Geral

Arborização de Goiânia recebe prêmio

Wildes Barbosa
Nos quase 9 anos de obra do BRT Norte-Sul, cerca de 2,5 mil árvores foram extirpadas na capital: para cada exemplar retirado, Paço plantou 15 em média

Goiânia entrou para o grupo de cidades reconhecidas pela sua política de arborização urbana em um programa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO-ONU) e a Arbor Day Foundation, organização sem fins lucrativos dedicada ao plantio de árvores. A cidade passou a ser considerada “Tree Cities of the World”, que seria “Cidades árvores do mundo”, em tradução livre referente ao ano de 2023, sendo uma das 33 brasileiras. A Prefeitura aponta que nos últimos três anos plantou um total de 382 mil árvores pelos programas municipais, além de ter aprovado o seu primeiro Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU), sendo estes fatores cruciais para o reconhecimento.

Por outro lado, conforme publicado pelo DAQUI no ano passado, até o final de outubro de 2023, 5.268 árvores em Goiânia foram extirpadas por pedidos de moradores, realização de obras ou em programas de substituição de espécies em via pública. A quantidade equivale a mais que o dobro do que o ocorrido em todo o ano de 2022, quando foram retiradas 2.559 árvores do espaço público urbano da capital. O número é também 14,35% a mais do que o efetuado em 2021, quando a Prefeitura relatou 4.607 árvores a menos na cidade. A Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) não repassou os dados mais recentes sobre a extirpação de árvores.

Superintendente de Gestão Ambiental e Licenciamento da Amma, Ormando Pires, afirma que em Goiânia não há números de extirpação porque o que é feito na capital é a substituição. “Toda árvore que tem a análise que pode ou precisa ser retirada é obrigatório ter uma reposição. E quando se trata de obras maiores, a compensação é ainda maior, pode ser de até 50 mudas para uma árvore”, conta. A construção do BRT Norte-Sul, por exemplo, que já completa nove anos, soma cerca de 2,5 mil árvores extirpadas na capital. Na maior parte dos casos, a compensação definida pela Amma foi de plantação de 15 exemplares por árvore retirada.

Na Praça Cívica, por exemplo, foram 24 árvores retiradas e o pedido foi do replantio de 121 no local e 239 ao longo do corredor. Pires conta que a Amma fiscaliza se a compensação é cumprida. No caso das obras, quando é finalizada, só é feito o termo de entrega com o aval da agência, ao verificar o cumprimento das ordens. Ele ressaltou ainda que, mesmo assim, os programas municipais já plantaram uma quantidade muito superior de árvores ante a quantidade de retirada. O superintendente se refere ao ArborizaGyn, que faz o plantio em áreas degradadas, o Disque-Árvore, em que a população recebe muda e orientação para o plantio nas calçadas e o Rearboriza, em que a própria Prefeitura faz o plantio nos passeios públicos em determinadas vias da cidade.

No momento, o trabalho tem sido feito no Setor Central, nas Avenidas Tocantins e Araguaia e vai passar ainda pelas ruas 4 e 8. As marginais Botafogo e Cascavel também vão receber o projeto. “A gente quer que seja cada vez mais compartilhada essa responsabilidade, com plantios intensos. A gente é criticado pelas extirpações, mas fazemos o pedido de substituição”, afirma Pires. Neste mês, por exemplo, haverá a retirada de 76 árvores das avenidas Altamiro de Moura Pacheco e Pedro Ludovico, no Setor Cidade Jardim. Segundo o superintendente da Amma, todas elas tinham algum problema sanitário ou de vandalismo. “Foram determinadas o plantio de 188 árvores por isso”, diz ele.

Pires reforça que o Plano Diretor de Arborização, sancionado em janeiro deste ano, garante fiscalização e de punição a quem não cumprir a substituição das espécies e as compensações exigidas. “A gente e os servidores da Amma ficamos felizes com esse reconhecimento internacional, que é nosso também. É um prêmio (o Tree Cities of the World) que pode nos trazer parcerias e também pode ser usado como prova para obter recursos federais ou privados para a área ambiental”, acredita ele. A premiação é anual e depende da inscrição da cidade e o envio de dados e documentos para a análise dos técnicos da fundação norte-americana nos pontos analisados (ver quadro).

Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI