Desde quarta-feira (24), Amanda Partata Mortoza está na Casa de Prisão Provisória (CPP), uma das unidades do sistema prisional de Aparecida de Goiânia. A transferência da Casa do Albergado, onde ela ocupava desde dezembro uma cela especial, foi autorizada pela Justiça depois que a advogada teve seu registro suspenso junto à Ordem dos Advogados do Brasil - seção de Goiás (OAB-GO).A advogada foi indiciada pelos assassinatos do servidor da Delegacia Estadual de Furtos e Roubos de Veículos Automotores (DEFRVA), Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e sua mãe Luzia Tereza Alves, 86, e por tentativa de assassinato contra João Alves Pereira, 82, e o tio dele, Agostinho Alberto Alves. Pelos crimes, ocorridos em dezembro de 2023, ela pode ser condenada a mais de 100 anos.Amanda Partata Mortoza, que nasceu em Itumbiara, no sul de Goiás, protagonizou no final do ano passado um caso policial que chocou o Brasil. Segundo a Polícia Civil, para se vingar do ex-namorado, o médico Leonardo Pereira Alves, que havia terminado com ela, a advogada injetou uma substância altamente letal em bolos de pote que foram levados por ela à casa da família.A ação foi cuidadosamente planejada, como apontaram as investigações. Os bolos foram consumidos pelas duas vítimas que morreram horas depois. As outras duas pessoas, o avô e um tio do ex-namorado, declinaram do convite para consumir a iguaria. A própria Amanda, como contou familiares de Leonardo, colocou a iguaria na boca da idosa Luzia Alves, que sofria de Alzheimer e tinha problemas para se alimentar sozinha. O crime aconteceu no dia 17 de dezembro de 2023. Ao ser presa no dia 20, num hospital psiquiátrico, Amanda negou o crime. Mas as investigações conduzidas pelo delegado Carlos Alfama, da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), mostraram que a advogada veio de Itumbiara, se hospedou num hotel em Goiânia onde recebeu a encomenda do veneno que tinha feito pela Internet. Antes ela tinha pesquisado qual substância poderia ser detectada em exames de sangue e se o envenenamento seria descoberto. Depoimentos, comprovantes de compras e imagens evidenciaram a ação macabra. Durante quatro meses Amanda disse à família do ex-namorado que estava grávida, uma criança que teria sido muito festejada porque seria a primeira neta. Com a ajuda da mãe de Leonardo, a empresária Eliane Lino Pereira Alves, a jovem fez uma festa-revelação do sexo do bebê, reunindo as famílias de ambos os lados, e amigos.Quando o caso do envenenamento veio a público, a família de Amanda, que vive em Itumbiara - seus pais são divorciados - optaram pelo silêncio. A defesa dela chegou a divulgar uma nota assim que sua prisão foi convertida em preventiva e também se calou. O jornal apurou que os advogados já recorreram da decisão da transferência da Casa do Albergado para a CPP.Até ser transferida para a CPP esta semana, Amanda ocupava cela especial na Casa do Albergado, onde também estavam outras quatro profissionais de sua área. Como o registro dela junto à OAB-GO foi suspenso, ela perdeu a prerrogativa.Em nota, a Ordem explicou que houve uma suspensão cautelar da inscrição dela e que informações sobre processos ético-disciplinares são sigilosas. A suspensão cautelar ocorre em casos de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia, segundo a OAB-GO. O advogado Luis Gustavo Nicoli, contratado pelas famílias das vítimas, informou que há na Ordem um processo pedindo a exclusão de Amanda de seus quadros.“Ela foi para onde merece ficar”O advogado Luis Gustavo Nicoli comemorou a transferência. “Estamos felizes já que ela não preenche os requisitos de uma prisão especial. E tudo isso faz parte da busca da Justiça que nós tanto almejamos.” Para a empresária Eliane Lino, mãe do ex-namorado de Amanda, a transferência dela para a CPP conforta um pouco a família. “Ela foi para onde merece ficar. Mesmo assim, tenho receio em relação à segurança, principalmente dos meus filhos porque podemos esperar tudo de uma pessoa que agiu com tanta crueldade com pessoas que nunca lhe fizeram mal nenhum, ao contrário, só transmitiu amor a ela.” Há cerca de uma semana, o laudo pericial elaborado pela junta médica do Tribunal de Justiça de Goiás revelou que Amanda Partata Mortoza não apresenta nenhuma doença mental e que ela tinha clareza dos seus atos ao planejar e executar o ato ilícito.