O Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou nesta quarta-feira (17) a advogada Amanda Partata Mortoza, de 31 anos, por homicídio triplamente qualificado contra Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, pai do ex-namorado dela, e de Luzia Tereza Alves, de 86 anos, avó do ex. O crime teria tripla qualificação pelo uso de meio insidioso, o veneno, por ter sido cometido por motivo torpe, não aceitar o término, e ser feito de forma dissimulada, oferecendo bolos no pote com o veneno escondido. A investigada também foi denunciada pela tentativa de homicídio de João Alves Pereira, de 82 anos, avô do ex-namorado dela, que recusou o doce por ser diabético. Agostinho Alberto Alves e João Alves Pereira, tio do ex-namorado de Amanda também recusou o bolo para não ter o horário de almoço prejudicado, de acordo com relatório entregue à Justiça na segunda-feira (15). O MP pediu também nas denúncias que a advogada compense a família financeiramente pelos prejuízos materiais e morais sofridos pelas vítimas, valor que deve ser determinado ao final do processo, no júri. A instituição alegou ainda que a denunciada representa perigo para as investigações e pediu que a prisão temporária, que vence nesta quinta-feira (18), seja convertida em preventiva. Em nota, a defesa de Amanda Partata informou que soube das denúncias por meio da imprensa e afirmou que para evitar debate público deve se manifestar somente em juízo. Rejeição Investigação da Polícia Civil (PCGO) revela que Amanda Partata não aceitava o término do relacionamento com Leonardo Pereira Alves Filho e o ameaçava nas redes sociais por meio de perfis falsos. Como as mensagens eram anônimas, ela chegou a ameaçar a si mesma, em uma tentativa de desviar o foco da suspeita. A situação estava sendo investigada pela Delegacia de Crimes Cibernéticos e estava perto de ser concluída quando ocorreram os homicídios. O ex-namorado de Amanda, ao descobrir que Amanda era responsável, segundo a polícia, não comunicou a situação para a família, pois não queria que os parentes perdessem o contato com o filho dele que a ex-namorada dizia esperar. Ela também teria usado diversos números telefônicos gerados por um programa que mascara o número original para ligar ameaçando o ex. Leonardo Filho bloqueou mais de 100 ligações feitas por Amanda em números diferentes. Antes do envenenamento, ela também teria conversado casualmente com o ex e perguntado o que causaria mais sofrimento a ele. Leonardo Filho revelou que o que mais temia era a perda das pessoas amadas. Veneno A acusada, de acordo com o delegado Carlos Alfama, pesquisou em seu celular sobre as consequências do veneno que pretendia usar e quais exames detectavam o uso desse veneno. No dia 8 de dezembro de 2023, ela teria comprado a substância que foi entregue na casa dela em Itumbiara, no Sul goiano. No dia 16 de dezembro, ela pediu que a substância fosse entregue no hotel em que ela estava hospedada, em Goiânia. O depoimento do motorista de aplicativo que fez a entrega foi importante para a conclusão do caso e da identificação do veneno. Envenenamento Amanda Partata mantinha proximidade com os familiares de Leonardo Filho, pois afirmava estar grávida e teria se aproximado da família, fazendo visitas sem a aprovação do ex. Amanda teria enviado ultrassom falso e até mesmo simulado um chá revelação. No dia 17 de dezembro, ela fez mais uma visita à família de Leonardo Filho, durante o café da manhã, levando quatro potes de bolo, suco, pães e biscoitos de queijo e uma orquídea. O veneno foi encontrado pela Polícia Científica (PTC) em dois potes. A advogada teria permanecido na casa até 12h, depois pegou uma carona de volta para Itumbiara. Leonardo Alves, ex-sogro da investigada, enviou um áudio para ela, pouco tempo depois, falando que ele e a mãe passavam mal e pedindo que ela fosse ao hospital verificar a saúde, pois estava grávida. Leonardo Pereira Alves e sua mãe, Luzia Tereza Alves, morreram em momentos diferentes após darem entrada no hospital, no dia do envenenamento. A princípio, surgiram rumores de que as vítimas teriam passado mal após comerem uma sobremesa de uma doceria conhecida na capital. A possibilidade, no entanto, foi descartada pela polícia. Prisão Amanda Partata foi presa em 20 de dezembro de 2023. Ela foi indiciada e responde por pela morte do pai e da avó do ex-namorado por envenenamento e por tentativa de homicídio contra o avô e um tio do ex que teria passado pela casa para buscar uma ferramenta, a quem ela ofereceu diretamente o bolo envenenado.