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Benefício de R$ 300, em Goiânia, tem baixa procura

Wildes Barbosa/O Popular
Viúva há um mês, com três filhas entre 2 e 7 anos, Amanda Thaine depende de doações para sobreviver

Lançado há 20 dias, o programa Renda Família +Mulher não tem tido a adesão esperada pela Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres (SMPM) de Goiânia.

Das 12 mil vagas ofertadas, apenas 58,5% foram preenchidas, e nem todas que se cadastraram serão atendidas porque ainda é necessário que os documentos apresentados sejam analisados e que exigências sejam atendidas, como ter os filhos matriculados e estudando.

Até sexta-feira (22), 7.021 haviam feito o cadastro, que é virtual. Caso sejam aprovadas, essas mulheres poderão receber R$ 300 por até seis meses. O valor poderá ser gasto na capital, por meio de um cartão.

Titular da pasta, Tatiana Lemos afirma que elabora estratégia para atender mais mulheres. “Sabemos que as que mais precisam são as que estão enfrentando mais dificuldade para concluir o cadastro e vamos dar um jeito de chegar até elas.”

Entre as dificuldades, as mulheres ouvidas pela reportagem relatam desde falta de habilidade no uso da internet, falta de acesso à internet, dificuldade na identificação de documentos exigidos e medo da burocracia. Em outros casos, mulheres que vivem em situação de extrema pobreza não têm, sequer, um endereço para informar no pedido por morarem em áreas de invasão, por exemplo.

Layuri Sousa de Oliveira, de 25 anos, ainda não conseguiu se cadastrar. Ela mora temporariamente em uma área de invasão na região Sudoeste de Goiânia e diz que, por não ter endereço, não conseguiu finalizar o processo. “Quando eu ouvi falar disso, fui atrás, mas não consegui por falta de endereço. Também é preciso o tal CADÚnico, que nem sei como fazer. Pra mim, ter esse benefício seria fundamental para dar uma desafogada”, diz.

Ela lamenta a situação atual, agravada pela morte do ex-companheiro. “Eu morava em outro local, mas tive que vir pra cá por conta das crianças. Tem uma tia que mora aqui e ela está me ajudando, sem contar nos vizinhos. Todos estão passando necessidade, mas, na medida do possível, um ajuda o outro.” Ela tem dois filhos, de 6 e 4 anos. Para ser atendida, ela também precisará apresentar os documentos dos filhos, incluindo cartão de vacina e matrícula escolar.

Layuri diz que vai tentar fazer o cadastro novamente. “Eu pensei em dar o endereço do meu pai ou outra forma. Mas me disseram que posso ir à secretaria para explicar minha situação.” A SMPM informou que ter um endereço é importante porque o cartão do benefício será encaminhado para a casa da mulher atendida, mas que, nesses casos, a interessada pode ir à sede da secretaria para tentar alternativa de atendimento.

 

Viúva precisou de ajuda para cadastro 

Aos 24 anos e mãe de três filhos, Amanda Thaine Carvalho da Silva Nunes ficou viúva. O marido, de 32 anos, morreu há pouco mais de um mês por conta de um câncer. Sozinha, ela relata dificuldades que tem passado e que conta com doações para se manter, já que não trabalha fora por não ter quem cuide das crianças.

Ela conseguiu fazer o cadastro no programa municipal e aguarda a análise. “Eu espero que dê certo porque essa quantia será importante para pagar alguma conta ou comprar alguma coisa para casa.”

Ela conta que o marido trabalhou certo tempo de carteira assinada, mas que o desemprego depois da pandemia fez com que o esposo passasse a vender itens nos sinais de trânsito da capital. “Passamos muita dificuldade e não tinha outra opção. Agora que meu marido faleceu, uma mulher que vem sempre me trazer doação falou do benefício e uma vizinha me ajudou com o cadastro. Estou aguardando para ver se será liberado e, se for, vai ser muito bom.”

Amanda mora em um barraco construído com material descartado e lona. Ela espera poder conseguir levantar uma casa para morar com as filhas, de 7, 5 e 2 anos. Todas estão matriculadas e com o cartão de vacina em dia. 

Para Vanessa da Silva Ferreira, de 22 anos, o benefício também vai ajudar no sustento dos dois filhos, de 4 e 2 anos, além de organizar as coisas para a chegada do bebê que espera há cinco meses. Ela também mora atualmente em uma barraca de lona e tem tentado construir uma casa para morar antes da chegada do terceiro filho. “Tenho vivido com doações.”

O programa Renda Família + Mulher será pago a mulheres que perderam seus empregos ou renda, mas as que trabalham informalmente e que estão em situação vulnerável também podem requerer o benefício. As que não têm ajuda do pai dos filhos e sejam integralmente responsáveis pelos cuidados dos filhos também podem recorrer à secretaria para receber a ajuda.

O Cadastro Único, também chamado de CAD Único, que é obrigatório, é um conjunto de informações sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza e extrema pobreza. Essas informações são utilizadas pelo Governo Federal, estados e municípios para implementação de políticas públicas capazes de promover a melhoria da vida dessas famílias.

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