ELDER DIASO comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militares de Goiás (CBMGO), coronel Washington Vaz Júnior, foi o entrevistado do podcast Vem Pra Cá, que foi ao ar excepcionalmente nesta segunda-feira (13), com a jornalista Cileide Alves. Ele também é o presidente do Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom), entidade que este ano aprovou novas diretrizes para atuar em desastres como o que ocorre no Rio Grande do Sul. “Parece que estávamos prevendo o que aconteceria”, disse.A pedido do colega Cel. Eduardo Estevam, comandante-geral dos bombeiros do RS, Washington gerencia, por meio da Ligabom, a distribuição dos mais de 600 homens de todo o País que estão atuando no resgate e salvamento de vidas no Estado. De Goiás, ele recebe as demandas do comando local e trabalha na logística das diversas equipes.“Encontramos um cenário de catástrofe que é muito mais grave que aquilo que aparece nas telas.” Washington repassa o relato da intensidade do que houve. “Nossos homens contam que houve pessoas que não tiveram a mínima chance de se salvar – claro, assim como os animais. Em certos lugares, a velocidade da água foi tanta que em menos de duas horas a água que estava no pé chegou ao pescoço”, relatou.Sobre prazos de operação, o comandante do CBMGO previu que os homens da corporação estarão ainda em ações de salvamento por um bom tempo no Rio Grande do Sul.“Estamos diante do maior desastre e com maior tempo de permanência da história brasileira. Em outras ocasiões, como em Recife (2022) ou Teresópolis (2011), houve chuva intensa por três ou quatro dias e as equipes ficaram ali por mais igual período assim, operando o desastre, fazendo resgates e salvamentos. Além do prazo maior, depois virá a fase de avaliação e reconstrução, para então voltar certa normalidade”, explicou. “Desta vez, podemos ter pelo menos mais 30 dias pela frente ainda buscando salvar vidas.”Ao programa, Washington Vaz Júnior disse também que os bombeiros goianos seguirão na missão gaúcha até o último dia. “Seremos o último Estado a sair do Rio Grande. Vamos ficar com eles até a última hora”, afirma.No entanto, o comandante explicou que o protocolo internacional para trabalhos em situações de catástrofe tem um tempo limite para cada militar estar em campo, para manutenção da saúde física e psicológica diante do que vivem. “É necessário um prazo máximo de cerca de uma semana, para então ter um rodízio, mesmo entendendo o que está na alma do bombeiro, que é querer continuar.”Nesse sentido, 21 operacionais goianos voltaram do Sul e, no sentido contrário, decolou um helicóptero dos Bombeiros de Goiás com sete homens, o qual deve começar a operar nesta terça-feira (14). Washington Vaz Júnior destaca que a criação do Comando de Operações Especiais (COE), em abril, e consequente surgimento do Batalhão de Operações, Proteção Ambiental e Resposta a Desastres (Bopar), fizeram a resposta dos bombeiros goianos a desastres do tipo ficar muito mais ágil.Ao todo, até o início desta semana a unidade de Goiás havia resgatado 230 pessoas em suas operações. Um resgate foi especial. “Havia uma pessoa cadeirante no terceiro piso do prédio e ninguém havia conseguido resgatá-la. Com a técnica de rapel, nós conseguimos fazer a clipagem da cadeira e a descemos”, conta o comandante.