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BRs em Goiás tem média de 6 acidentes por dia

Wildes Barbosa
Pedestres fazem a travessia de trecho urbano da BR-153 entre Goiânia e Aparecida: intenso movimento leva a maior número de acidentes

Uma média de seis acidentes por dia é registrada pela superintendência da Polícia Rodoviária Federal em Goiás (PRF-GO) nas nove rodovias que estão sob sua responsabilidade. Entre 2022 e até o último dia 17 foram 5.219 registros. O trecho goiano da BR-153, entre Itumbiara e a divisa com o Tocantins, é responsável por 39,2% dos casos neste período, com 2.049 acidentes. Apenas neste ano, em 141 dias, foram 849 ocorrências em todas as rodovias federais em solo goiano, e a BR-153 é novamente a mais perigosa, com 313 registros (36,8%). Segundo a PRF-GO, essa rodovia tem como principal problema o trecho urbano de Goiânia e Aparecida de Goiânia e ainda entre Anápolis e Interlândia.

O chefe de comunicação da PRF-GO, inspetor Newton Morais, explica que nos últimos quatro anos, em 2020 e 2021 o movimento nas rodovias federais foi bem abaixo da média em razão da pandemia de Covid-19, mas que desde 2022 houve a retomada. “Antes tínhamos o eixo de Anápolis até Gurupi, no Tocantins, como o mais perigoso, mas agora é o trecho urbano de Goiânia a Aparecida. A gente tem de ver que, na prática, é a maior avenida da capital. Todas as grandes atividades, grandes eventos, comércios, são no eixo do trecho urbano da BR-153. É o Estádio Serra Dourada, Goiânia Arena, (Centro Cultural) Oscar Niemeyer, Paço Municipal. Tudo é lá”, diz.

O inspetor considera ainda que o crescimento urbano vertiginoso no entorno da BR-153 é perigoso com o grande número de pedestres. “Nos últimos anos, a quantidade de passarelas dobraram, mas mesmo assim as pessoas não usam, continuam tentando atravessar entre os carros, como fosse uma avenida mesmo”, afirma. Ele conta que, apenas em maio, a PRF-GO já registrou sete mortes nas rodovias federais sob sua jurisdição e três delas ocorreram entre Anápolis e Goiânia, todas envolvendo motociclistas. Neste ano, foram 22 óbitos na BR-153 em Goiás, sendo o trecho com maior incidência.

Em todas as rodovias, a quantidade de mortos neste ano foi de 64, ou seja, a BR-153 foi palco de 34,3%. Se levar em conta desde 2022, os registros de falecimentos decorrentes de acidentes nas rodovias federais em Goiás somam 465, sendo 182 apenas na BR-153, ou seja, 39,1% do total dos casos. “É um movimento muito intenso, com uso alto, se o Anel Viário não for construído o problema vai só aumentar. Não temos mais o que fazer nesse trecho”, alega o inspetor.

O Anel Viário é uma obra de contorno do trecho urbano de Goiânia, cujo objetivo é desviar o fluxo de veículos pesados e daqueles que estão em viagem, sem interesse em passar pelas cidades, reduzindo o tráfego no trecho hoje da rodovia. A obra estava entre as responsabilidades da concessão rodoviária do local, mas não foi executada sob o argumento de que o governo federal não liberou o empréstimo que estaria garantido, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para viabilizar o investimento. Isso ocorreu nos primeiros anos da concessão, entre 2013 e 2015, em decorrência das investigações realizadas na Operação Lava Jato.

A não realização das obras é um dos motivos para que a Triunfo Concebra, concessionária do trecho, ter sido cobrada por parlamentares e entidades empresariais de Goiás. Ao mesmo tempo, a empresa entrou com pedido de devolução da concessão, pela inviabilidade dos investimentos necessários. A concessão atualmente opera por uma decisão judicial que obrigou a manutenção do contrato depois que o aditivo, realizado no processo de relicitação e devolução, ter vencido sem que houvesse nova licitação, como o prometido. O governo federal mantém o interesse de uma nova concessão para o trecho em questão.

Aumento de 6%

Sobre a quantidade de acidentes na BR-153, a Triunfo Concebra informa que no trecho sob sua concessão, em 2023, foram registrados 1.137 acidentes, um aumento de 6% em relação ao ano anterior. “Esse crescimento é atribuído principalmente à imprudência no trânsito, como o excesso de velocidade, distrações com o uso de celular, direção sob efeito de álcool e falta de manutenção veicular.” Na BR-060, entre Goiânia e Santo Antônio do Descoberto, foram 803 ocorrências em 2023. A concessionária reforça que possui equipes de atendimento disponíveis 24 horas por dia, todos os dias do ano, com serviços gratuitos de socorro emergencial mecânico, atendimento médico de emergência, entre outros.

A empresa garante que todas as ocorrências são gerenciadas pelo Centro de Controle de Operações (CCO). “Além disso, as equipes realizam regularmente ações de segurança viária, com um total de 1.580 ações em 2023. No que diz respeito à pavimentação, equipes da concessionária trabalham com a finalidade de manter a rodovia em condições mínimas de segurança e conforto. Outros serviços também têm impacto direto na segurança viária, como conservação da sinalização vertical e horizontal. Ainda em 2023, a concessionária entregou cinco passarelas de pedestres ao longo do trecho, sendo duas na BR-060/GO.”

Concessionária do trecho entre Anápolis e o estado do Tocantins, a Ecovias do Araguaia informou que o assunto dos acidentes deve ser tratado pela PRF-GO. Sobre ações realizadas para coibir os acidentes, a empresa ressaltou que “cabe, também, à PRF, estando sob responsabilidade da concessionária os aspectos relacionados à operação e atendimento ao usuário”. De acordo com o inspetor Newton Morais, as concessionárias tem ajudado na redução dos acidentes em Goiás. “No trecho entre Anápolis e Porangatu melhorou a sinalização, o atendimento. Na BR-050, na 060 também”, confirma.

Morais conta ainda que as nove rodovias cuidadas pela PRF-GO chegaram a ter uma média de 400 mortes por ano e agora se tem cerca da metade disso, mesmo com o aumento do número de veículos em movimento nos trechos e também de infrações. “Com melhores rodovias, sinalização e atendimento, a PRF pode atuar com foco mais nos crimes, como tem ocorrido. Melhora também na fiscalização eletrônica. Na BR-153, são 70 radares fixos entre Anápolis e o Tocantins, mas mesmo assim a gente vê um aumento na velocidade.”

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