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Amanda Partata responde por 2ª tentativa de homicídio com bolo envenenado

Reprodução
Amanda Partata chega na delegacia para depor após ser presa

A Polícia Civil indiciou a advogada Amanda Partata Mortoza, de 31 anos, por mais uma tentativa de homicídio. Presa desde o dia 20 de dezembro, ela já respondia pela morte do pai e da avó do ex-namorado por envenenamento e por tentativa de homicídio contra o avô do ex pelo mesmo motivo. Três dias antes da prisão, ela havia levado potes de bolo com o veneno para um café da manhã com as vítimas. As investigações apontam que ela tentava, com o crime, atingir o ex, que havia rompido o namoro de um mês e meio em agosto.

O policial civil Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e sua mãe, Luzia Tereza Alves, de 86, morreram, respectivamente, no dia 17 e 18 de dezembro, após consumirem o bolo envenenado e serem levados para internação hospitalar com fortes cólicas. O marido de Luzia, João Alves Pereira, de 82, se recusou a comer o pote de bolo por ser diabético. Amanda levou quatro potes, além de suco, pães de queijo e biscoitos de queijo, além de uma orquídea, para a casa de Leonardo. Perícia encontrou o veneno em dois potes.

No novo relatório entregue à Justiça nesta segunda-feira (15), ao qual o jornal teve acesso, é dito que durante o café da manhã, Agostinho Alberto Alves, tio do ex de Amanda, aparecer na casa para pegar uma ferramenta e encontrou todos sentados na mesa conversando. Quando a advogada o viu, ela fez o convite para Agostinho se servir oferecendo diretamente um bolo no pote. Ela ainda teria dito a ele, segundo seu depoimento: “Que bom que você chegou! Vem aqui lanchar com a gente.”

Agostinho conta que recusou a oferta porque, pelo horário, poderia afetar seu almoço e que após pegar a ferramenta que procurava deixou a casa pela porta dos fundos. O delegado Carlos André Ferreira Alfama, adjunto da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), afirma no relatório que tanto o tio como o avô do ex só não vieram a óbito “por circunstâncias alheias à vontade da indiciada”.

O adjunto da DIH afirma que o motivo do crime foi o sentimento de rejeição que a indiciada sentiu em razão do fim do relacionamento com o filho de Leonardo e que no dia em que comprou o veneno pela internet Amanda teve antes uma conversa por um aplicativo com o ex questionando-o sobre o que lhe causaria mais sofrimento, no caso a perda de alguém que ele amasse.

Pesquisa na internet

Um laudo anexado ao inquérito após a apresentação feita à imprensa sobre a conclusão das investigações, no dia 29 de dezembro, mostra que Amanda pesquisou sobre as consequências do veneno no organismo um dia antes do crime e após o café da manhã. Perícia feita no celular da advogada encontrou pesquisa sobre “qual exame de sangue detecta” o veneno, se “tem como descobrir envenenamento” pelo veneno usado e se a substância “tem gosto”.

Amanda também pesquisou um dia antes do café da manhã sobre hepatomegalia, um aumento exagerado do fígado que pode ser causado por envenenamento. Horas antes de ir a casa do policial civil, ela procurou saber se “intoxicação alimentar mata”. Inicialmente, quando ainda não havia suspeita de crime, a família das vítimas não descartava esta possibilidade, o que foi rapidamente descartado pela Polícia Técnico Científica (PTC) devido à rapidez com que o policial e a mãe morreram.

No dia 18 de dezembro, já com Leonardo morto e a avó do ex na UTI, a advogada fez uma última pesquisa destacada pelo laudo: “análise de material biológico”. No relatório entregue à Justiça, o delegado afirma que estes novos detalhes acrescidos à investigação “tornam inafastável a conclusão de que ela premeditou e estudou os crimes de homicídio que praticou contra as vítimas”.

O relatório também aponta que ainda seguem em análise pela PTC suplementos alimentares que foram presenteados por Amanda à família do ex. Estes produtos foram entregues à polícia pela viúva de Leonardo.

O veneno utilizado foi identificado pela Polícia Civil e confirmado pela PTC, mas nas entrevistas as autoridades evitam falar o nome da substância argumentando que isso poderia incentivar sua procura para fins nocivos. Pelo mesmo motivo, O jornal não o identificou, apesar de constar no documento entregue pelo delegado ao Judiciário. A reportagem verificou que o produto segue à venda no mesmo site pelo mesmo valor adquirido por Amanda, sem nenhuma restrição.

Em seu relatório, o delegado destaca pontos que já foram apresentados à imprensa no final do ano. Logo após o término, Amanda teria mentido sobre uma gravidez para se manter próxima do ex e de seus familiares, inclusive simulando um chá revelação. Ao mesmo tempo que demonstrava carinho ao ex, a advogada usava, segundo a polícia, identidades falsas nas redes sociais e outros números de telefone celular para mandar ameaças ao filho de Leonardo.

O depoimento de um motorista de aplicativo foi fundamental para elucidação do caso, pois foi ele quem trouxe o veneno em um pacote, sem saber do que se tratava, de Itumbiara (onde Amanda morava) para Goiânia (no hotel onde ela estava hospedada). A partir daí, e com imagens de câmeras do hotel, a polícia identificou o veneno usado. Foram encontrados documentos no celular da advogada que comprovam a compra.

Indiciamento

Amanda agora responde por dois homicídios duplamente qualificados (motivo torpe e emprego de veneno) e duas tentativas de homicídio também qualificados pelos mesmos motivos. No caso de Luzia e João, a possível punição pode ser agravada também pela idade das vítimas.

O delegado fez um novo pedido de prisão preventiva contra ela. Uma das justificativas alegadas é o histórico identificado envolvendo outros ex-namorados que foram enganado por ela com falsa gravidez, a forma como ela cometeu o crime, contra pessoas que a acolheram em casa e a exclusão de provas que estavam no celular dela antes de ter sido apreendido.

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