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Após restauração, Matriz de Aparecida de Goiânia será reaberta

Wesley Costa
Construção iniciada em 1922, a Matriz de Aparecida de Goiânia nunca havia passado por uma obra de restauro, apenas intervenções

Símbolo histórico e patrimonial, a popularmente conhecida Matriz de Aparecida de Goiânia, cidade que no dia 11 deste mês completou 102 anos, será festivamente reaberta no domingo, 2 de junho, após um ano e meio fechada para obras de restauração. A igreja, elevada à condição de Santuário em 2018, deu origem ao município vizinho à capital. Às 18 horas haverá uma celebração religiosa conduzida pelo arcebispo metropolitano, dom João Justino, ao lado do novo reitor e pároco padre José Fernando Albuquerque e Silva. Logo após, na Praça da Matriz, o cantor Diego Fernandes e a dupla Lourenço e Lourival se apresentam.

Tombada em 1985 por lei municipal, a igreja que começou a ser construída em 1922 e sediou a primeira missa em 1924, nunca tinha passado por uma obra de restauro. Em toda a sua história recebeu apenas intervenções de reforma. Sua estrutura conta com tijolo maciço-adobe e elementos em madeira (aroeira). Na fachada, detalhes em branco e azul, uma concepção colonial que leva a assinatura do carpinteiro João Batista de Toledo. Foi ele também que talhou a cruz de aroeira preservada em frente ao Santuário, cravada pelos fundadores de Aparecida de Goiânia.

A preservação das características originais da igreja foi possível após um convênio com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em meados do ano passado, o trabalho de escavação em volta dos 26 pilares de madeira revelou a péssima condição estrutural. Todos os pilares, fincados a 2,5 metros no solo, estavam podres, corroídos pelo tempo e por cupins. Por orientação do Iphan, as vigas originais foram aproveitadas e para dar sustentação estrutural foi feita uma espécie de prótese na parte dos pilares que fica sob a terra. Foram preservados lustres, piso de madeira, altar, portas e janelas.

As obras de restauração, sob a responsabilidade da Marsou Engenharia e fiscalização direta de engenheiros da prefeitura local, além da parte estrutural, envolveram também melhorias nos sistemas elétrico, hidráulico e de som. Na parte externa foi implantado um sistema de drenagem para evitar infiltrações. Outra novidade é a instalação de um moderno sistema de segurança. Os recursos necessários para a restauração do Santuário foram provenientes de emendas parlamentares dos deputados federais Professor Alcides (PL) e Francisco Júnior (PSD) e dos cofres da Prefeitura de Aparecida de Goiânia.

A Paróquia e Santuário Nossa Senhora Aparecida tem capacidade para apenas 300 pessoas sentadas. Grandes celebrações, que exigem mais espaço, são realizadas na área pública externa. Na segunda-feira (27), uma missa celebrada por dom João Justino, marcou a posse do novo pároco e reitor, padre José Fernando Albuquerque e Silva. Este é o quarto santuário na área da Arquidiocese de Goiânia. Os demais são o Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade; Santuário Basílica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Matriz de Campinas); e Santuário Arquidiocesano Sagrada Família, ambos na capital.

O prefeito Vilmar Mariano (União Brasil) ressalta que “a fé do povo é o marco zero da centenária Aparecida”. Segundo ele, a restauração do Santuário se fez necessária para preservar sua história e arquitetura colonial para as presentes e futuras gerações. “Com certeza é um sonho que está se concretizando com muita gratidão. Confesso que eu, como prefeito, estou muito feliz por participar dessa realização cultural importante de Aparecida.”

O início de um sonho de muitas pessoas 

Professora aposentada e ex-coordenadora de Cultura do município, a pesquisadora Nilda Simone, 56 anos, possui uma enorme fonte de memórias afetivas envolvendo a velha igrejinha de Aparecida de Goiânia. “É o meu encanto. Ali começaram todos os sonhos da cidade em 1922”, relata ela, autora de quatro livros sobre a história da cidade onde nasceu, foi criada e ainda vive. Seu bisavô morava na própria Praça da Matriz, como ficou conhecido o principal logradouro público de Aparecida de Goiânia. 

“Sempre estávamos na praça, em especial na festa da igreja no mês de maio quando eram realizadas as quermesses. Me casei na Matriz e ali batizei meus filhos. Ali sempre foi o ponto de encontro das famílias e ainda hoje estudantes dos colégios próximos continuam a se reunir na praça”, detalha a pesquisadora sobre a importância da igreja, construída segundo ela, pelo esforço de muitos. “Aparecida nasceu a partir dessa igreja. Quatro famílias doaram terras para que a cidade surgisse. Foi o sonho de muitos.”

Wesley Costa
Para Nilda Simone, igreja histórica é fonte de memórias afetivas
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