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Apesar de risco de falência, vendedores da Tupperware apostam em paixão dos brasileiros por potes

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Empresa se prepara para declarar falência após 82 anos no mercado

O amor aos potes colecionáveis, a fidelidade com a marca e a tradição que passa de uma geração para outra são alguns motivos que mantêm revendedores da Tupperware ouvidos pela Folha otimistas com as vendas dos produtos no Brasil, apesar do risco de falência da fabricante americana.

A empresa se prepara para declarar falência ainda nesta semana, afirmou a agência Bloomberg nesta segunda-feira (16), citando pessoas com conhecimento dos planos. As ações do grupo, que despencaram 59,03% nos Estados Unidos e passaram a valer US$ 0,4875 após a notícia, estão com as negociações suspensas na bolsa de Nova York nesta terça-feira (17). No ano passado, a dona dos potes colecionáveis já havia indicado que poderia falir.

"O caso de lá é bem diferente. Eles não têm consultores como aqui, então as vendas são diretamente com as grandes redes", afirma Mauricio Yamada, chef de cozinha e consultor da marca.

Yamada diz que começou a vender os produtos no final de 2022 e, desde então, seus resultados seguem em crescimento. "As vendas no Brasil são altas e o mercado brasileiro é um dos mais rentáveis do mundo, tanto que temos duas fábricas."

Rafaela Pereira, consultora da marca há dois anos, acredita que suas vendas não serão afetadas. "Nossas clientes são pessoas que compram por anos, de uma geração para a outra e que gostam de colecionar", afirma.

"As clientes não compram apenas um pote, compram também uma cozinha organizada e funcional. Elas têm consideração com os produtos. É provável que, por isso, a Tupperware se sustente e permaneça no mercado brasileiro", explica Rafaela.

A revendedora, que conheceu os produtos por meio de sua sogra, relata que as redes sociais também facilitam os negócios. "Há muitas consultoras que vendem por meio de redes sociais para todo o Brasil. Muitas delas possuem um grande número de vendas, tornando a consultoria uma das suas principais fontes de renda."

Mônica Landim, consultora da marca desde 2005, diz que começou a trabalhar com a Tupper porque tinha vontade de ter os produtos em sua casa. "A princípio, minha ideia era vender e, com o lucro, eu compraria os meus próprios produtos."

Com o tempo, Mônica passou a ver as vendas como uma oportunidade financeira para sua família, ao mesmo tempo em que conseguia cuidar de seus filhos em tempo integral.

"No Brasil, vejo que existe um vínculo muito forte com a marca por ser um sinônimo de qualidade e pela durabilidade dos produtos", afirma a consultora.

Mônica diz ainda que, apesar do tamanho da marca, um dos motivos que afasta as novas gerações da marca é o aumento do consumo rápido de alimentos.

A cultura de alimentação no formato fast food faz com que as pessoas deixem de armazenar alimentos em suas casas. "A conservação dos alimentos é um dos pilares nos quais a Tupperware trabalha. As pessoas devem voltar a descascar mais e desembalar menos", diz.

Quézia Araujo, consultora da Tupperware em Minas Gerais, diz que se tornou consumidora muito antes de ser consultora. O chá enxoval de seu casamento foi realizado com uma série produtos da marca que ela guarda até hoje.

"Brinco com minhas clientes que são produtos para toda a vida. O meu descascador de legumes mesmo ganhei no meu chá de panela e já está comigo há nove anos."

A situação da empresa também não preocupa a vendedora, já que a Tupperware tem uma fábrica própria no Brasil. "A Tupperware é uma marca conhecida mundialmente, mas no Brasil ela é especialmente muito querida pelos consultores e consumidores", diz.

Consultada, a Tupperware não respondeu até a publicação desta reportagem.

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