como resultado da demissão de Azevedo, Pujol -que participou da cerimônia desta quinta- e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica também anunciaram que deixariam seus postos.Parte expressiva da cúpula do Exército ainda está ressentida com as trocas efetuadas pelo Palácio do Planalto.A carta de demissão de Azevedo, em que ele argumenta ter preservado as Forças Armadas como "instituição de Estado, também foi interpretada como uma tentativa de Bolsonaro de aprofundar a politização dos militares, o que gerou novas críticas contra o mandatário.Para tentar evitar o adensamento da crise, Bolsonaro decidiu respeitar critérios de antiguidade na escolha dos novos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.Ainda em seu discurso nesta quinta-feira, Bolsonaro disse que é "muito bom e confortável" ser o "chefe supremo das Forças Armadas" tendo a seu lado os membros dessas instituições."Os momentos são difíceis. Vivemos uma fase um tanto quanto imprecisa, mas temos a certeza pelo nosso compromisso, pela nossa tradição, sempre teremos como lema a nossa bandeira verde e amarela; e a nossa perfeita sintonia com os desejos da nossa população. Assim agiremos", declarou.