Quem casa quer casa. Nunca este ditado foi tão verdadeiro. Enquanto, há algumas décadas, os casais se uniam em matrimônio bem cedo, sem muitos recursos e juntos pactuavam “construir a vida”, os da atualidade pensam diferente. Querem garantir a profissão, o carro e a casa própria antes de partirem para o enlace, que pode até ser adiado se essas condições não forem previamente alcançadas. Isso mostra claramente que hoje os jovens casais têm prioridades diferentes do que tinham seus pais e avós.O taxista Atílio Ferreira, de 30 anos, e a professora Larissa Laisa, 28, são um exemplo que protagonizam essa tendência. Em dezembro do ano passado, no momento de fazer a vistoria de entrega do apartamento, ele pediu a mão de Larissa em casamento, com direito a faixa na frente do prédio, aliança e a presença dos pais dos noivos. “Foi um momento muito especial pra gente”, relembra Atílio.Eles se conheceram em 2012. O namoro começou a ficar sério e então, eles decidiram comprar um imóvel próprio juntos. Casamento? Só depois da conquista do ninho do casal. “A gente pensa muito no futuro. Se nossos planos ficaram mais sérios, era importante buscar essa segurança para a família que pretendíamos constituir”, conta Larissa. Durante seis meses pesquisaram e compraram no final de 2015 um apartamento no empreendimento Livre Ipiranga da FR Incorporadora. Atualmente, enquanto decoram o futuro lar, estão preparando a cerimônia para o final do ano.Com mais de 10 anos de experiência no mercado imobiliário, Nara Cardoso, gerente de produtos da URBS RT Lançamentos Imobiliários, reconhece essa mudança de comportamento em que os jovens primeiro se preocupam com a casa e depois com o casamento. “Grande parte dos clientes que atendemos são de jovens casais, sejam noivos, ou namorados que estão pensando em noivar. São pessoas que começam a planejar sua vida”. Ela destaca que a grande maioria desse público de jovens compradores busca imóveis na planta, mais baratos, de dois quartos e um pouco mais afastados das regiões nobres da cidade. “Depois, com o tempo, essa casal jovem melhora a sua renda, tem filhos e com isso vai buscando outras opções de moradia”, afirma a gerente da URBS RT.E são esses jovens a grande parcela dos compradores de imóveis. Hoje, os consumidores com até 35 anos já representam 44,4% dos mutuários na Caixa Econômica Federal, segundo dados referentes a novembro de 2014.O que jovem comprador de imóveis quer?Se na época dos nossos pais e avôs a preferência era por moradias maiores e planejadas de forma mais segmentada com cozinha, copa, varanda, sala de estar, sala de almoço e jantar, ou seja, muitos cômodos dispostos de forma isolada, hoje, as prioridades são praticidade e integração, principalmente para quem busca o primeiro imóvel.Para Ricardo Teixeira, diretor de atendimento e marketing da URBS-RT Lançamentos Imobiliários, uma das maiores do Estado, o público jovem tem duas prioridades em mente: preço e localização. “O jovem, que tem uma vida naturalmente mais agitada, em seu primeiro imóvel busca ter sua liberdade de ir vir, por isso a localização é sempre uma prioridade, mas o preço é um fator preponderante para ele. Até porque, depois quando ele tiver uma vida profissional mais estável e consolidada, ele com certeza vai buscar, digamos, um upgrade na sua moradia”, afirma Ricardo.Para o executivo, as mudanças no perfil dos imóveis de hoje surgiram também muito em função de um novo estilo de vida das pessoas de uma forma geral, não só dos jovens. Segundo ele, a rotina das pessoas é sim mais acelerada e com pouco tempo em casa, por isso uma residência que dê menos trabalho é fundamental hoje. “As pessoas estão ficando sem tempo e nesse sentido essas mudanças nos projetos vieram para atender essa nova rotina. Por isso, as plantas dos imóveis, seja de apartamento ou casas, ficaram mais inteligentes e hoje você tem cozinha, sala e varanda integrados, para que nesse pouco tempo que as pessoas têm em casa possa-se facilitar o convívio das famílias”, destaca.No caso de Atílio Ferreira e Larissa Laisa, o jovem casal citado no início desta matéria, a meta foi conseguir inserir no orçamento um apartamento que não fosse luxuoso, mas que também não fosse muito pequeno. Conseguiram encontrar o imóvel ideal, na visão da dupla. “Sempre achei muito pequeno o tamanho das cozinhas e áreas de serviço dos apartamentos que olhávamos. Esse ficou do jeito que eu queria”, diz LarissaOutra importante prioridade para a escolha do imóvel foi a localização que deveria ser estratégica. “Eu e minha esposa trabalhamos, ela inclusive em dois lugares diferentes. Então pensei em escolher um apartamento que estivesse perto de vias importantes”.