Um grupo de astrônomos anunciou nesta quarta-feira (22) a descoberta de um sistema com sete planetas, dos quais todos eles, em princípio, poderiam conservar água em estado líquido em sua superfície -condição tida pelos cientistas como essencial para a vida. Três deles em particular parecem mais promissores para a presença de oceanos.O anúncio foi feito em entrevista coletiva organizada pela Nasa (a agência espacial americana) e publicação simultânea na revista científica "Nature".O sistema orbita uma pequena estrela localizada a cerca de 40 anos-luz da Terra, na constelação de Aquário. Chamada de Trappist-1, ela é tão pequena que tem um diâmetro apenas um pouco maior do que Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Seus planetas, por sua vez, têm todos porte similar ao do nosso -alguns um pouco menores, outros um pouco maiores- e passam rotineiramente à frente de sua estrela-mãe do ponto de vista de quem está na Terra. Foi graças a isso que eles foram descobertos.No ano passado, usando um telescópio dedicado de 60 cm instalado em La Silla, chamado Trappist, os cientistas haviam descoberto três planetas. Observações subsequentes feitas com o telescópio espacial de infravermelho Spitzer, da Nasa, e com o VLT (Very Large Telescope), do ESO (Observatório Europeu do Sul), revelaram outros quatro (na verdade cinco, já que o terceiro do estudo anterior na verdade se revelou ser uma combinação do sinal de dois planetas até então não identificados).Uma grande combinação de fatores torna a descoberta uma das mais importantes da história da pesquisa de exoplanetas até agora: a proximidade daqui, o número de planetas rochosos, a distância que cada um deles guarda de sua estrela, o tamanho diminuto do astro central e, sobretudo, a possibilidade de monitorar os chamados trânsitos planetários.Tudo isso favorece a possibilidade de que muito em breve -no mais tardar já no ano que vem- os astrônomos serão capazes de investigar as condições que realmente predominam nesses mundos e descobrir quais são habitáveis mesmo, se é que algum deles é.O Telescópio Espacial James Webb, com lançamento marcado pela Nasa para o ano que vem, terá a capacidade de detectar sinais da composição da atmosfera dos planetas de Trappist-1. E talvez até mesmo o Hubble seja capaz de dizer algo a respeito deles agora.Com isso, poderemos testar muitos de nossos modelos -e sanar muitas de nossas dúvidas- sobre a real habitabilidade de planetas de porte similar ao da Terra em torno de estrelas anãs vermelhas, astros bem menores que o nosso Sol.