A Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou os dois primeiros casos de malária em pacientes que se infectaram com a doença sem viajar para fora de Goiás. Ambos teriam sido picados pelo mosquito transmissor em uma chácara em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. No total, 34 casos foram confirmados neste ano, o que alerta a população sobre como se proteger.O médico infectologista Boaventura Braz, do Hospital de Doenças Tropicais (HDT), explica que a malária é uma doença típica de regiões tropicais e equatoriais, como o Norte do Brasil e a África, e que é transmitida pelo mosquito Anopheles. “É um mosquito de águas limpas e, diferente da dengue, ele sobrevive e transmite a doença em regiões silvestres, próximas a rios”, afirma.Segundo a SES, o primeiro caso classificado como autóctone, isto é, quando o paciente não viajou para fora do estado, foi confirmado em fevereiro. O segundo é o de uma mulher de Anápolis, a 60 km de Goiânia, que frequentou uma chácara próxima a região onde o primeiro paciente foi infectado. “Com exceção deles, outros 32 casos foram “importados” de outros estados ou países”, informa.Com os dois casos confirmados em paciente que não viajaram para fora do estado, o infectologista destaca que acende um alerta para os moradores da região ou turistas. “Onde eles foram infectados existe o mosquito transmissor da doença. Então, as pessoas devem evitar essas regiões e, se inevitável, usar repelentes e roupas protetoras contra mosquitos”, enfatiza.SintomasBraz explica que os sintomas iniciais da malária são febre, calafrios, dores no corpo e distúrbios digestivos, como por exemplo, náuseas e vômitos. “Em casos mais graves, os olhos do paciente ficam amarelados", enfatiza. Segundo o médico, a doença é confirmada após exames de sangue gerais e específicos.Além disso, a SES destaca que o quadro clínico do paciente pode ser leve, moderado ou grave. “Na fase inicial, a malária se confunde com outras doenças infecciosas e não pode ser diagnosticada pela sintomatologia. Apenas o diagnóstico laboratorial confirma ou descarta a doença”, ressalta. O tratamento da malária é realizado a depender da situação clínica do paciente. “Pode ser a nível ambulatorial ou quando o quadro se agrava, em regime de internação”, informa Braz. O médico ainda destaca que a doença é transmitida somente pelo mosquito. “Não existe transmissão oral ou sexual”, afirma.CuidadosA SES informa que a região onde os dois pacientes teriam se infectado é monitorada pela Coordenação de Zoonoses da Gerência de Vigilância Epidemiológica de Doenças Transmissíveis da Superintendência de Vigilância em Saúde da SES. Segundo a pasta, as equipes realizam o controle vetorial para reduzir o risco de transmissão de novos casos.“Realiza também trabalho de pesquisa para captura do vetor responsável pela transmissão da doença, a fêmea infectada do mosquito Anopheles, e a busca ativa de sintomáticos na região em que os casos foram confirmados”, informa a SES. Além disso, a pasta alerta a população para as recomendações e cuidados básicos para evitar a infecção pela doença.Braz afirma que quando for viajar para regiões onde há casos confirmados da doença, é importante usar repelentes e roupas protetoras para evitar as picadas dos mosquitos. “Não temos uma vacina que proteja efetivamente contra a malária, mas existem medicações, que são indicadas para viajantes e usadas durante o período da viagem, que podem tentar evitar a doença”, finaliza.A reportagem solicitou por e-mail informações sobre o estado de saúde dos pacientes e questionou sobre o acompanhamento deles, mas a SES não retornou até a última atualização desta matéria. Os nomes dos pacientes não foram divulgados e, por isso, a reportagem não pôde localizá-los para perguntar sobre como está o tratamento.