O rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais, motivou a criação de vários boatos e teorias conspiratórias. Reunimos abaixo as informações falsas sobre o assunto que têm circulado com mais frequência. No calor de momentos de crise e tragédia, é comum que as pessoas compartilhem mensagens sem checá-las. Mas é importante se valer do ceticismo e pensar duas vezes antes de repassar conteúdo criado por fontes anônimas. Um passo simples e que pode evitar muita desinformação é usar o Google ou outra ferramenta de busca para pesquisar palavras-chave relacionadas ao conteúdo que você quer verificar. Veja outras dicas aqui.PRF não prendeu venezuelano e cubano envolvidos com rompimento da barragemJá desmentimos esse boato por aqui, mas ele continua a viralizar. Trata-se de um texto que afirma que um venezuelano e um cubano foram presos pela Polícia Rodoviária Federal a 68 quilômetros de Brumadinho, sob a suspeita de terem explodido a barragem da Vale. Eles seriam parte, segundo o texto, de células terroristas que se infiltraram em território nacional para sabotar o governo Bolsonaro.É tudo falso: a PRF já informou que “não registrou ocorrências envolvendo estrangeiros no estado de Minas Gerais ou quaisquer outras prisões que tenham relação com a tragédia em Brumadinho”.Michelle Bolsonaro não desabafou sobre tragédia em BrumadinhoCircula no WhatsApp e nas redes sociais um suposto desabafo da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. “Hoje li algo que alguém escreveu, dizendo que Brumadinho está colhendo o que plantou! Simplesmente porque nessa cidade Bolsonaro conseguiu 60% dos votos!”, começa o texto.No entanto, a publicação foi feita em um perfil falso da primeira-dama. Michelle não tem nenhuma página oficial no Facebook. A mensagem contém outros sinais de boato: erros de gramática e pontuação. O único elemento verdadeiro no boato é que, de fato, a maioria dos eleitores de Brumadinho (63%) votou em Jair Bolsonaro no 2º turno.A desinformação também foi checada pelo site Boatos.Org.Vídeo que mostra “momento exato do rompimento da barragem” é de 2015Após o rompimento da barragem da Vale, vários vídeos e imagens antigas foram falsamente associadas à tragédia. Um deles é a filmagem de um desmoronamento que, na verdade, ocorreu em 2015, em uma usina hidrelétrica em Sinop, no Mato Grosso.Para identificar falsas associações como essa, uma ferramenta útil é a pesquisa reversa por imagens, oferecida por buscadores como Google e TinEye. A busca permite encontrar sites onde a imagem foi publicada anteriormente, permitindo assim encontrar o conteúdo original.Este boato também foi desmentido pela Agência Lupa, Boatos.Org, E-Farsas e Aos Fatos.Filmagem de desastre em Mariana também foi erroneamente ligada a BrumadinhoOutro exemplo de vídeo tirado de contexto é a filmagem do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. Segundo o portal R7, a publicação original foi feita por Pedro Paulo Barbalho, ex-funcionário terceirizado da mineradora Samarco, em março de 2016. O vídeo tem pouco mais de seis minutos e mostra a formação de um impressionante mar de lama.A forma de encontrar o conteúdo verdadeiro é a mesma do boato anterior: por meio da busca reversa de imagens.Vídeo de “rio de lama” foi feito em Laos, na ÁsiaO vídeo de um desastre ocorrido em Laos, país no sudeste asiático, também foi falsamente associado a Brumadinho. A filmagem mostra um rio de lama que arrasta um carro e invade uma casa; mas o fato ocorreu em 2017, quando a barragem de uma hidrelétrica cedeu. É possível perceber que os gritos não são em português e não foram no Brasil.Decreto não isenta responsabilidade de empresas em rompimento de barragensA tragédia em Brumadinho voltou a chamar atenção para o decreto 8.572, de 13 de novembro de 2015, assinado pela presidente cassada Dilma Rousseff poucos dias após o desastre em Mariana. O texto do documento que circula no WhatsApp é verdadeiro, e tem trecho que diz que “considera-se também como natural o desastre decorrente do rompimento ou colapso de barragens que ocasione movimento de massa, com danos a unidades residenciais”.O que pode passar despercebido é que o decreto dispõe sobre o uso do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS). A lei estabelece que o trabalhador pode sacar do FGTS em caso de desastres naturais; o que o decreto fez foi incluir rompimento de barragens nesta categoria.A medida foi criticada à época, por criar uma brecha que poderia ser usada pela mineradora Samarco. Atualmente, no entanto, o texto do decreto circula sem contexto, o que pode gerar desinformação.Os sites Boatos.Org e E-Farsas já haviam checado essa informação em 2015.Conta do Banco do Brasil com Prefeitura de Brumadinho é verdadeiraOutra informação que circulou é a de que a conta criada pelo Banco do Brasil para receber dinheiro e ajudar as vítimas seria falsa. No entanto, o banco estatal de fato abriu uma conta em parceria com a Prefeitura de Brumadinho. A informação está no próprio Twitter oficial do BB. Os dados são: agência 1669-1; conta 200-3; CNPJ 18.363.929/0001-40.No entanto, também houve indícios de que contas falsas foram criadas para lucrar em cima de uma suposta ajuda às vítimas. Por isso é importante se certificar da veracidade das informações referentes à conta — antes de finalizar uma transferência, por exemplo, é possível verificar os dados do beneficiário. A própria Polícia Militar alertou para esse tipo de cuidado.Segundo a PM, as doações em forma de mantimentos, não em dinheiro, seriam desnecessárias no momento — é preferível a ajuda financeira. Os alimentos em excesso podem causar perdas.